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Polo naval

- Publicada em 17 de Abril de 2018 às 23:02

Ecovix quer retomar atividades em Rio Grande

Estaleiro já chegou a contar com 10 mil colaboradores na operação

Estaleiro já chegou a contar com 10 mil colaboradores na operação


/ANTONIO PAZ/arquivo/JC
O Estaleiro Rio Grande, comandado pela Ecovix, pretende retomar os serviços do complexo interrompidos desde o final de 2016, quando a empresa demitiu cerca de 3,2 mil funcionários. A ideia da companhia é adaptar a estrutura para multitarefas, atendendo a outros segmentos industriais, além da construção naval. No entanto, para isso ser possível, os dirigentes do grupo ressaltam que é fundamental a aprovação do plano de recuperação judicial da Ecovix.
O Estaleiro Rio Grande, comandado pela Ecovix, pretende retomar os serviços do complexo interrompidos desde o final de 2016, quando a empresa demitiu cerca de 3,2 mil funcionários. A ideia da companhia é adaptar a estrutura para multitarefas, atendendo a outros segmentos industriais, além da construção naval. No entanto, para isso ser possível, os dirigentes do grupo ressaltam que é fundamental a aprovação do plano de recuperação judicial da Ecovix.
O documento foi protocolado em fevereiro de 2017 passado com objetivo de reestruturar a dívida da empresa (cerca de R$ 7,5 bilhões) e preservar ativos estimados atualmente em US$ 1 bilhão. A Ecovix enfrentou nos últimos anos uma série de dificuldades operacionais derivadas de problemas financeiros e com investigações quanto à corrupção desencadeadas pela operação Lava Jato. Uma assembleia de credores para a votação do plano de recuperação judicial estava marcada para o dia 15 de março. No entanto, a Funcef, sócia indireta do empreendimento e que discordava de alguns pontos propostos, entrou com recurso na Justiça suspendendo a reunião. Para o dia 26 de abril, está prevista a votação que decidirá se a assembleia dos credores terá continuidade ou não.
“É preciso aprovar o plano de recuperação judicial, sem ele não tem como (retomar as atividades do Estaleiro Rio Grande)”, adverte o diretor executivo da Ecovix, Christiano Morales. Atualmente, a empresa não registra receitas entrando e possui uma despesa com ações como manutenção e consumo de energia elétrica na ordem de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão ao mês. No momento, são 64 funcionários atuando no estaleiro, que já chegou a ter no passado aproximadamente 10 mil colaboradores.
O dirigente ressalta que os planos complementares imaginados para o estaleiro não comprometem os trabalhos na área da construção naval. Entre as ideias levantadas pela companhia está a atuação na atividade portuária (com atracação de embarcações e movimentações de cargas), reparos em plataformas petrolíferas e navios, processamento de aço para indústria metalmecânica e finalização da plataforma P-71. Essa última estrutura começou a ser construída pelo Estaleiro Rio Grande, mas a Petrobras resolveu deslocar a encomenda para o estaleiro chinês CIMC.
> VÍDEOS JC: Morales fala dos planos para Rio Grande
A meta da Ecovix é aproveitar o que já foi feito e construir uma plataforma de petróleo que não necessariamente precisaria ser destinada à Petrobras, sendo possível negociá-la com outra empresa do mercado. “A própria Petrobras disse que não precisava desse casco e acabou contratando no exterior, ou seja, rasgou dinheiro, acabou com a possibilidade de geração de empregos, o casco já estava em construção”, critica o diretor de operações da Ecovix, Ricardo Ávila. A perspectiva da empresa é montar uma nova plataforma a partir do que sobrou da P-71 em parceria com o grupo japonês Toyo, que mantém o estaleiro EBR, em São José do Norte. A retomada das operações em Rio Grande representaria a criação de 600 empregos diretos em uma primeira etapa, devendo chegar a cerca de 1 mil postos de trabalho em uma segunda fase. Com outras demandas aparecendo, esses números poderiam crescer ainda mais.
Os dirigentes salientam que querem evitar que a P-71 seja vendida como sucata, como aconteceu com a P-72 para a Gerdau. Os materiais para implementar essa plataforma estão sendo cortados, mas, por enquanto, não podem ser retirados do estaleiro até ser decidida a questão da recuperação judicial. São em torno de 24 mil toneladas de aço a serem cortadas. “Infelizmente, isso é um absurdo”, lamenta Ávila. A empresa está marcando para os próximos dias uma reunião com o governador José Ivo Sartori para discutir a situação do polo naval gaúcho.

Complexo gaúcho, um dos maiores da construção naval no Hemisfério Sul, deve ser vendido

Ávila (e) e Morales destacam as alternativas para o empreendimento

Ávila (e) e Morales destacam as alternativas para o empreendimento


FREDY VIEIRA/JC
Apesar de hoje se encontrar estagnado, o Estaleiro Rio Grande é considerado um dos maiores complexos da construção naval do Hemisfério Sul e, por consequência, um ativo valioso. Dentro desse cenário, o diretor executivo da Ecovix, Christiano Morales, adianta que algo que deve acontecer no futuro, em um segundo momento, é a venda do estaleiro. Para essa situação se tornar uma realidade, é importante que o empreendimento esteja saudável e em operação. O dirigente admite que existem conversas sobre o assunto, mas nada avançado.
A Ecovix, que venceu concorrência da Petrobras em 2010 para a realização de oito cascos FPSOs (unidades flutuantes que produzem e armazenam petróleo), entregou para a estatal cinco plataformas de exploração de petróleo (sendo duas com a participação do estaleiro chinês Cosco, procurado para acelerar a construção). Essas plataformas foram batizadas de P-66, P-67, P-68, P-69 e P-70. Pela concorrência da Petrobras, o estaleiro teria ainda que finalizar as encomendas da P-71, P-72 e P-73. No entanto, a construção da P-71 foi interrompida, com em torno de 30% das obras concluídas, o material da P-72 foi vendido como sucata e a P-73 mal começou a ser elaborada.
Para o estaleiro não ficar inativo, o diretor de operações da Ecovix, Ricardo Ávila, cita, entre os possíveis interessados em utilizar o espaço para atividade portuárias, empreendedores que lidam com toras, pellets de madeira (espécie de cápsulas que são queimadas para a geração de energia elétrica), celulose e granéis (a Yara, que está expandindo sua planta em Rio Grande, seria uma cliente em potencial). Outra função possível é o atendimento de demandas do setor metalmecânico (como fabricantes de torres eólicas). Ávila recorda que o parque fabril do estaleiro foi desenhado para satisfazer à construção naval, mas com pequenas modificações pode atender a outras áreas da indústria.