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Histórias do Comércio Gaúcho

- Publicada em 11 de Fevereiro de 2013 às 00:00

Das redes e anzóis, Japesca fisgou negócios que passam de geração em geração


JONATHAN HECKLER/JC
Jornal do Comércio
Aos 17 anos, João Lopes da Cunha não imaginava que, das pescarias de final de semana, nasceria um negócio duradouro e capaz de ser transmitido de geração em geração. O passatempo exercido de modo artesanal, na Ilha da Pintada, logo passou a ser distribuído no então Mercado Livre, nas segundas e terças-feiras. Entretanto, naqueles meados da década de 1960, as portas eram abertas às 6h da manhã, e não havia lugar marcado para os comerciantes. Por isso, era preciso deixar a habitual paciência de quem costuma descansar o anzol sob o rio na expectativa de extrair das águas o sustento da família e correr para garantir o melhor espaço possível.
Aos 17 anos, João Lopes da Cunha não imaginava que, das pescarias de final de semana, nasceria um negócio duradouro e capaz de ser transmitido de geração em geração. O passatempo exercido de modo artesanal, na Ilha da Pintada, logo passou a ser distribuído no então Mercado Livre, nas segundas e terças-feiras. Entretanto, naqueles meados da década de 1960, as portas eram abertas às 6h da manhã, e não havia lugar marcado para os comerciantes. Por isso, era preciso deixar a habitual paciência de quem costuma descansar o anzol sob o rio na expectativa de extrair das águas o sustento da família e correr para garantir o melhor espaço possível.
À época, o filho Gabriel da Cunha ainda não havia nascido, mas repassa a história como se estivesse lá - em meio ao acotovelamento de feirantes que tentavam chegar a alguma das grandes pedras em que ficavam expostos os pescados, somente até às 9h30min. “A comercialização do peixe acontecia exclusivamente no Mercado Público. As canoas e os barcos chegavam pela frente. Também não existia a situação de ser permissionário. Meu pai participou desse processo. Era um destes pescadores antigos que hoje em dia estão quase em extinção, bem como os peixes do Jacuí e do Guaíba”, sintetiza orgulhoso.
A história de Gabriel - que atualmente divide as responsabilidades administrativas da Japesca com o irmão caçula Roberto - começa pelo menos 20 anos depois, em 1980. Antes disso, o mercado ainda passaria por modificações estruturais. Surgiram as bancas, padarias, peixarias e uma sociedade encabeçada pelo patriarca da família Cunha para explorar uma das lojas internas. 
Mais tarde, o negócio foi rompido, e o velho pescador obrigado a aposentar de vez as redes para atuar de maneira mais efetiva em um mercado em plena formação naquele momento. Foi assim que se tornou um dos pioneiros a comprar peixes das comunidades pesqueiras do Estado para revender em São Paulo.
O processo durou até que a linha voltasse a correr e, na primeira fisgada, ele não desperdiçou a isca e trouxe à tona um novo empreendimento, desta vez destinado à pesca Industrial em São Lourenço em 1970, dando origem a Japesca. Como diz o ditado “Peixe caído, peixe vendido”, Cunha conseguiu readquirir o negócio junto ao antigo sócio e reergueu a banca – que passou a ter o mesmo nome da indústria.
Com a atuação mais encorpada nas três pontas da cadeia, o filho Gabriel, então com 12 anos, teve os primeiros contatos com a peixaria. Preparar sacolas, recolher caixas, limpar peixes, atender no balcão e fechar o caixa foram algumas das funções que praticou por vários anos até que assumisse o controle administrativo da empresa, justamente em um dos períodos mais difíceis do negócio. Isso porque, em 1996, o Mercado Público da Capital teve de ser fechado para reformas.
O resultado foram demissões em massa, dívidas trabalhistas e troca de local. “O mercado ficou quase um ano fechado, e as peixarias foram deslocadas para fora. O novo ponto demorou a se firmar, pois não havia o mesmo fluxo de pessoas. Tivemos de nos desfazer de uma parcela significativa de nosso patrimônio para cobrir indenizações de funcionários e passamos a depender totalmente da indústria novamente”, relembra Gabriel.
Outra vez a saída estava em outros estados. Aos poucos, a atividade foi retomada, as vendas estabilizaram e já são 300 trabalhadores divididos entre os negócios da família. E do momento turbulento, comenta Gabriel, restou um intercâmbio de produtos em alta, que acabou culminando, em 2010, na abertura da primeira filial em São Paulo. “Isso aumentou a nossa área de atuação, em razão da vinda de produtos que não são tão tradicionais aqui. Esta conexão ajudou a diversificar a nossa oferta e hoje podemos dizer que somos uma peixaria completa”, comemora.

Temakerias são a nova aposta dentro dos projetos de expansão

A aquisição de um outro ponto, também no Mercado Púbico da Capital, deu início a um novo processo de expansão da Japesca. Desta vez, comenta Gabriel da Cunha, o empreendimento veio para fechar uma brecha na atuação dentro da cadeia dos pescados - os restaurantes.
Foi assim que surgiu a ideia de migrar o foco das operações, mas sem deixar de lado a matéria-prima que acompanha a família há tanto tempo. “Decidimos apostar na onda de culinária japonesa, por meio de produtos à base de peixe cru. Tentamos oferecer algo mais simples, com menos técnica e mais preço e qualidade”, afirma Gabriel.
A meta era alterar o conceito de que a culinária oriental era uma exclusividade do público das classes A e B. “Nossa ideia era popularizar a culinária japonesa e torná-la acessível a todas as classes sociais. Isso só foi possível pelo fato de nos beneficiarmos com o poder de compra da peixaria, dos fornecedores e do nosso conhecimento de negócios para modificar o cenário que existia naquele momento”, sintetiza.
Atualmente, o negócio, que começou no mercado, se expandiu. Em 2013, o quinto empreendimento deve sair do papel, na Rua da República, tradicional ponto da Cidade Baixa. Atualmente, o faturamento dos temakis já supera a peixaria.
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