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Operação Lava Jato

- Publicada em 08 de Abril de 2018 às 22:58

Polícia Militar bloqueia entorno da Polícia Federal em Curitiba

Apoiadores do petista batizaram acampamento como 'Lula Livre'

Apoiadores do petista batizaram acampamento como 'Lula Livre'


/RICARDO STUCKERT/INSTITUTO LULA/DIVULGAÇÃO/JC
A Polícia Militar isolou ontem a área da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preso desde a noite de sábado. Há um perímetro de 100 metros de distância do portão do prédio da PF.
A Polícia Militar isolou ontem a área da Superintendência da Polícia Federal (PF) em Curitiba, onde o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está preso desde a noite de sábado. Há um perímetro de 100 metros de distância do portão do prédio da PF.
A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e o Exército monitoram com outras forças de segurança a vinda de mais manifestantes pró-Lula para Curitiba. Às 21h deste domingo, um acampamento com apoiadores de Lula já reunia entre 700 e mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar.
Na noite de sábado, manifestantes contrários e favoráveis a Lula se exaltaram na chegada do petista, por volta das 22h30min. Para contê-los, a polícia usou bombas de efeito moral e fez um cordão de isolamento na área que já dividia os dois grupos.
Oito pessoas ficaram feridas. Três são crianças, um é policial militar, e os demais são manifestantes favoráveis ao ex-presidente. Segundo a Polícia Militar, todos sofreram ferimentos leves e foram atendidos no local, mas três tiveram de ser encaminhados ao Hospital Evangélico. Entre os que foram para o hospital está uma criança que bateu a cabeça.
Após as mobilizações favoráveis e contrárias ao ex-presidente, o comandante do 20º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Mário Henrique do Carmo, que coordenou a operação, considerou bem-sucedida a ação policial.
Questionado sobre o uso de bombas contra manifestantes, Carmo disse que houve duas explosões no meio dos manifestantes. "Eles explodiram duas bombas no chão. E, pelo efeito das explosões, eles avançaram contra o portão da Polícia Federal, e esta, por sua vez, os repeliu", disse o tenente-coronel.
De acordo com Carmo, após a explosão das bombas da PF, os manifestantes correram para todos os lados, e a PM usou balas de borracha para evitar a aproximação entre os grupos com ideologias diferentes.
Depois disso, um grupo de manifestantes pró-Lula passou a noite no local, mas ficou na parte externa do isolamento feito neste domingo pela Polícia Militar (PM).
Ontem, consolidou-se um acampamento dos apoiadores de Lula. Durante toda a manhã, o movimento no entorno da sede da PF foi tranquilo. Até as 12h, cerca de 10 ônibus com manifestantes pró-Lula se juntaram aos que já acamparam no local durante a noite. Mais 40 ônibus com manifestantes são esperados em Curitiba.
No acampamento, apelidado de "Lula Livre", as tarefas de cozinha, limpeza e segurança são divididas entre os manifestantes, definidos por assembleia. Por volta das 10h, em reunião, os coordenadores do movimento declararam que devem manter o acampamento de forma permanente até que o ex-presidente seja solto.
"Se o Lula ficar 11 anos aqui (na Polícia Federal no Paraná), eu virei todos os dias. Ele é meu ídolo. Abaixo do céu, ele é meu Deus, e é inocente", declarou a aposentada Angela Maria Pereira de Oliveira, de Curitiba, que chegou por volta das 8h ao acampamento.
Do outro lado, os vizinhos do acampamento estão apreensivos. Cerca de quatro quadras no entorno da PF já estão tomadas por manifestantes, carregando materiais dos diversos tipos, como suprimentos e colchões. "Temos receio, porque não é uma situação normal, não sabemos o que o pessoal é capaz de fazer", disse o motorista Sérgio Moises Alves de Souza.
Os coordenadores do movimento prometem convivência pacífica com os vizinhos, respeitando horários de silêncio.
Perto das 12h, políticos do PT visitaram o acampamento. A presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, afirmou que espera que o Supremo Tribunal Federal "cumpra o seu papel" na quarta-feira. "Espero que (a ministra) Rosa Weber cumpra palavra ao votar mudança sobre 2ª instância", disse em entrevista coletiva.
Além de Curitiba, os apoiadores de Lula fizeram atos em diversas cidades ontem. Em Porto Alegre, houve caminhada no Brique da Redenção.

Manifestantes pró e contra Lula saem às ruas em todo o País

Manifestantes contrários ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemoraram, neste sábado, com fogos de artifício, buzinaço e panelaço o momento em que ele se entregou à Polícia Federal ao deixar a sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Houve manifestações em Brasília, Fortaleza, São Paulo e Curitiba, entre outras cidades. Aliados e simpatizantes do ex-presidente também saíram às ruas em defesa de Lula e pedindo a liberdade dele.
Em Brasília, foram ouvidos barulhos de fogos de artifício, buzinas e panelaços na Asa Norte, na Asa Sul e em Águas Claras, bairros de classe média. A chuva começou, e as manifestações diminuíram.
Em Curitiba, quando o helicóptero com Lula chegou à sede da Polícia Federal, foi recebido com fogos de artifício e gritos de "Lula na cadeia".
Na capital paulista, as manifestações ocorreram no Centro e na Zona Oeste.
Foguetório e buzinas também marcaram as comemorações em diversos bairros de Porto Alegre, no sábado.

Imprensa internacional repercute a prisão do petista

A prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi destaque nos principais jornais de Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Espanha, Argentina, Uruguai, Bolívia e Venezuela. Todos colocaram na capa imagens do ex-presidente, citaram sua biografia e as repercussões políticas em torno do episódio.
Nos Estados Unidos, o Washington Post lembrou que o homem chamado pelo ex-presidente norte-americano Barack Obama de "o político mais popular do mundo" converteu-se no "prisioneiro mais famoso da região".
O New York Times, em sua versão em espanhol, colocou na manchete a "virada" na carreira de um operário metalúrgico, que enfrentou a ditadura e chegou à presidência da República.
O britânico The Guardian também noticiou que Lula se entregou, depois de desafiar o pedido de prisão do juiz Sérgio Moro e de afirmar inocência. Na França, o Le Monde conta a trajetória política dele afetada por questões na Justiça.
O El Pais, da Espanha, na versão para a América Latina, fez um editorial em que defendeu a necessidade de o Brasil promover eleições presidenciais em clima de estabilidade. O alemão Deutsche Welle ressalta a tentativa de impedi-lo de deixar o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo.
Na Argentina, as emissoras de televisão transmitiram ao vivo a movimentação em São Bernardo no sábado, desde a missa de que o ex-presidente participou até o momento em que ele foi transportado para Curitiba. Comentaristas e analistas políticos observavam os efeitos da prisão de Lula nas eleições presidenciais de outubro.

Prisão faz partidos reverem estratégias ao Planalto

A ordem de prisão contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já faz partidos políticos repensarem suas estratégias para a corrida eleitoral deste ano.
Sem Lula, o cenário eleitoral fica extremamente fragmentado, algo prejudicial a quem tiver menos de 10% das intenções de voto.
Com menos candidatos, Geraldo Alckmin (PSDB) poderia catalisar os votos da direita e da centro-direita. O tucano, no entanto, terá de disputar palmo a palmo não só com o deputado Jair Bolsonaro (PSL), mas com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) e até o presidente Michel Temer (PMDB).
No campo oposto, onde antes haveria só Lula, estará um candidato capaz de ter mais de 10% dos votos, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), e talvez até o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB). Barbosa pode herdar votos de Lula, pois, assim como o petista, é de origem humilde e tem trajetória de superação.
A seis meses da eleição presidencial, as legendas colocaram publicamente na disputa pelo menos 14 nomes: Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Fernando Collor (PTC), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (PSOL), Jair Bolsonaro (PSL), João Amoêdo (Novo), José Maria Eymael (PSDC), Levy Fidelix (PRTB), Manuela d'Ávila (PCdoB), Marina Silva (Rede), Paulo Rabello de Castro (PSC), Rodrigo Maia (DEM), Vera Lúcia (PSTU), Michel Temer (PMDB), Joaquim Barbosa (PSB), candidato do PT (Jacques Wagner ou Fernando Haddad).
No PT, o ex-ministro Jaques Wagner resiste a ser o substituto de Lula na disputa pela presidência. E o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad é visto como alguém sem trânsito no partido.