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feira de hannover

- Publicada em 25 de Abril de 2018 às 22:31

Inserção de trabalhadores é um dos desafios da Indústria 4.0

Problema maior é a qualificação dos trabalhadores com mais idade

Problema maior é a qualificação dos trabalhadores com mais idade


/JEFFERSON KLEIN/ESPECIAL/JC
Com o aprimoramento e o crescimento constante do uso de robôs e da automação nas fábricas, como determina a cartilha da Indústria 4.0, a grande dúvida que paira no ar é o que acontecerá com os trabalhadores que serão substituídos das suas atuais atividades pelas máquinas. Uma aposta é que essas pessoas encontrarão ocupações mais refinadas, de maior esforço mental do que braçal. O certo é que o profissional que tiver pouca naturalidade com a tecnologia e com a informatização sofrerá mais nessa transição.
Com o aprimoramento e o crescimento constante do uso de robôs e da automação nas fábricas, como determina a cartilha da Indústria 4.0, a grande dúvida que paira no ar é o que acontecerá com os trabalhadores que serão substituídos das suas atuais atividades pelas máquinas. Uma aposta é que essas pessoas encontrarão ocupações mais refinadas, de maior esforço mental do que braçal. O certo é que o profissional que tiver pouca naturalidade com a tecnologia e com a informatização sofrerá mais nessa transição.
O diretor da Fiergs e presidente da Máquinas Condor, André Meyer da Silva, enfatiza que o termo Indústria 4.0 decorre das evoluções industriais, mas que, até chegar no estágio de agora, foi algo que levou vários anos. A própria popularização da máquina a vapor foi um processo demorado. No entanto, hoje, a tecnologia avança em uma velocidade vertiginosa. "Se diz que o operário que perder o seu emprego com a tecnologia vai estudar e trabalhar na fábrica que faz a impressora 3D, por exemplo, contudo todos terão condições de se qualificar?", indaga Meyer.
O empresário adverte que é um dilema que será muito intenso nos próximos anos e admite que não sabe como a sociedade irá resolver essa dificuldade. O diretor da Fiergs acrescenta que se trata de um tema social. "Aquele cara que tem 20 anos, para ele, que está acostumado com a informática, não vai ter problema, mas para quem tem 50 e sem esse conhecimento, será algo muito sério", reitera.
Especificamente sobre a feira de Hannover, que tem a Indústria 4.0 como foco e que Meyer está acompanhando, o dirigente frisa que o evento concede uma visão do que acontecerá de fato no futuro, como as máquinas vão interagir entre si. O executivo salienta que há três anos ninguém acreditaria nas oportunidades abertas por equipamentos como impressoras 3D. Na própria feira, há um estande em que o visitante coloca o seu pé em um scanner e uma impressora 3D produz um sapato sob medida. Porém, o empresário faz aqui uma ressalva ao avanço da tecnologia, lembrando que as companhias de calçados (e a de outros segmentos) enfrentarão essa forte concorrência. "As pessoas vão fazer os seus sapatos em casa e não comprarão mais na loja", prevê.
Entretanto, Meyer ressalta que a busca tecnológica não é somente para alcançar o menor custo por unidade fabricada, mas também por uma maior eficiência. "Quanto mais as máquinas forem eficientes, menos sobras, menos resíduos vão existir e, portanto, menos problemas com o meio ambiente vai se ter", projeta. De acordo com o diretor da Fiergs, um dos maiores obstáculos para implementar as novas tecnologias e os conceitos da Indústria 4.0 no Brasil é a enorme burocracia que impacta o País.

Empresas alemãs valorizam conhecimento de profissionais mais experientes

Missão de empresas brasileiras foi até Paderborn visitar a fábrica de autopeças da Benteler

Missão de empresas brasileiras foi até Paderborn visitar a fábrica de autopeças da Benteler


JEFFERSON KLEIN/ESPECIAL/JC
Se a modernização pode gerar um pouco de temor a quem ingressou há muito tempo no mercado de trabalho, quando não existia uma série de ferramentas tecnológicas que se tem hoje, a experiência pode ser um trunfo, pelo menos na Alemanha. Esse foi um exemplo tirado da unidade-sede da empresa Benteler, que tem baixa rotatividade de funcionários que ficam, em média, décadas na companhia.
O grupo, que está invariavelmente investindo em automação, aproveita seus empregados mais antigos para colher impressões e informações detalhadas de quem "colocou a mão na massa". A missão de empresas brasileiras que está em Hannover fez ontem uma pausa da feira para ir até a cidade de Paderborn (a cerca de 150 quilômetros de distância) e visitar a fábrica de autopeças da Benteler. Somente nesse segmento de atuação, o grupo possui aproximadamente 26 mil funcionários espalhados por 70 plantas, em 34 países, entre os quais o Brasil. A unidade em Paderborn, particularmente, produz sistemas de eixos, estruturas para automóveis, chassis, sistemas completos para montadoras e soluções digitais.
A planta conta com 1,2 mil empregados (coincidentemente, o mesmo número do salário líquido médio - descontando os impostos - desses trabalhadores, € 1,2 mil). Alguns pontos chamaram a atenção durante a visita como, por exemplo, uma mesa redonda, mais alta em relação às normais, sem cadeiras a sua volta, para agilizar reuniões e para discutir a operação do dia ou alguma situação ocorrida no dia anterior.
Outro detalhe foi a visão de um funcionário fumando durante o trabalho, no interior da fábrica. Mesmo sendo proibido, esse comportamento é tolerado. No conceito alemão, o colaborador tem mais autonomia, sendo penhorado a ele, mais diretamente, as consequências das suas ações. O complexo em Benteler possui 25 mil metros quadrados de área e será expandido em mais 4 mil metros quadrados no próximo ano. Na planta é possível observar robôs (no total são 500) exercendo funções como corte e dobramentos de canos de escapamentos de carros. O conceito de Indústria 4.0, com maior grau de automação e digitalização dos processos, começou a ser intensificado na unidade a partir de meados de 2016.
O diretor executivo da Giaco Business Company (GBC), Luiz Carlos Giacomelli, depois de visitar a estrutura, pondera que uma diferença entre empresas automatizadas alemãs e brasileiras é o maior grau de investimento das companhias europeias. "O investimento é superior ao nosso e faz parte do processo de competitividade", reforça o empresário.
Já o diretor da unidade integrada do Sesi-Senai Niquelândia/Barro Alto de Goiás, Thiago Vieira Ferri, considera que o exemplo da Benteler atesta que os profissionais mais experientes serão necessários para colher o conhecimento retido por eles para, após, inserir esses dados em um sistema e lidar da melhor forma com as informações. "Embora possa nos assustar um pouco, em um primeiro momento, será uma grande oportunidade para todos envolvidos", aposta. Ferri admite que o Brasil tem uma cultura de trabalho diferente da europeia, contudo enfatiza que o País tem potencial e pessoas com capacidade.