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GESTÃO

- Publicada em 05 de Setembro de 2012 às 00:00

Especialistas debatem a aplicação econômica da neurociência


FREDY VIEIRA/JC
Jornal do Comércio
Os avanços tecnológicos ampliaram as possibilidades de compreensão das neurociências. Especialistas concordam que ainda há muito campo a ser explorado. Entretanto, uma prévia do que se anuncia com a continuidade dos estudos aplicados às áreas como economia, filosofia, medicina e interações sociais pôde ser conferida por cerca de 400 pessoas, entre estudantes, acadêmicos e empresários, ao longo do dia de ontem no Teatro da Pucrs.
Os avanços tecnológicos ampliaram as possibilidades de compreensão das neurociências. Especialistas concordam que ainda há muito campo a ser explorado. Entretanto, uma prévia do que se anuncia com a continuidade dos estudos aplicados às áreas como economia, filosofia, medicina e interações sociais pôde ser conferida por cerca de 400 pessoas, entre estudantes, acadêmicos e empresários, ao longo do dia de ontem no Teatro da Pucrs.
Da mais recente crise mundial, vista sob a ótica da neuroeconomia, passando pelos embates éticos a respeito da utilização dos resultados de estudos para o desenvolvimento de programas ligados aos setores de defesa e ações de inteligência, até chegar aos benefícios e malefícios trazidos ao universo corporativo, os panelistas avançaram sobre o papel das pesquisas direcionadas às diferentes abordagens do assunto.
Em um dos debates mais aguardados, o economista e cientista social Eduardo Giannetti revelou que já existem trabalhos que comprovam a possibilidade de antecipar os pensamentos em tomadas de decisão. “Em um estudo de consumo, ao observar em tempo real a opção de escolha, é possível constatar o início de uma atividade cerebral antes da decisão. Ou seja, pela força dessas atividades monitoradas por ressonância magnética, é possível prever uma ação”, explica. 
O professor-adjunto da Unifesp Álvaro Dias enumerou as possibilidades de aplicação de técnicas em bancos, na publicidade e também no processo de recrutamento e seleção do universo corporativo. “É possível medir tendências mais importantes para a seleção de profissionais e prospectar intenções sobre o que ocorre na mente e rege entendimentos adequados de atitudes. Todavia, existem diferenças individuais que podem ser um fator crítico nesta relação”, analisa.
Segundo ele, no que se refere aos efeitos práticos da Neuroeconomia, fatores alinhados aos hormônios podem até mesmo determinar maior ou menor aversão ao risco, como em alguns dados produzidos por experiências em Neuroendocrinologia com operadores da bolsa de valores. Um artigo publicado recentemente testou os níveis de testosterona e cortisona nos profissionais e concluiu que, em dias de maior incidência do primeiro hormônio, a maior disposição ao risco faz com que as probabilidades de ganhar dinheiro cresçam. “Isso também pode explicar a quase escassez de mulheres neste ramo de atividade, um dos poucos ainda não invadidos pelo sexo feminino. Além disso, elucida o entendimento de processos que se dão fora da academia e que são de grande valor no universo corporativo”, atesta.
Entretanto, as implicações éticas e os limites da utilização das bases de dados, principalmente pelo viés do neuromarketing, merecem cuidados. É o que explicam o professor da Pucrs e da Universidade de Miami, Jaderson Costa, e o chefe do serviço de Neurologia do Hospital São Lucas, André Palmini, ao avaliarem que boa parte dos avanços em leitura da mente trazem preocupações. Por outro lado, avalia Costa, as descobertas podem ser aliadas na previsão de comportamentos frente a determinados desafios, tomadas de decisão e tratamentos de doenças mentais. “Por isso, quando avaliamos a neuroética, temos a noção de uma verdade incômoda, ou a perda da privacidade e uma imensa gama de possibilidades como o uso de informações em tribunais jurídicos ou e em campanhas de marketing, que reforçam esta preocupação”, defende.

Utilização de redes sociais amplia regiões cerebrais

No encerramento do encontro, o médico psiquiatra e professor da pós-graduação da Ufrgs Christian Killing apresentou uma série de estudos que comprovam alterações na estrutura do cérebro social e se relacionam com a disseminação das redes sociais. “Será que as redes sociais podem modificar o cérebro?”, questionou. Na opinião dele, a resposta pode ser afirmativa. “Isso está associado a diferentes características de personalidade identificadas em diversos estudos. Dentro de uma escala de primatas, o cérebro humano teria capacidade cognitiva para lidar com no máximo 150 amigos. Quando se transpõe o dado para as redes sociais não é diferente. A interação real não passa disso, mesmo para usuários com mais de mil amigos nas redes. Entretanto, há avaliações que comprovam alterações no tamanho da Amygdala, que é uma área cerebral responsável pelas interações sociais.”
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