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AGRONEGÓCIOS

- Publicada em 01 de Outubro de 2012 às 00:00

Atenção ao bem-estar do rebanho garante mercado à carne


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio

A preocupação dos consumidores com o bem-estar dos animais de produção é crescente em todo o mundo. Foi a partir dessa constatação que o zootecnista britânico Donald Broom construiu sua argumentação da importância de se observarem as técnicas de manejo na pecuária para ganhar mercados. “Marcar o gado com ferro quente, por exemplo, é algo que provoca muita dor e vários mercados já restringem a compra de animais que passam por esse procedimento. Suspender essa prática é algo barato e que aumenta o bem-estar do rebanho”, exemplificou ele.

O especialista, considerado o “papa do bem-estar animal”, foi um dos palestrantes da VII Jornada do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que se encerrou na sexta-feira na sede da Farsul, em Porto Alegre. Em sua palestra, Broom destacou que é importante entender os valores do consumidor. Ele também apontou, ainda, alguns indicadores de bem-estar e as certificações que existem em relação a esse tema.

Para o pesquisador, o Brasil é um dos países mais avançados com relação à produção de conhecimento acadêmico sobre a produção pecuária e o bem-estar animal. “Aqui os produtores têm acesso à informação científica sobre o tema. Claro que não são todos, assim como não são todos os consumidores que atualmente se preocupam com as condições de produção. Mas a tendência é que isso aumente”, disse ele.

O coordenador do Nespro, médico-veterinário Júlio Barcellos, destacou que as pesquisas apresentadas durante os dois dias do evento visam a um maior equilíbrio na produção pecuária. “Buscamos tanto o equilíbrio social e econômico quanto o ambiental. Fazer com que o setor produtivo se aproprie das informações encontradas pelos pesquisadores é ainda mais importante nesse momento em que todos almejam aumento da produtividade”, explicou.

Para Barcellos, só é possível atingir o equilíbrio na pecuária com a incorporação de boas práticas de cuidado, alimentação e manejo sanitário - o que garante, também, uma carne mais saudável para o consumidor. “A preocupação na sociedade é crescente, mas esse é um conhecimento novo. Antes, esses cuidados com o bem-estar eram dirigidos somente aos animais de companhia”, observou.

Entre as técnicas apresentadas no encontro, Barcellos destacou aquelas voltadas à intensificação da produção. Segundo ele, esse é o caminho para compensar a necessidade de mais terras para a produção agrícola (que pressionam a pecuária). Com uma maior lotação, o coordenador do Nespro destaca que é necessário ampliar o uso do conhecimento e aumentar o investimento. 

Já Broom ressaltou que, no processo de intensificação da pecuária, uma das principais tendências é a inclusão de outras folhas na alimentação ofertada aos animais, como de árvores e arbustos. “A intensificação provocará uma revolução nos próximos 10 ou 20 anos. Diversificar a oferta de alimento melhora as condições de produção e o bem-estar dos animais, aumenta a produtividade e a biodiversidade. Com isso, o sistema de criação será mais sustentável no futuro”, conclui.

Produtores de arroz da América do Sul e dos Estados Unidos migram para milho e soja

Produtores dos Estados Unidos e da América do Sul estão migrando do arroz para o milho e para a soja a fim de aproveitar a alta recente dos preços dos dois últimos, de acordo com autoridades da indústria, analistas e traders. Esse movimento deve restringir a oferta de arroz, impulsionando o preço de algumas variedades do grão. 

Os preços mais altos da soja reduziram as perspectivas de produção de arroz no Brasil. O País é um importante exportador de arroz de grão longo Indica e parboilizado para países africanos. A expectativa é de que a produção de arroz do Brasil totalize 7,8 milhões de toneladas em 2012/13, redução de 10% em relação à expectativa inicial e queda marginal ante o ano-safra anterior, por conta do interesse dos produtores em plantar soja, afirmou o economista-sênior do Conselho Internacional de Grãos (IGC) Darren Cooper. 

O Brasil deve aumentar a produção de soja em 10 milhões de toneladas no ano que vem, salientou Cooper. Nem o alto prêmio do arroz no mercado à vista brasileiro em relação aos contratos futuros de arroz negociados nos Estados Unidos deve conter a queda na área plantada, destacou o presidente da consultoria Hackett Financial Advisors, da Flórida, Shawn Hackett.  Nos Estados Unidos, a situação é semelhante. “A produção de arroz dos EUA diminuiu porque os produtores estão migrando. Os mercados de outras culturas estão sinalizando preços maiores aos produtores”, disse o agrônomo-sênior da Universidade do Iowa Elwynn Taylor. 

No patamar de preços atual, o arroz híbrido oferece retornos entre US$ 60,00 e US$ 100,00 por acre sobre os custos totais, apontou o economista agrícola Scott Stiles, da Universidade de Arkansas. Já o retorno obtido com o plantio de soja e milho está mais elevado, entre US$ 109,00 por acre e US$ 147,00 por acre, respectivamente. Taylor destacou que os preços internacionais da soja e do milho atingiram níveis recordes recentemente por conta das secas nos Estados Unidos e na América do Sul, que reduziram a oferta global dos dois grãos. Já os estoques de arroz seguem amplos devido à produção volumosa da Índia, da China e de países do Sudeste asiático.

Nos EUA, a terra cultivada com arroz de grão longo diminuiu quase 39%, para 1,74 milhão de acres no ano-safra que terminou em 31 de julho, de acordo com dados do Departamento de Agricultura do país. A área total cultivada com arroz nos EUA, incluindo também os grãos médios e curtos, não sofreu grandes alterações em 2012/13, mas, em 2013/14, deverá cair 4%, ou 119 mil acres. Segundo Stiles, isso se deve, em grande parte, ao aumento dos preços da soja.  

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