O presidente Michel Temer (PMDB) não conseguiu usar a reforma ministerial para amarrar os partidos de sua base aliada ao projeto eleitoral do PMDB. Fragilizado após a Operação Lava Jato, que atingiu amigos próximos e trouxe de volta o risco de uma terceira denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Temer preferiu manter no governo partidos que lançaram pré-candidatos ou que já anunciaram apoio a outros presidenciáveis.
Temer disputa internamente o direito de se candidatar com o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (PMDB), que disse ontem que seus 1% de intenção de voto presentes na pesquisa Datafolha divulgada ontem veio "dentro do esperado". Na avaliação de Meirelles, somente pré-candidatos que enfrentam acusações e outros problemas tendem a oscilar nas pesquisas durante a pré-campanha.
Sem o compromisso da base e sem muito a oferecer na reta final do governo, o presidente deu início, nas últimas semanas, à ofensiva para tentar atrair esses partidos para sua órbita eleitoral. O peemedebista passou a reunir presidentes dessas legendas para conversas sobre eleições e fez questão de prestigiar jantares partidários para comemorar a entrada de novos filiados.
Na terça-feira passada, Temer chamou o presidente do PRB, seu ex-ministro Marcos Pereira, para sondar a possibilidade de o partido apoiar o projeto do PMDB, seja ele próprio o candidato ou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O PRB manteve o comando do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) mesmo após lançar o empresário Flávio Rocha, dono das lojas Riachuelo, como pré-candidato à Presidência. Na conversa, que aconteceu no Palácio do Planalto e constou da agenda oficial, o dirigente do PRB afirmou que a legenda está levando a sério a candidatura de Rocha. Mas não fechou completamente as portas.
No mesmo dia da conversa com o PRB, Temer fez questão de participar de jantar promovido pelo PR para saudar os novos deputados do partido. O PR passou a ser um dos partidos mais procurados por presidenciáveis após a condenação e prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O partido anunciou que, caso o ex-presidente consiga uma liminar para ser candidato, a sigla estará junto com o petista no pleito.
Na semana anterior, Temer já tinha participado de jantar do PP na casa do presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI).
Já o PTB se dispôs a entregar o Ministério do Trabalho, mas Temer manteve o comando da pasta com a sigla.