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Histórias do Comércio e dos Serviços

- Publicada em 18 de Março de 2013 às 00:00

Churrascaria Santo Antônio, uma história que une amor e negócios


MARCO QUINTANA/JC
Jornal do Comércio
A carne assada ao estilo gaúcho é uma iguaria que já conquistou o paladar de consumidores em diversas partes do mundo, com a proliferação de churrascarias em diversos países. No entanto, poucos sabem que a trajetória de sucesso do prato rio-grandense mais típico começou, há 78 anos, graças a um restaurante italiano de Porto Alegre que foi criado por uma história de amor à primeira vista.
A carne assada ao estilo gaúcho é uma iguaria que já conquistou o paladar de consumidores em diversas partes do mundo, com a proliferação de churrascarias em diversos países. No entanto, poucos sabem que a trajetória de sucesso do prato rio-grandense mais típico começou, há 78 anos, graças a um restaurante italiano de Porto Alegre que foi criado por uma história de amor à primeira vista.
Considerada como a mais antiga churrascaria do Brasil, o restaurante Santo Antônio, na rua Doutor Timóteo, foi fundado na década de 1920 pelo imigrante italiano Antônio Aita. Originário da cidade de Morano Calabro, na região da Calábria, Aita estava desempregado em Porto Alegre e pensava em ir a Santos, em São Paulo, onde queria conseguir trabalho. Ao visitar um amigo, nas proximidades da avenida Cristóvão Colombo, viu uma jovem aparecer na janela de uma casa para chamar os irmãos para o almoço. “Ele bateu o olho nela e desistiu de viajar”, comenta Eliane Aita, neta de Antônio.
A jovem em questão era a também imigrante italiana Congetta Petrillo. Os dois casaram-se, e Antônio conseguiu um emprego como motorista de bonde da Carris. No entanto, a necessidade de complementar a renda familiar levou o casal a pedir dinheiro emprestado para um amigo, a fim de comprar panelas e tentar a venda de comida caseira em viandas.
Os pratos preparados por Congetta foram um sucesso, e logo o casal buscou aumentar o negócio. Os Aita abriram um café na esquina da Cristóvão Colombo com a Benjamin Constant, em frente ao antigo cinema Orpheu. “Próximo dali havia um mercado com bebedouros para cavalos, e as carroças de cargas paravam lá, o que dava um bom número de frequentadores”, diz Eliane.
O negócio, porém, não prosperou, e logo tiveram que fechá-lo. “Meu avô, como bom italiano, era um pouco esquentado e teve desentendimentos com alguns frequentadores, que preferiam tomar cachaça a café, e minha avó achou melhor acabar com o lugar.” Congetta voltou a servir viandas, até que, em 1935, eles compram, por 100 contos de réis, o lugar onde até hoje está localizado o restaurante, na Doutor Timóteo, 465. “Essa era uma região muito industrial, e não havia refeitórios nas empresas, então os empregados precisavam de um local para fazer as refeições”, comenta Jorge Aita, irmão e sócio de Elaine.
Nesse mesmo ano, Antônio recebeu o pedido que mudaria o destino do restaurante. O imigrante foi convidado pelo então governador do Estado, Flores da Cunha, para fazer o churrasco do centenário da Revolução Farroupilha. A experiência fez com que o casal, junto com seus três filhos – Caetano, Humberto e Orlando – decidisse investir na novidade. Assim, nascia a primeira churrascaria já registrada no Brasil. “Na época, a carne assada da maneira gaúcha era um prato rústico, não muito civilizado”, explica Elaine. “Mas meu avô viu que havia potencial para que pudesse conquistar o paladar da cidade, e começou a servir cortes a la carte, uma tradição que mantemos até hoje.”

Casa mantém tradição culinária da família

Em 1946, Antônio Aita falece. Congetta já estava com a saúde debilitada, não podendo mais cozinhar. Nessa situação, Caetano Aita decidiu arregaçar as mangas e, junto com a cunhada Carmem e seus três irmãos, resolvera continuar com o restaurante. No entanto, como não havia aprendido com o pai a fazer comidas italianas, o sucessor optou por fazer um prato mais simples. Estava lançado o “Filé mignon na chapa”, que até hoje é o carro chefe da cozinha do Santo Antônio. 
A manutenção dessa tradição familiar é o que, para Jorge Aita, filho de Caetano, mantém o restaurante como um dos preferidos dos porto-alegrenses. “Nesses 78 anos houve muitas novidades, como o buffet e o espeto corrido, mas buscamos manter nossa especialidade no prato a la carte, sempre prezando a qualidade e bom atendimento.”
Com oito décadas de atividade, não são apenas as gerações da família administradora que se renovam na churrascaria. Muitos antigos clientes já trazem seus filhos e netos para a casa, comenta Elaine. “Tem uma freguesa que, quando era criança, chegou a escrever uma redação dizendo que a Santo Antônio era seu restaurante preferido. Hoje ela vem pra cá com o filho, que também gosta muito do ambiente.”
Depois do falecimento de Caetano, em 1998, seus filhos Elaine e Jorge - que começaram a trabalhar ainda crianças no local, lavando copos e servindo cafezinho – passaram a assumir integralmente a direção da casa. Hoje, já são assessorados pela quarta geração da família. “Esperamos que eles continuem a tradição, mantendo a qualidade da comida, do serviço e do estabelecimento, para que possamos chegar ao centenário”, destaca Elaine.
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