O Brasil é o segundo país da América Latina com o maior número de jornalistas assassinados entre 2010 e 2017, segundo dados da ONG internacional Repórteres Sem Fronteiras divulgados em entrevista coletiva ontem, no Rio de Janeiro. Durante esse período, 26 repórteres foram mortos - o País só perde para o México, que registrou 52 execuções. A organização leva em conta apenas casos em que é possível ligar diretamente o crime com a prática do Jornalismo.
Além disso, a Repórteres Sem Fronteiras mostrou preocupação com o número de casos de ameaça e intimidação contra os profissionais. De acordo com a ONG, foram cerca de 99 ocorrências no País somente no ano passado.
A violência contra repórteres colocou o Brasil na 102ª posição entre 180 países no ranking mundial que avalia a liberdade de imprensa. Em 2016, era o 103º colocado - ou seja, o progresso foi insignificante.
"A ascensão de uma posição não diz muito, significa que o Brasil está estagnado, não há nada positivo para comentar. A 102ª colocação não é digna de uma grande democracia como o Brasil", afirma Emmanuel Colombié, diretor da Repórteres Sem Fronteiras para a América Latina. Para ele, dois motivos ameaçam a liberdade de imprensa no País: a concentração da propriedade dos meios de comunicação e a falta de amparo do poder público aos profissionais, que acarreta no aumento dos casos de violência.