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Histórias do Comércio e dos Serviços

- Publicada em 28 de Outubro de 2013 às 00:00

Casa Augusto, aberta desde 1872


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
Quem passa pela rua Vigário José Inácio, no Centro de Porto Alegre, às vezes pode até passar batido pelo prédio amarelo que, por estar exatamente ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, fica levemente escondido na sombra da edificação religiosa rente à via. Um pedestre mais atento, porém, poderá notar a curiosa inscrição “desde 1872” na placa da fachada do prédio. É ali que está localizada a loja de couros e plásticos domésticos Casa Augusto, um dos estabelecimentos mais longevos de Porto Alegre, há quase inacreditáveis 141 anos atendendo na região central da Capital.
Quem passa pela rua Vigário José Inácio, no Centro de Porto Alegre, às vezes pode até passar batido pelo prédio amarelo que, por estar exatamente ao lado da Igreja Nossa Senhora do Rosário, fica levemente escondido na sombra da edificação religiosa rente à via. Um pedestre mais atento, porém, poderá notar a curiosa inscrição “desde 1872” na placa da fachada do prédio. É ali que está localizada a loja de couros e plásticos domésticos Casa Augusto, um dos estabelecimentos mais longevos de Porto Alegre, há quase inacreditáveis 141 anos atendendo na região central da Capital.
O atual proprietário, Augusto Eurico Hecktheuer, de 85 anos de idade, herdou a loja de seu pai na década de 1970. A história do estabelecimento, porém, vem desde o registro na Junta Comercial pelo seu avô, um imigrante alemão que desembarcou em Porto Alegre um século antes com um atestado de sapateiro emitido pelo sindicato de sua terra natal. “Aqui no Brasil, nem se sabia o que era sindicato ainda”, afirma o comerciante, que conta ter convivido pouco com o pioneiro.
Desde o início, o comércio concentrou-se na venda de couro, principalmente para indústrias. No auge, a Casa Augusto chegou a ter cerca de 20 funcionários responsáveis pelo gerenciamento de peças importadas do produto que abasteciam empresas de calçados do Vale do Sinos. Mas, por uma série de motivos, como o aumento do preço do couro, o foco foi alterado para a venda direta ao consumidor final há alguns anos – “nem faço mais as contas”, brinca Hecktheuer, que diz ter acertado na decisão.
Com essa mudança, a loja, que ainda mantém o ambiente típico de armazém de décadas passadas, passou a preencher o seu espaço também com tecidos, plásticos domésticos, como cortinas e toalhas, e, mais recentemente, tapetes. “De momento, o couro é só histórico, praticamente só no nome da loja”, afirma o comerciante. Os principais carros-chefe, porém, são os produtos para conservação de couro, utilizados em calçados e casacos, por exemplo. “Antigamente, só tinha graxa para sapato, hoje existe coisa muito melhor”, constata Hecktheuer.
O prédio atual é próprio e o comerciante conta datar da década de 1920. O processo de obtenção da escritura na época, aliás, rendeu a assinatura de um documento no qual o proprietário se comprometia a construir um muro isolando o espaço da área da igreja vizinha, caso o local viesse a se transformar em casa de tolerância.
Embora isso nunca tenha acontecido, tampouco cogitado, Hecktheuer revela que há cerca de cinco anos o prédio acabou sendo cercado com grades, mas por razões de segurança e não morais. “Aqui, à noite, ficava um lugar muito impróprio”, afirma o comerciante que, apesar disso, considera que o Centro se tornou um espaço melhor nos últimos anos. Muito disso, segundo ele, graças à transferência dos camelôs, que antes ocupavam a rua, para o Pop Center. “Até o prefeito falou uma vez que o endereço aqui era 410-fundos”, conta Hecktheuer, referindo-se à presença dos ambulantes. “E, no fim, foi bom para eles também”, defende ele, que atribui a iniciativa a campanhas promovidas pelo Sindilojas, do qual é o atual diretor financeiro e integrante da direção há mais de 30 anos.

Sem sucessor, futuro da loja está indefinido

Mesmo com tantos anos de tradição, a Casa Augusto, hoje com quatro funcionários, ainda não tem garantido o seu futuro a médio prazo. Augusto Eurico Hecktheuer, o proprietário, não tem filhos e, portanto, não haverá uma terceira sucessão familiar. “Enquanto estou com boa saúde e a cabeça razoável, vamos tocando”, afirma.
A loja, porém, que talvez seja a única em Porto Alegre a ainda manter o hábito de fechar ao meio-dia, já tem histórico de resistir a situações adversas, como greves, protestos, golpes militares e movimentos como o da Legalidade, que obrigavam o proprietário a encerrar as atividades  mais cedo. O pior momento, lembra ele, ocorreu quando o Brasil declarou guerra à Alemanha, na II Guerra Mundial. “Foram quebradas várias lojas de descendentes de alemães, mas, apesar de tudo, nunca fomos atingidos, até porque meu pai também era metido no tiro de guerra”, brinca.
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