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Porto Alegre, domingo, 01 de abril de 2018.

Jornal do Com�rcio

Internacional

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Imigra��o

Not�cia da edi��o impressa de 02/04/2018. Alterada em 01/04 �s 20h04min

Golpe do emprego mira venezuelanos

Em Manaus, os que cruzam a fronteira improvisam casas nas ruas

Em Manaus, os que cruzam a fronteira improvisam casas nas ruas


/KARLA VIEIRA/SEMCOM/DIVULGA��O/JC
Vulneráveis devido à falta de moradia e de dinheiro, trabalhadores venezuelanos em Manaus têm sido vítimas de golpes de empregadores, que não pagam salários aos imigrantes alegando custos com hospedagem e alimentação. A situação preocupa o Ministério Público do Trabalho (MPT). Em reunião em Brasília, no dia 14 de março, procuradores cobraram da Casa Civil inspeções e advertiram para o risco de venezuelanos serem aliciados para trabalho escravo.
Após um mês nas ruas de Boa Vista, em Roraima, o técnico em refrigeração venezuelano Alexander Malave, de 52 anos, foi aliciado para trabalhar em Manaus (780 km ao Sul) com promessa de teto e comida. Passou cerca de 50 dias morando em um barraco com teto esburacado e vendendo água pelas esquinas, mas nunca viu o dinheiro devido.
O mecânico Ronny Bourne, de 43 anos, consertou motocicletas por três meses em uma oficina onde também dormia, na capital amazonense. Saiu de lá sem receber os salários. "Foi uma humilhação, e não podia fazer nada." Hoje, faz bicos em sociedade com Alexander Malave.
Recém-chegado à cidade após 14 dias de viagem desde Boa Vista a pé e pegando carona, o tapeceiro Luis Barrios, de 39 anos, consertava móveis no mesmo local onde dormia. Pelos seus cálculos, tinha direito a R$ 3.900. "Mas não recebi sequer 20%. O patrão disse: 'Você me deve tantos cafés, almoços e jantas'."
"Apesar da ausência de denúncias formais no âmbito do MPT, há diversos relatos genéricos da ocorrência da exploração do trabalho dessas pessoas, que se sujeitam ao labor informal, em condições degradantes e sem qualquer garantia de seus direitos trabalhistas, notadamente ao salário-mínimo", afirma o procurador do Trabalho Leonardo Ono.
Boa parte desses relatos é feita na representação em Manaus da Cáritas, organização ligada à Igreja Católica, e inclui abusos na área rural, onde a possibilidade de fuga é mais remota. Um casal venezuelano, por exemplo, disse ter ficado três meses em um sítio e só ter recebido comida pelo trabalho.
Assustados e desconfiados, não se arriscam a denunciar. Foi o caso de um venezuelano que, após reclamar por não receber pelo trabalho em uma carvoaria, foi ameaçado de morte por um policial ligado ao dono da empresa.

Sem abrigos p�blicos, imigrantes dormem nas ruas de cidades do Norte

Apesar de menos vis�veis que em Boa Vista, muitos venezuelanos moram nas ruas de Manaus. Ocupam tamb�m pr�dios abandonados ou pequenos espa�os - caso de Luis Barrios, que divide um c�modo com nove compatriotas.
Para a C�ritas, o d�ficit de moradia se tornou o principal gargalo para o crescente fluxo de venezuelanos. Al�m de ajudar com documentos e de oferecer cursos de portugu�s, a entidade fornece, em alguns casos, aux�lio de R$ 300,00, gasto principalmente com aluguel. Os recursos v�m da Ag�ncia da Organiza��o das Na��es Unidas para Refugiados (Acnur).
Depois de Boa Vista, Manaus � a cidade brasileira que mais recebe venezuelanos. Segundo o Minist�rio da Justi�a, foram 2.577 solicita��es de ref�gio no Amazonas entre 2016 e 2017 (12,8% do total).
O poder p�blico tem tr�s abrigos em funcionamento em Manaus. Dois, da prefeitura, atendem apenas ind�genas venezuelanos da etnia warao. O terceiro abrigo, do governo do estado, est� parcialmente em reformas e s� pode receber 25 mulheres.
A prefeitura deve abrir, em breve, um abrigo com 200 lugares, mas ele ser� voltado a venezuelanos trazidos de Boa Vista no �mbito de um acordo com o governo federal.

Para apoiar refugiados, comerciante cria neg�cio para rec�m-chegados

Na contram�o de todos os percal�os vividos pelos venezuelanos, diante da falta de abrigos p�blicos, o comerciante Iranildo Lopes, de 49 anos, resolveu abrir as portas da pr�pria casa, na periferia de Manaus. Contando s� com recursos pr�prios e doa��es de amigos, h� quatro anos, Lopes mant�m na sua laje um alojamento para at� dez pessoas. Ele estima ter ajudado 2 mil imigrantes, a maioria venezuelanos.
Muitos deles chegam ali enviados por assistentes sociais de �rg�os estaduais e municipais. Al�m do teto, Lopes, um migrante cearense, fornece gratuitamente refei��es nos tr�s primeiros dias. A regra � que fiquem at� dez dias. "Eles chegam com dois, tr�s dias sem tomar banho, sem comida, muito exaustos, em busca de um horizonte."
Por causa da falta de oportunidades de emprego em Manaus, o comerciante montou uma linha de produ��o de dindim, nome amaz�nico do sacol�. S�o os pr�prios imigrantes que fabricam o produto e o vendem nas ruas - toda a renda fica com eles. Geralmente, a produ��o � feita de manh� e, � tarde, os imigrantes saem para vender pelas ruas, carregando isopores decorados com as cores da bandeira da Venezuela. Cada dindim custa R$ 1,00.
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