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Publicada em 18 de Abril de 2024 às 14:14

Análise aponta perfil dos óbitos por dengue no Estado em 2024

Ações visando o controle dos mosquitos transmissores se tornaram prioridade

Ações visando o controle dos mosquitos transmissores se tornaram prioridade

EID MEDITERRANEE/AFP/JC
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Agências
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) publicou nesta quinta-feira (18) uma nota informativa trazendo o perfil dos óbitos por dengue no Rio Grande do Sul. Os dados, compilados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), apontam recomendações à população e aos profissionais de saúde sobre uma maior atenção aos sintomas e ao tratamento previsto nos protocolos.
A Secretaria Estadual da Saúde (SES) publicou nesta quinta-feira (18) uma nota informativa trazendo o perfil dos óbitos por dengue no Rio Grande do Sul. Os dados, compilados pelo Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), apontam recomendações à população e aos profissionais de saúde sobre uma maior atenção aos sintomas e ao tratamento previsto nos protocolos.
Foram utilizadas na análise as notificações dos primeiros 73 óbitos pela doença no ano, número esse que já foi atualizado na quarta-feira (17) para 78. “A avaliação desses 73 óbitos, que já é inédito, o maior número de óbitos no mesmo ano que nós tivemos, já ultrapassando 2022, que foram 66, mostrou a questão da importância da idade: os nossos óbitos acontecem mais na população acima de 60 anos, como um fator biológico importante”, apontou o diretor adjunto do Cevs, Marcelo Vallandro. Entre as mortes descritas na avaliação, 73% delas ocorreram entre pessoas com 60 anos ou mais. Não há diferença significativa entre o número de mortes de homens e de mulheres.

Sintomas

Entre os efeitos da dengue mais comuns nos pacientes que vieram a óbito estão a febre (62%), dor muscular (58%), dor de cabeça (43%) e náuseas (43%). As doenças preexistentes mais relatadas foram hipertensão (56%), diabetes (18%), cardiopatia (18%) e doença pulmonar obstrutiva crônica (16%). Não houve relato de comorbidade em 16% dos casos de morte.
Já sobre os sinais de alerta, indicativos de que a dengue está evoluindo para um estágio mais crítico, os mais comuns entre os óbitos foram a plaquetopenia (diminuição do número de plaquetas no sangue) e a hipotensão postural e ou lipotimia (sensação de tontura, decaimento, desmaio), presentes em 53% e 47%. Também foram apontados no relato dor abdominal intensa (34%) e letargia ou irritabilidade (32%).

Para os casos que evoluíram para dengue grave, os sinais e sintomas mais frequentes foram pulso débil ou indetectável (49%), extremidades frias (48%), taquicardia (42%) e hipotensão arterial (42%). A dengue grave é caracterizada pelos quadros que apresentam choque ou desconforto respiratório em função do extravasamento grave de plasma, sangramento grave, ou comprometimento grave de órgãos como dano hepático importante, do sistema nervoso central (alteração da consciência), do coração (miocardite) e de outros órgãos.

Atendimento médico

A análise demonstra que os pacientes procuram em média, ao menos, duas vezes por atendimento até a internação ou suspeição de dengue. Esses pacientes demoram em média 2,6 dias após o início dos sintomas para procurar o primeiro atendimento e, após, cerca de 4,4 dias até ocorrer a hospitalização. Os óbitos acontecem em média 8,3 dias após o início dos primeiros sintomas.

Algumas situações foram identificadas como aumentadoras do risco de óbito pela dengue: o não reconhecimento dos sinais de alarme pela população e pelos profissionais de saúde, procura tardia do paciente pelo serviço de saúde, manejo clínico inadequado, procura por várias vezes aos serviços de saúde, dificuldade de acesso, hidratação inadequada ou insuficiente, ausência da classificação de risco para dengue (conforme fluxograma estabelecido pelo Ministério da Saúde), não realização de hemograma ou em número abaixo do indicado na classificação de risco, resultados de hemogramas em tempo inoportuno para auxiliar no manejo e reclassificação do paciente ou o paciente ser liberado antes do resultado dos exames.
A nota recomenda "que os gestores municipais organizem seus fluxos dentro dos serviços de saúde, capacitem todos seus profissionais da área assistencial, disponibilizem exames indiretos (como hemograma) em tempo oportuno e quantidade adequada nos serviços de saúde, e que comuniquem
a sua população, de forma clara e repetidamente, sobre o risco, sintomas, sinais de alarme, hidratação
vigorosa e demais orientações acerca da dengue".
Segundo a nota, já são mais de 68 mil casos confirmados de dengue no Rio Grande do Sul, que corresponde a cerca de 840 por 100 mil habitantes. No início de março, o governo estadual repassou R$ 13,8 milhões aos municípios para o reforço de ações de combate à dengue e outras doenças causadas pelos mosquitos do gênero Aedes. 

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