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Histórias do Comércio e dos Serviços

- Publicada em 22 de Outubro de 2012 às 00:00

Na cozinha com Knetig


KNETIG/DIVULGAÇÃO/JC
Jornal do Comércio
O jeito mais fácil e até divertido de entender como a Comercial Knetig se mantém aberta há mais de cem anos em Porto Alegre é observar um dia da operação. Abanque-se na cadeira que fica atrás de uma mesa, à direita de quem entra na porta da loja, e acompanhe o vaivém de funcionários e clientes. Era desse mesmo lugar que o fundador do estabelecimento, o alemão Leopoldo Knetig, também monitorava o atendimento, quando a loja se resumia a um balcão. Escute os pedidos, observe a relação entre compradores e vendedores.
O jeito mais fácil e até divertido de entender como a Comercial Knetig se mantém aberta há mais de cem anos em Porto Alegre é observar um dia da operação. Abanque-se na cadeira que fica atrás de uma mesa, à direita de quem entra na porta da loja, e acompanhe o vaivém de funcionários e clientes. Era desse mesmo lugar que o fundador do estabelecimento, o alemão Leopoldo Knetig, também monitorava o atendimento, quando a loja se resumia a um balcão. Escute os pedidos, observe a relação entre compradores e vendedores.
Da dona de casa, da mulher que trabalha fora ao chef ou dono de restaurante, as pessoas e suas necessidades mudaram muito, principalmente nas duas últimas décadas, e a Knetig também. De artigos de variedade reduzida e basicamente nacionais, em que predominavam itens para decoração, utensílios domésticos e brinquedos, a empresa se diversificou, provou e só ficou com o melhor dos importados asiáticos, e hoje soma 12 mil tipos diferentes de mercadorias.
“Dançamos conforme a música. Direcionamos o mix para o que o mercado está procurando. Saíram o pinguim de geladeira, o rádio a pilha estrangeiro comprado em leilões da Receita Federal e o lustre de cristais. Entrou o ultracongelador, a novidade mais recente para cozinhas comerciais”, contrasta o sócio-gerente Rogério Strube, que herdou o negócio do pai Walter, que, por sua vez, era sobrinho e virou o sucessor do fundador Leopoldo, na administração.
Leopoldo, que faleceu em 1979, chegou da Alemanha ao Estado no começo do século passado e comprou um ponto na avenida Minas Gerais, que depois virou Farrapos. Na época, o polo comercial ensaiava os primeiros passos na região. O registro oficial do atacado viria em 1947, mas, conforme Strube, o estabelecimento já fazia clientela e tinha fama na Capital e no Interior. “Muitos comerciantes vinham para comprar produtos e abastecer as cidades”, explica.
Entre os clientes, estava a Cooperativa dos Empregados da Viação Férrea, que já foi a maior da América Latina. Passadas as décadas, o sócio-gerente aponta o ramo de bares e restaurantes e hotéis como o que mais cresce. “Nossa especialidade hoje é equipar estes negócios.” A Knetig colhe o efeito da transformação de hábitos, da redução do tamanho das famílias, que agora fazem refeições fora, do aumento da renda e da nova classe de consumidores. Para garantir produto a pronta entrega, a loja ganhou mais espaços para depósito no número 3.059 da avenida Farrapos.

Strube diz que mix é direcionado ao que o mercado procura. FREDY VIEIRA/JC

Seu Monteiro, o encaixotador

Monteiro dedicou 30 anos de sua vida profissional à empresa. FREDY VIEIRA/JC
Aos 92 anos, o aposentado Ary Monteiro Guimarães parecia um guri, na semana passada, percorrendo corredores ladeados por prateleiras na loja e nos depósitos. Apesar das mudanças desde que deixou de trabalhar na Knetig, em 1976, o aposentado se sentia em casa. “Mas hoje está tudo muito diferente”, admitiu o ex-encaixotador do varejo, que por quase 30 anos foi chamado pela alcunha de “Monteiro”. É o mesmo Monteiro que recorda das bonecas, dos pinguins de geladeira e de brinquedos de madeira que cansou de empacotar.
Quanto mais frágil o artigo, mais ele tinha destreza em embalar. “Usava palha de capim. Tinha uma técnica, principalmente com copos de cristal e porcelanas”, recorda. “Hoje, nem minha profissão existe mais”, brinca o ex-funcionário, que virou atração ao pisar na loja e reencontrar seu passado, que mistura-se ao do próprio atacado.
“No meu tempo, só tinha a área da frente e os produtos estavam em grandes prateleiras. A ordem de seu Leopoldo era: produto novo tem de estar na vitrine.” O representante comercial Porfírio Fernandes da Mota, há 52 anos abastecendo a casa, interpelou o aposentado. “Quando vi o senhor, achei que o conhecia. Não lembra de mim? Sou o português das porcelanas Schmidt! O senhor cuidava bem do depósito, viu”, elogiou Mota, elevando a satisfação do visitante. “Sempre me senti muito bem aqui. Melhor impossível”, diz Monteiro. 

Vendedoras para todos os públicos

Na Knetig, os olhos da vendedora engordam o negócio e não necessariamente só os do dono. E é o próprio Rogério Strube que valida a regra. “Se o cliente ‘casar’ com a vendedora, quando voltar ela já o conhecerá e saberá do que precisa”, desvenda o sócio-gerente. No estabelecimento, são 15 funcionárias no atendimento. Só mulheres. No ramo de bazar e atacado, atendentes como Ivete Wieczorek são tão essenciais quanto a qualidade dos produtos e os preços em conta, dois atributos que explicam a longevidade do atacado e varejo.
Ivete, desde 1976 atuando na loja, reforça que o “segredo está em olhar nos olhos para saber o que o cliente procura”. Da comerciária Marceleia Marchiori, que uma vez ao mês vai ao local para atualizar algum item doméstico, ao chef-executivo do Hotel Sheraton, Mauro Souza, que renova a louça e as panelas das cozinhas do hotel na Knetig, todos têm sua própria vendedora.
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