O juiz Marcos Vinícius Reis Bastos, da 12ª Vara da Justiça Federal, em Brasília, aceitou denúncia de organização criminosa contra nove pessoas, entre elas integrantes do PMDB e dois amigos próximos do presidente Michel Temer (PMDB), o coronel João Baptista de Lima Filho e o advogado José Yunes. Os acusados passam agora à condição de réus e responderão a uma ação penal.
A denúncia, referente ao chamado "quadrilhão do PMDB", foi apresentada originalmente em setembro de 2017 pelo então procurador-geral da República Rodrigo Janot ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Temer e alguns de seus aliados, como os ex-presidentes da Câmara Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, além do ex-ministro Geddel Vieira Lima e do ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, todos do PMDB.
Ele apontou a existência de uma organização que desviava recursos de vários órgãos públicos para integrantes do partido. Os acusados negam envolvimento em atos ilícitos.
Depois que a Câmara dos Deputados barrou o prosseguimento da ação contra Temer, o caso foi remetido à Justiça Federal no Distrito Federal para que os envolvidos sem prerrogativa de foro sejam processados.
No dia 21 de março, a Procuradoria da República no Distrito Federal ratificou a denúncia original e fez um aditamento, acrescentando cinco novos acusados ao caso, entre eles Yunes e Lima Filho. Também são acusados os corretores Lúcio Funaro, Altair Alves Pinto e Sidney Szabo, apontados como auxiliares de Cunha no esquema investigado. O magistrado aceitou a denúncia integralmente contra todos os denunciados.
A acusação dos procuradores leva em conta o fato de Yunes ter admitido que recebeu um pacote da Odebrecht, a pedido do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil, PMDB). Segundo as investigações, tratava-se de doação ilegal de campanha acertada com Temer e aliados em 2014, no Palácio do Jaburu.
A acusação ao coronel se baseia nas delações de Joesley Batista e Ricardo Saud, da JBS. Segundo as colaborações, a pedido de Temer, a empresa entregou R$ 1 milhão ao coronel Lima. Os recursos seriam para uso em campanha, mas o presidente teria ficado com o dinheiro para proveito pessoal.
A delação da JBS também levantou a suspeita de que a Rodrimar, empresa que atua no porto de Santos, foi beneficiada por Temer com a edição de um decreto. Essa investigação corre perante a Suprema Corte.