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Cultura

- Publicada em 01 de Maio de 2018 às 17:09

Vândalos apagam cabeça de Jesus Cristo de obra de arte em muro em Porto Alegre

Cabeça de Jesus Cristo foi apagada da pintura de Rafael Augustaitz no muro do Instituto Goethe

Cabeça de Jesus Cristo foi apagada da pintura de Rafael Augustaitz no muro do Instituto Goethe


CLAITON DORNELLES /JC
Cristiano Vieira
A discussão sobre censura, arte e liberdade ressurgiu com força em Porto Alegre, seis meses após a polêmica gerada pela exposição Queermuseu, mostra sobre a presença gay na arte que acabou suspensa pelo Santander Cultural. Agora o foco é o projeto Pixo/Grafite, realidades paralelas, desenvolvido pelo Instituto Goethe na Capital gaúcha.
A discussão sobre censura, arte e liberdade ressurgiu com força em Porto Alegre, seis meses após a polêmica gerada pela exposição Queermuseu, mostra sobre a presença gay na arte que acabou suspensa pelo Santander Cultural. Agora o foco é o projeto Pixo/Grafite, realidades paralelas, desenvolvido pelo Instituto Goethe na Capital gaúcha.
Uma das obras, pintada no muro em frente à instituição, na rua 24 de Outubro, 112, no bairro Moinhos de Vento, mostrava a cabeça de Jesus Cristo separada do corpo. Nesta terça-feira (1º), o trabalho foi alvo de vândalos que apagaram a cabeça e, no lugar, escreveram “ele ressuscitou”. A obra original era do grafiteiro e artista de arte de rua Rafael Augustaitz. A intervenção no muro é parte de um projeto que inclui também vídeos, gravuras e desenhos na galeria do instituto.
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Como era a pintura original do grafiteiro Rafael Augustaitz no muro em Porto Alegre
Nos últimos dias, relatos no Facebook indicavam que o Instituto Goethe já estava sendo alvo de "manifestações de ódio". O Centro Dom Bosco, com sede no Rio de Janeiro e que já tinha divulgado em sua página do Facebook um abaixo-assinado para suspender o projeto, lançou um post nesta terça, por voltas das 12h, indicando a "lista atualizada das Oito Maravilhas do Mundo" e colocando no topo a "Intervenção Artística no muro do Goethe-Institut: 'Ele Ressuscitou' (Porto Alegre/Brasil)". Um seguidor postou o comentário: "Brasil 7 x 1 Alemanha". A instituição cultural é de origem alemã.
Nessa segunda-feira (30), antes do episódio do vandalismo, o instituto divulgou nota dizendo que “em nenhum momento a intenção foi de ofender sentimentos religiosos”. O Goethe afirma ainda que “a melhor forma de lutar contra a intolerância é a educação e a promoção do diálogo. Por isso, vamos, em breve, convidar a todos para um debate público a fim de discutir a ligação entre arte e religião e os desdobramentos que se originam nessa relação”.
Para Gaudêncio Fidélis, curador da Queermuseu, exposição cancelada ano passado em Porto Alegre, os ataques de ódio direcionadas à obra de Augustaitiz representam mais uma investida do fundamentalismo que cresce no País e para o qual indivíduos com ódio da arte e contra a liberdade de expressão fazem coro.
“As consequências do que estamos presenciando são desastrosas porque alimentam o desenvolvimento de uma cultura em que as pessoas passaram a compreender imagens como se fossem manifestações concretas, e metáforas como declarações de ações reais e parte da realidade objetiva”, completa Fidélis.
Nesta terça, outra reação veio da Arquidiocese de Porto Alegre, que "repudiou a pintura num muro da capital que representa Jesus Cristo decapitado com a cabeça em uma bandeja". A Igreja diz que as reações são "resultado da falta de respeito pelo senso religioso, pelos valores cristãos e pela história desta cidade". "Se pretendemos evitar polarizações e superar a violência, precisamos garantir um diálogo respeitoso e reverente pelo outro", defende, indicando que as pessoas se sentem ultrajadas por quem prega a livre expressão. "Onde não há respeito, não há verdade; onde se agride o que é sagrado para o outro, não há bondade e, assim, a beleza é pervertida", completa a manifestação da Arquidiocese de Porto Alegre.
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