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FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO

- Publicada em 24 de Janeiro de 2014 às 00:00

Sindicalistas foram maioria na marcha


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
A Marcha de Abertura do Fórum Social Temático (FST) reuniu milhares de pessoas em Porto Alegre, na quinta-feira. A abertura do evento – que se encerra no domingo – foi diferente das primeiras edições, quando bandeiras empunhadas por jovens de inúmeros movimentos sociais coloriam as ruas centrais da Capital. O público que compareceu à caminhada deste ano era composto, majoritariamente, por trabalhadores e diretores de centrais sindicais. Identificados por camisetas, eles formavam grandes blocos e entoavam, principalmente, palavras de ordem com os nomes das centrais.
A Marcha de Abertura do Fórum Social Temático (FST) reuniu milhares de pessoas em Porto Alegre, na quinta-feira. A abertura do evento – que se encerra no domingo – foi diferente das primeiras edições, quando bandeiras empunhadas por jovens de inúmeros movimentos sociais coloriam as ruas centrais da Capital. O público que compareceu à caminhada deste ano era composto, majoritariamente, por trabalhadores e diretores de centrais sindicais. Identificados por camisetas, eles formavam grandes blocos e entoavam, principalmente, palavras de ordem com os nomes das centrais.
Apesar da empolgação de alguns dirigentes que subiram no carro de som para afirmar que “a América Latina unida não se rende ao capital”, os manifestantes pareciam mais contidos e dispostos a procurar refúgio do sol, já que o calor durante toda a caminhada foi de mais de 39º. Para alguns, o desânimo da marcha era o tom do próprio FST, que tem sido criticado pela institucionalização e burocratização. O uruguaio Daniel Ferrla, integrante do Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Uruguaio, já compareceu a quatro edições do evento e afirma ter achado o encontro “mais fraco”. “Está pequeno, tem menos pessoas nas ruas”, afirmou.
Mas, para diversos movimentos sociais, o FST continua sendo um local de reivindicação. Sueli Alves, da Associação das Trabalhadoras Domésticas do Rio Grande do Sul, disse que o espaço é um dos locais de visibilidade do movimento. “Para que possamos ser vistos, como qualquer trabalhador. Temos direitos, mas não todos como os outros trabalhadores”, afirmou. Célio Golin, do movimento LGBT Nuantes, disse que “todo o espaço de mobilização social é importante”. “Nós estamos pautando a visibilidade quanto às demandas sociais e políticas. Temos que ampliar as parcerias e fazer com que os outros movimentos sociais se sensibilizem para as nossas pautas”, afirmou. Paulo Becker, do Movimento dos Trabalhadores Desempregados, participou para discutir “a periferia”. “Precisamos de menos violência contra a mulher da periferia, ver que a questão das drogas não pode ser tratada pela polícia e também temos muitos desempregados que não têm garantia de alimentação”.
O ex-governador Olívio Dutra (PT), um dos entusiastas do FST, disse que as críticas são importantes para o próprio Fórum, mas que é necessário não abandonar a participação no espaço. “O processo de institucionalização acontece porque o Fórum não tem recursos e direção e fica dependendo do governo. Acho que o movimento que questiona e se posiciona contrário a isso mantém viva participação direta e a busca por conseguir se organizar fora das instituições”, disse.

Capitalismo vigente se esgotou, diz Ladislau Dowbor

Jimmy Azevedo
Com o título de “Crise Capitalista, não vamos pagar essa conta”, o Fórum Social Temático de 2014, que ocorre até domingo em Porto Alegre, realizou a primeira Mesa de Convergência na quinta-feira. O debate fez um apanhado da crise financeira que atingiu vários países nos últimos seis anos. Ao esgotamento do modelo capitalista adotado em particular com o neoliberalismo, a partir da década de 1980, estão associados os graves problemas ambientais e uma crise social responsável por miséria e concentração de renda.
Professor da Faculdade de Economia da PUC-SP, o economista Ladislaw Dowbor acredita que o sistema capitalista vigente se esgotou, e fez referência à crise social enfrentada por países desenvolvidos da Europa. Como exemplo da desigualdade, explicou que o PIB (Produto Interno Bruto) mundial é de U$ 70 trilhões. Dowbor disse que este valor - dividindo a população em famílias de quatro pessoas - corresponde a uma renda mensal de R$ 6 mil. “Isso significa que dá para todo mundo viver bem.”
Na análise de Dowbor, a crise do capitalismo está dividida em três eixos: ambiental, social e financeiro. Apontou o esgotamento de recursos naturais, a contaminação da água e o aquecimento global como fatores desencadeadores da crise no setor ambiental. Como desafio à crise social, acabar com a fome é o caminho. Explicou que 850 milhões de pessoas passam fome no planeta, enquanto, só de grãos, no mundo, há produção de mais de 1 kg por pessoa, por dia.
Sobre o eixo financeiro da crise, o professor comparou o PIB mundial de U$ 70 trilhões com o faturamento dos bancos internacionais. Eles emitem papéis derivativos, “nem moeda são”, que rendem – a si próprios – U$ 670 trilhões, por “alavancagem” (sobre um dinheiro que não existe). Segundo Dowbor, de 2009 para cá, o 1% mais rico nos Estados Unidos se apropriou de 90% do crescimento nesses últimos anos. “Quando o sistema financeiro chupa dinheiro dos Estados para cobrir os seus buracos, ele está reduzindo as políticas sociais – portanto, gerando mais problemas à sociedade – reduzindo o financiamento das políticas ambientais, aprofundando também a situação (negativa) ambiental”.
Para o secretário de Relações Internacionais da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, é preciso fazer uma análise que remete há pelo menos cinco anos, quando inúmeros países socorreram o sistema financeiro mundial, que estava em crise. De lá para cá, a situação se inverteu, e os bancos ficam mais ricos, sem ajudar os Estados. “Aqueles que causaram a crise, por incrível que pareça, não ficaram mais pobres”, disse João Felício. 

Conexões Globais começa sexta-feira

O Conexões Globais, um dos eventos mais aguardados da agenda do Fórum Social Temático (FST), ocorre na sexta-feira e no sábado, na Casa de Cultura Mario Quintana, em Porto Alegre. O evento, que está em sua terceira edição, tem como proposta a discussão da participação em rede.
Entre os eventos que devem ser debatidos está a democracia 2.0, a cultura digital e a mobilização social na era da internet. A programação inclui palestras presenciais e webconferências com a participação de comunicadores, ativistas sociais, gestores públicos e artistas.
A agenda também prevê a realização de oficinas de capacitação para ativistas sociais sobre o uso de tecnologias e atividades culturais diurnas e noturnas. Como uma das propostas é a participação colaborativa, as atividades serão transmitidas ao vivo pela internet e haverá espaço para a participação de internautas.

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