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FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO
- Publicada em 24 de Janeiro de 2014 às 00:00“Se o Brasil não der asilo a Snowden, estenderemos o convite ao Mercosul”, diz Miranda
FOTOS CAROLINA HICKMANN/ESPECIAL/JC
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Com público usando máscaras com o rosto de Edward Snowden e se abanando muito devido ao forte calor, o debate “Soberania digital e vigilância na era da internet” movimentou na tarde desta sexta-feira (24) a Casa de Cultura Mário Quintana (CCMQ), em Porto Alegre. O evento fez parte do primeiro dia do Conexões Globais e teve a presença de especialistas no assunto, como David Miranda, companheiro do jornalista americano Glenn Greenwald e coordenador do projeto que prevê asilo ao ex-funcionário da CIA e da Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA, na sigla em inglês), Edward Snowden.
Estiveram na discussão, além de Miranda, Sérgio Amadeu, integrante do Comitê Gestor da Internet no Brasil; Antônio Martins, jornalista e ativista; e Demi Getschko, via webconferência, diretor-presidente do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O teatro Bruno Kiefer, no sexto andar da Casa de Cultura, ficou lotado de blogueiros, ativistas e defensores da democratização da internet para ouvir as ideias dos convidados. Mediado pelo secretário de comunicação do governo do Estado, João Ferrer, o debate discutiu as denúncias feitas por Edward Snowden sobre a espionagem de governos e corporações em cima do usuário comum da rede.
De maneira tímida, o grande convidado do diálogo, David Miranda defendeu que o País deve conceder asilo a Edward Snowden para que a população consiga entender a gravidade dos documentos por ele obtidos. “Ele (Snowden) não pode estar aqui nesse debate para explicar o que esses documentos representam e o que nós devemos fazer para nos proteger. Por isso é que o Brasil precisa ceder asilo a Snowden”, sustentou.
Outra questão abordada por Miranda é a possível rejeição da petição que ele criou para trazer Snowden ao País, por parte do Congresso Nacional e da presidente Dilma Rousseff. “Se o governo não aceitar a petição quando entregarmos a eles, nós provavelmente vamos estender o convite do asilo aos países do Mercosul e da Unasul”.
O professor Sérgio Amadeu arrancou aplausos dos presentes após defender a criptografia em mensagens eletrônicas. “Se você usar criptografia, você vai dar prejuízo à NSA, pois eles gastam pouquíssimo para espionar quem usa a rede comum e gastam muito para inspecionar as mensagens criptografadas”, explicou.
Considerado o “pai” da internet no Brasil, Demi Getschko concorda com a criptografia nas mensagens eletrônicas e alertou os presentes sobre o perigo do compartilhamento de informações. “Todos os documentos que hoje são fechadosnão podem ser simplesmente colocados na rede. É necessário cuidado”, salienta.
Criador do Le Monde Diplomatique Brasil, Antônio Martins desviou um pouco do assunto proposto para provocar os presentes ao indagar sobre o desejo de muitos da derrubada do capitalismo. Martins foi firme ao perguntar o que faria o povo ao tirar as “grandes corporações” do comando. “Somos contra o capital, mas que sociedade vamos construir para liderar? Quem controlaria essa possível democratização da internet?”, questiona.
A integrante do coletivo Juntos, Nathália Bittencurt, assistiu à palestra atenta. Ela acredita que o Brasil pode dar asilo ao ex-agente da NSA. “Se todos os grupos apoiarem, nós podemos conceder moradia sim, ao Snowden”, defendeu.
Entre a euforia do público que, com os olhos e máscaras se mostravam desejosos de ver o ex-funcionário da CIA e da NSA no Brasil, Sérgio Amadeu destacou um caso. “Cedendo asilo ao Snowden a gente precisa saber qual partido é a favor dele aqui no País. Quem iria trazê-lo? Como? Por onde? Vocês lembram o que aconteceu com o avião do Morales, né?”, lembrou, ao falar sobre o avião do presidente boliviano Evo Morales, que foi impedido de utilizar o espaço aéreo de alguns países europeus, sob suspeita de transportar o ex-agente americano.
O diálogo “Soberania digital e vigilância na era da internet” foi o segundo da tarde. Mais cedo, o painel “Cultura de rede, colaborativa e digital” abriu os debates do Conexões Globais. O evento acontece hoje e sábado, na Casa de Cultura Mário Quintana. A entrada é franca.
