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ARTIGO

- Publicada em 27 de Agosto de 2013 às 00:00

Opinião Econômica - Qualidades


FOLHAPRESS/JC
Jornal do Comércio
Se os empresários do setor produtivo fossem orientar suas ações e investimentos com base em opiniões de analistas do mercado financeiro, estariam fritos. Às vezes fico me perguntando se eles seriam analistas ou terroristas.
Se os empresários do setor produtivo fossem orientar suas ações e investimentos com base em opiniões de analistas do mercado financeiro, estariam fritos. Às vezes fico me perguntando se eles seriam analistas ou terroristas.
Curioso é que, por mais pessimismo que exalem, com poucas exceções, não conseguiram prever a megacrise que começou dentro do próprio mercado financeiro norte-americano no fim da década passada e que até agora contamina a economia global.
Dias atrás, o Banco do Brasil divulgou seu balanço e apresentou um lucro recorde de R$ 10 bilhões no primeiro semestre. Além disso, a instituição mostrou uma redução de seu índice de inadimplência de 2% para 1,87%.
Todos os analistas previam o contrário, que a inadimplência aumentaria porque o banco estaria adotando uma política arriscada de concessão de crédito - na contramão do setor financeiro privado, que está encolhido, o BB aposta em uma política anticíclica e aumenta sua participação no crédito geral do País.
Ao comentar as ressalvas dos analistas, o presidente do Banco do Brasil, Ademir Bendine, disse o seguinte: “Se projetássemos o banco com a visão dos analistas, teríamos quebrado o banco faz muito tempo”.
O fato é que o Banco do Brasil, corretamente, opõe-se ao catastrofismo doentio vigente no setor financeiro, um comportamento que não pode ser e não é adotado no setor produtivo da economia.
Um amigo que sempre operou no setor financeiro tinha essa mentalidade muito crítica sobre o rumo da economia. Meses atrás, sem deixar o mercado financeiro, ele assumiu uma posição importante em uma empresa industrial que vai se instalar no País. Fiquei surpreso ao ver como mudou o discurso desse amigo, que passou a falar com entusiasmo das potencialidades do mercado brasileiro de consumo.
Mesmo em períodos de incerteza, como agora, o empresário precisa olhar para o futuro. Não faz sentido ficar sentado de braços cruzados esperando o clima melhorar para então decidir a direção de seus negócios. Quem não programar investimentos agora perderá as oportunidades que virão no momento de retomada firme da economia.
É assim que devem pensar os empresários e também os dirigentes das grandes instituições financeiras. Essas, numa situação de extrema solvência, não precisam conter o crédito, deixar de estimular a economia e jogar na retranca.
Dirão os analistas que a falta de confiança também advém dos empresários do setor produtivo. Na indústria, por exemplo, o índice de confiança da Fundação Getulio Vargas mostra uma queda constante desde 2011.
Isso é verdade. Ninguém pode dizer, obviamente, que as economias brasileira e mundial vivem um bom momento. Internamente, a preocupação central do momento é a disparada do câmbio, que melhora a competitividade das exportações, mas pode ter impacto inflacionário.
É evidente, porém, que na origem dessa queda de confiança está a redução geral das margens na economia. O corte drástico nos juros exorbitantes praticados no País durante décadas teve forte impacto nos ganhos dos investidores e nos resultados financeiros. Nas empresas em geral, a taxa de retorno caiu sensivelmente. Segundo o anuário “Valor 1000”, o lucro líquido das mil maiores empresas do País caiu 32,4% no ano passado, depois de já ter baixado 7,6% em 2011.
Diante desse quadro, cabe ao empresário, com planejamento e responsabilidade, estar sempre em busca de oportunidades para ampliar e melhorar a produtividade de seus negócios, sem medo de recorrer ao crédito, em suas várias modalidades. Isso porque a chance de o Brasil dar errado no futuro é muito próxima de zero.
O País é uma grande democracia, há liberdade total de pensamento e manifestações, um megamercado interno, é a sexta maior economia do mundo, está absolutamente solvente nas suas contas externas, mantém a inflação sob controle, embora um pouco alta, e fez nos últimos 20 anos um dos mais vistosos programas do mundo de distribuição de renda e redução de pobreza.
Há muitos defeitos, alguns muito graves, a corrigir no País. Mas que tal olhar um pouco mais para as qualidades?
Diretor-presidente da CSN, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro-vice-presidente da Fiesp
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