Porto Alegre,

Publicada em 08 de Maio de 2024 às 16:59

Rio Grande projeta piora no cenário da chuva a partir desta quinta-feira

Direção do vento pode ser decisiva para ditar o ritmo da chegada das águas nas regiões do município

Direção do vento pode ser decisiva para ditar o ritmo da chegada das águas nas regiões do município

PREFEITURA DE RIO GRANDE/DIVULGAÇÃO/CIDADES
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João Dienstmann
A Universidade Federal do Rio Grande (Furg) trabalha na modelagem de cenários para a elevação do nível das águas na cidade, no sul do Estado. Naquele que é considerado o modelo mais crítico, a perspectiva é de que a água atinja até 1,65 metro acima do normal, o que representaria 40 centímetros de água a mais do que o município registrou em 1941, quando teve a maior cheia da história, afetando cerca de 12 mil pessoas naquela oportunidade. 
A Universidade Federal do Rio Grande (Furg) trabalha na modelagem de cenários para a elevação do nível das águas na cidade, no sul do Estado. Naquele que é considerado o modelo mais crítico, a perspectiva é de que a água atinja até 1,65 metro acima do normal, o que representaria 40 centímetros de água a mais do que o município registrou em 1941, quando teve a maior cheia da história, afetando cerca de 12 mil pessoas naquela oportunidade. 
O apontamento é feito por Glauber Acunha Gonçalves, professor do Centro de Ciências Computacionais da Furg. Segundo ele, a massa de água que desce pela Lagoa dos Patos leva cerca de 7 a 10 dias para atingir a cidade. Portanto, no prognóstico dele, o cenário tende a piorar na cidade a partir desta quinta-feira (9) e no fim de semana. Em medição realizada nesta quarta-feira (8), nos Molhes da Barra, onde está o estuário, o nível apresentou uma elevação de um metro em 24 horas, o que é considerado preocupante pelo pesquisador.
Para o professor, um dos fatores decisivos nos próximos dias, além do volume de água e da quantidade de chuva que pode cair, é a direção do vento. A perspectiva é de que Rio Grande sofra com o vento sul, o que funciona, junto com outros fatores, como uma espécie de resistência para a fluidez da água em direção ao Oceano Atlântico, visto que o canal na cidade é a única saída para todo o volume que vem pelo rio Jacuí, Guaíba e, depois, desemboca na Lagoa dos Patos. "Podemos ter, no pior cenário, uma 'tempestade perfeita' em Rio Grande. Chuva volumosa, vento sul e o oceano alto, sem conseguir absorver essa água, podendo jogá-la em direção à cidade", explica.
Sobre a Lagoa dos Patos, Glauber critica a falta de monitoramento em toda a extensão da laguna, o que dificulta a coleta de dados e a maior previsibilidade de cenários. "Por toda a lagoa não temos estações meteorológicas, medições confiáveis de volume, análise de corrente, dentre outras situações. Muitas vezes, estamos sujeitos à sorte nos cenários climáticos", afirma.
Ivo de Moraes Sória/Especial/Jornal Cidades
Ruas próximas aos hospitais Universitário e Santa Casa já estão alagadas (Crédito: Ivo de Moraes Sória/Especial/Cidades)
Em questões práticas para Rio Grande, o professor da Furg afirma que as áreas mais críticas são a da orla da cidade e das ilhas - estas, que já estão tomadas de água e 'não devem baixar tão cedo', conforme o especialista. Além disso, três do quatro hospitais da cidade estão com 'alta probabilidade' de estarem na cota de inundação - Hospital Universitário, Santa Casa e Hospital Monporto. "Nesses locais, é provável que tenhamos, por exemplo, a água tomando o primeiro piso", afirma Glauber. 
Sobre o Porto, o cenário desenhado pela Furg é de que algumas estruturas podem ser impactadas, como o píer, o que poderia gerar restrições na operação no local. Porém, salienta Glauber, a perspectiva é de manutenção dos serviços, mesmo no cenário mais negativo.
Nesta quarta-feira, o nível da Lagoa dos Patos estava 70 cm acima do nível normal na saída da Barra. O vento na cidade soprava em direção noroeste, com chuva. Os bairros com risco, segundo a prefeitura, são a Ilha dos Marinheiros, Ilha do Leonídio, Ilha da Torotama, Lagoa, Saco da Mangueira, Barra e todas as regiões ribeirinhas. Cerca de 280 pessoas estão fora de casa.

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