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Tecnologia

- Publicada em 10 de Abril de 2018 às 22:37

Presidente do Facebook admite regulação no setor

Mark Zuckerberg foi pressionado sobre o vazamento de informações

Mark Zuckerberg foi pressionado sobre o vazamento de informações


/JIM WATSON/AFP/JC
 O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que aceitaria a “regulação certa” a companhias de tecnologia pelo governo ou pelo Legislativo, durante depoimento ontem ao Senado dos Estados Unidos. Questionado se trabalharia com o Congresso em prol de uma regulação específica para o setor, Zuckerberg respondeu: “Se for a regulação certa, sim, certamente”.
 O presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, afirmou que aceitaria a “regulação certa” a companhias de tecnologia pelo governo ou pelo Legislativo, durante depoimento ontem ao Senado dos Estados Unidos. Questionado se trabalharia com o Congresso em prol de uma regulação específica para o setor, Zuckerberg respondeu: “Se for a regulação certa, sim, certamente”.
É uma mudança significativa em relação à postura do Facebook até hoje – a empresa faz lobby há anos no Congresso dos EUA para evitar a introdução de regulações a companhias de tecnologia, vistas como grilhões ao crescimento das plataformas.
O executivo foi questionado pelo senador democrata Richard Blumenthal, que afirmou que o uso de dados pela empresa Cambridge Analytica contrariou as próprias regras do Facebook e disse que a empresa usou de “cegueira proposital” sobre o tema – Zuckerberg respondeu que não concordava com a avaliação do senador.
Este é o primeiro testemunho de Zuckerberg ao Congresso norte-americano, em meio a um cerco da opinião pública sobre os controles de privacidade da plataforma e sua responsabilidade na difusão de notícias falsas e manipulação política.
O escândalo envolvendo a consultoria britânica Cambridge Analytica ganhou visibilidade após um ex-funcionário da empresa revelar aos jornais The New York Times (EUA) e The Guardian (Reino Unido), em março, que informações de dezenas de milhões de americanos foram usadas pela companhia para criar publicidade personalizada e influenciar eleições em todo o mundo, inclusive a disputa de 2016 que resultou na vitória de Donald Trump. No total, 70 milhões de pessoas tiveram dados usados sem permissão.
Para o presidente do Facebook, estabelecer regras para a divulgação de políticas de privacidade concisas e claras, por exemplo, ou para obrigar as plataformas a dar ferramentas ao usuário para que ele decida o que vai divulgar e para quem são bons tipos de regulações.
Zuckerberg ressalvou, porém, que regras que emperrem a inovação, como na área de reconhecimento facial, devem ser evitadas, sob pena de empresas norte-americanas ficarem atrás de companhias chinesas.
O executivo pediu desculpas por ter falhado em proteger os dados dos usuários, em especial durante as eleições norte-americanas e no escândalo da Cambridge Analytica, e assumiu responsabilidade pessoal pelo erro.
Em suas primeiras intervenções, os congressistas questionaram em especial o modelo de negócios de redes sociais como o Facebook. “O potencial para crescimento e inovação baseados na coleta de dados é ilimitado. Porém o potencial para abusos também é significativo”, disse o senador republicano Chuck Grassley, após citar companhias como Google, Twitter, Apple e Amazon. É um indicativo de que outras empresas de tecnologia devem estar na mira dos senadores em breve.

Depoimento foi acompanhado por curiosos e protestos fora do Senado

Manifestantes vestindo camisetas com a hashtag #DeleteFacebook, peruca com as cores da bandeira da Rússia, estudantes e meros curiosos formavam fila ontem para ouvir o depoimento de Mark Zuckerberg, presidente do Facebook, ao Senado dos EUA.
É a primeira vez que Zuckerberg depõe ao Congresso norte-americano, em meio a uma crescente pressão sobre os controles de privacidade da plataforma e seu uso para difusão de informações falsas e para a manipulação política.
Pelo menos 300 pessoas aguardavam na fila, para uma sala em que cabia pouco menos da metade. As primeiras chegaram às 8h - a audiência começou apenas quatro horas depois. "Eu gostaria de ouvir ele pedir desculpas, porque eu tive meus dados expostos e vendidos a terceiros sem minha autorização", disse a estudante Annmarie Rienzi, que vestia uma camiseta com a hashtag #DeleteFacebook.
Os dados dela foram expostos à consultoria política Cambridge Analytica, que comprou informações de um aplicativo do Facebook e as usou para difundir propaganda política em favor de Donald Trump durante as eleições norte-americanas. Apesar da camiseta, ela ainda não apagou sua conta na rede social. "Vai depender do que ele disser."
A organização VPN, que atua em prol da privacidade digital, levou cerca de 50 pessoas à frente do Capitólio para protestar. O diretor Michael Gargiulo defende que é preciso obrigar as empresas de tecnologia a divulgarem vazamentos de dados - e responsabilizar seus executivos. "A Cambridge Analytica certamente é apenas uma entre centenas de casos. E eles não estão sendo transparentes", afirmou.
Havia também estudantes e curiosos, como um grupo de alunas de Direito da Universidade da Califórnia. "É um novo território na área jurídica, porque nós confiamos informações importantes a essas companhias, e elas também precisam assumir responsabilidades com relação a isso", disse Erika Budrovich.
A rede de mobilização social pela internet Avaaz levou centenas de recortes em tamanho natural de Zuckerberg para a frente do Capitólio com a inscrição "conserte o Facebook" na camiseta do CEO, pedindo atenção para o vazamento das informações de milhares de usuários.