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Saúde

- Publicada em 06 de Maio de 2018 às 16:49

Novo caso reforça infestação de escorpião amarelo em Porto Alegre; Veja como se prevenir

Altamente venenosa e bastante dolorida, picada do animal peçonhento pode levar a óbito

Altamente venenosa e bastante dolorida, picada do animal peçonhento pode levar a óbito


Thiago Machado/Arte/JC
Desde o início do ano, os registros da presença do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) têm gerado preocupações na população de Porto Alegre, considerada a única cidade com infestação do aracnídeo. O último caso conhecido da presença do animal peçonhento foi registrado na quarta-feira (2), no Instituto de Artes (IA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que fica na Rua Senhor dos Passos, no Centro Histórico, uma das localidades com maior incidência do escorpião na Capital. 
Desde o início do ano, os registros da presença do escorpião amarelo (Tityus serrulatus) têm gerado preocupações na população de Porto Alegre, considerada a única cidade com infestação do aracnídeo. O último caso conhecido da presença do animal peçonhento foi registrado na quarta-feira (2), no Instituto de Artes (IA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), que fica na Rua Senhor dos Passos, no Centro Histórico, uma das localidades com maior incidência do escorpião na Capital. 
Desde o início do semestre letivo, cinco exemplares da espécie já foram encontrados no local. De acordo com a diretora do IA, Lucia Carpena, a instituição já conseguiu, através da prefeitura universitária, um contrato emergencial pra dedetização do prédio e do Departamento de Arte Dramática (DAD), que fica na Rua General Vitorino, também na região central. O procedimento prevê um plano de eliminação e controle do escorpião, com a utilização de um veneno específico, e deve ser iniciado nesta semana.
> Confira os cuidados e como agir com o escorpião amarelo:
"Sabemos que há um surto e já realizamos reuniões com os servidores, colocamos materiais de divulgação e procuramos informar as pessoas, em especial o pessoal da limpeza, para saber como evitar acidentes", diz Lucia. Ela ressalta, no entanto, que o problema está espalhado pela região. "Temos o cuidado de manter (o IA) limpo, mas os prédios vizinhos e o esgoto estão repletos de baratas (principal alimento do escorpião)", alerta a diretora.
Além do Centro Histórico, outros cinco bairros da Capital registraram casos de visualização do escorpião amarelo nos últimos anos. Desde 2016, já houve dez casos em que o animal foi avistado, nos bairros Lomba do Pinheiro, Anchieta, Partenon, Passo da Areia e São Geraldo.
No entanto, os registros não significam que essas localidades façam parte de uma zona de risco específica. Conforme a bióloga Fabiana Ninov, da Coordenadoria de Vigilância em Saúde, toda a cidade de Porto Alegre está infestada pelos escorpiões amarelos. “Não há mais como eliminá-lo. Ele está aqui há pelo menos 17 anos e está aparecendo agora porque sua população está aumentando”, afirma a bióloga.

Como o escorpião amarelo chegou ao Estado

Com o clima oportuno, animal se estabeleceu na Capital e se espalhou por outros municípios

Com o clima oportuno, animal se estabeleceu na Capital e se espalhou por outros municípios


Thiago Machado/Arte/JC
A principal hipótese é de que o Tityus serrulatus, nome científico do escorpião amarelo, tenha chegado ao Estado transportado por caminhões de hortigranjeiros, informa a Secretaria Municipal da Saúde (SMS). O primeiro registro em Porto Alegre foi em 2001, próximo da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa), na Zona Norte da Capital.
Com o clima propício, ele se estabeleceu na cidade e se espalhou por outros municípios gaúchos. A propagação foi rápida, já que o animal se reproduz por partenogênese, uma espécie de autofecundação. Como só há fêmeas, não há acasalamento, e os óvulos se dividem dentro de seu corpo. Cada escorpião vive cerca de quatro anos e realiza, em média, duas gestações por ano, que podem resultar em até 20 filhotes cada.

Animal prefere ambientes quentes e úmidos

Escorpião se alimenta de baratas

Escorpião se alimenta de baratas


Thiago Machado/Arte/JC
Altamente venenosa e bastante dolorida, a picada do escorpião amarelo pode levar à morte, a depender da quantidade do veneno e do porte da vítima. Além da forte dor, também são comuns sensações de formigamento no membro atingido e de paralisia, já que o veneno é neurotóxico e afeta o sistema nervoso central.
O animal mede cerca de sete centímetros e se alimenta basicamente de baratas. É solitário, prefere ambientes úmidos e quentes e possui hábitos noturnos. “Ele gosta de ficar escondido. Esses que foram encontrados, talvez tenham saído para procurar baratas e se perderam”, explica Fabiana.

O que fazer em caso de picada

Se houver acidente, orientação é encaminhar a vítima rapidamente ao Hospital de Pronto Socorro

Se houver acidente, orientação é encaminhar a vítima rapidamente ao Hospital de Pronto Socorro


Thiago Machado/Arte JC
A bióloga da Coordenadoria de Vigilância em Saúde diz que o escorpião amarelo não gosta de movimento e ataca apenas para se defender. O animal não enxerga e parte para o ataque apenas quando sente o toque.
A picada não deixa marcas, mas causa dores muito fortes em todo o corpo. “Não se deve cortar ou amarrar o local da picada. No máximo, lavar com agua e sabão”, indica Fabiana Ninov.
Se houver acidente, a orientação é encaminhar a pessoa picada rapidamente para o Hospital de Pronto Socorro (HPS), referência no atendimento de vítimas de animais peçonhentos e que disponibiliza o soro antiveneno.
Em áreas próximas a onde houve registros da presença do escorpião, a SMS tem realizado ações de orientação a moradores. Os agentes de combate a endemia foram capacitados para orientar a população e fazer a captura do animal e, no momento, está em andamento a formação de todos os enfermeiros vinculados ao SUS.

Como fazer prevenção e se proteger

No caso de encontrar o escorpião amarelo, a orientação é eliminá-lo de forma segura

No caso de encontrar o escorpião amarelo, a orientação é eliminá-lo de forma segura


Thiago Machado/Arte JC
A receita para afastar o escorpião amarelo é simples: não oferecer condições ideais de estadia. “O principal fator é a limpeza. Eles são atraídos por locais com entulho e lixo acumulado e com a presença de baratas”, explica. Lugares escuros, como armários e embaixo de móveis, também podem atrair os escorpiões.
No caso de encontrar o escorpião amarelo, a orientação é matá-lo, se houver uma forma segura de fazê-lo. “É um animal protegido por lei, mas como é perigoso para a saúde, orientamos eliminá-lo”, diz a bióloga, ressaltando que o objeto utilizado deve ser rígido, já que o animal é bastante resistente e precisa ser esmagado.
Na sequência, a orientação é entrar em contato com a SMS por meio do telefone 156 e registrar o ocorrido. Não devem ser utilizados inseticidas ou venenos domésticos, que não têm efeito e podem tornar o escorpião ainda mais agressivo. Não há nenhum químico no mercado que sirva para eliminá-lo.

O quadro estadual

Nos últimos cinco anos, os registros de picadas de escorpiões amarelos têm aumentado substancialmente no Rio Grande do Sul. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), entre 2013 e 2017, houve registros de 91 acidentes com o animal em 42 cidades de quase todas as regiões do Estado. Na Capital, foram 23 casos.
Em 2018, segundo o Centro de Informações Toxicológicas (CIT), ocorreram quatro acidentes, todos em março, nos municípios de Mariana Pimentel, Cerro Largo, Horizontina e Pelotas. Apesar de não estar na lista, Porto Alegre é o único município considerado infestado, de acordo com a SES.
A secretaria implementou, ainda em 2015, o Programa Estadual para Controle e Manejo dos Escorpiões, por meio do qual técnicos de Porto Alegre e de Coordenadorias Regionais de Saúde foram capacitados na coleta, manejo e notificação da presença dos escorpiões.
A pasta também mantém o Centro de Informações Toxicológicas do Rio Grande do Sul (CIT/RS), que pode ser acionado tanto por profissionais de saúde que necessitam de orientação sobre acidentes tóxicos quanto pela população, através do telefone 0800 721 3000.