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Porto Alegre, domingo, 01 de abril de 2018.

Jornal do Com�rcio

Economia

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Finan�as

Not�cia da edi��o impressa de 02/04/2018. Alterada em 01/04 �s 20h49min

Fintechs de cr�dito pessoal ganham espa�o

Pedro Carrizo
Fazer empréstimos sem precisar sair de casa já é uma realidade no Brasil, embora recente. As empresas de concessão de crédito 100% virtual operam desde 2015 em solo nacional, oferecendo taxas com juros menores do que em bancos tradicionais, dinheiro na conta em até 48 horas e formas de pagamento baseadas no perfil específico de cada pessoa que solicita o serviço. O diferencial destas fintechs está, justamente, na taxa média de concessão de crédito pessoal não consignado muito inferior à dos bancos tradicionais.
Enquanto as que operam via web possuem taxa média de 3,5% ao mês, a média entre as taxas das 61 instituições financeiras disponíveis no site do Banco Central (BC) - considerando a mesma modalidade de crédito - está em 8,4% ao mês. Nas plataformas da web, o valor médio emprestado ao brasileiro é de R$ 8 mil.
As correspondentes de crédito on-line operam no Brasil amparadas por instituições financeiras - estas, sim, credenciadas pelo Banco Central, que formalizam as operações financeiras. As instituições das empresas de concessão de crédito virtual que foram entrevistadas pelo Jornal do Comércio são BMG, AndBank Brasil e Sorocred - os quais formalizam as operações de Lendico, Geru e Just, respectivamente.
De acordo com Marcelo Ciampolini, fundador e CEO da Lendico Brasil - uma das correspondentes de crédito via web que operam no País -, as taxas com valor muito abaixo do mercado são possíveis por dois fatores. O primeiro é devido às empresas dessa modalidade serem enxutas, com infraestrutura relativamente barata e que atende ao Brasil inteiro. O segundo fator é o sistema de customização de taxa por perfil de cliente. "Um banco convencional atende clientes com bons e maus perfis de pagamento, colocando uma taxa comum para todos e fazendo com que alguém pague pelo risco do outro. No nosso modelo, o mau perfil não é aprovado", diz Ciampolini.
Para Sandro Reiss, CEO da Geru - primeira plataforma de crédito on-line do País -, ainda existe uma terceira peça que permite juros menores do que os grandes bancos. Reiss explica que não é a instituição financeira por trás da plataforma on-line que provê os recursos usados para financiar os empréstimos. "O Andbank Brasil formaliza as operações introduzindo-as no BC, mas operamos como um 'marketplace de empréstimos', em que investidores do mercado de capital compram o risco de nossos clientes", afirma. O CEO acrescenta que o modelo de negócio é mais parecido com o AirBnb do que com um banco convencional.
Com o objetivo de regulamentar as operações dessas fintechs, o Banco Central lançou o Edital de Consulta Pública nº 55/2017, em agosto do ano passado. De acordo com o documento, a medida poderia aumentar a competição no Sistema Financeiro Nacional, fomentar o crédito e reduzir seu custo para o tomador. Poderia também emancipar as plataformas on-line das instituições financeiras certificadas pelo BC; aumentar a segurança jurídica dos contratos; acirrar a concorrência no mercado de crédito; e, consequentemente, reduzir o spread bancário. A normativa pode ser efetivada ainda em 2018, segundo a Assessoria de Imprensa do Banco Central do Brasil.
Considerando os três correspondentes bancários entrevistados, o Just foi o que mais emprestou dinheiro para clientes brasileiros. Ao todo, foram R$ 380 milhões. Seguindo R$ 350 milhões emprestados pela Geru e R$ 200 milhões pela Lendico. A principal motivação dos brasileiros que acessam o serviço é o refinanciamento de dívidas ou o pagamento débitos do cheque especial ou cartão de crédito. De acordo com dados do Just, cerca de 47% das solicitações em janeiro tiveram tal razão.
"Com a análise personalizada de perfil, conseguimos oferecer crédito 13 vezes mais barato do que o oferecido em modalidades como o cheque especial e cartão de crédito", diz o diretor do Just, Bruno Poljokan. O sistema inteligente de análise de risco do Just mantém o Custo Efetivo Total (taxa de concessão) variando de 1,9% a 8,2% ao mês, de acordo com o perfil do solicitante. "Mantemos um score de zero a mil para definirmos os riscos de empréstimos. Muitas variáveis são levadas em conta, mas as principais são as finanças pessoais e histórico de crédito", diz Poljokan.
 

Perfis de risco t�m an�lise inteligente

Lendico, Geru e Just n�o aceitam solicita��es de cr�dito para negativados. As taxas de juros entre as plataformas virtuais que aceitam clientes com nome sujo na pra�a s�o maiores, variando entre 15% e 18% ao m�s. O valor emprestado, por sua vez, � menor, n�o passando dos R$ 4 mil. Por�m s�o muitos os fatores que determinam os riscos que o cliente pode carregar sem perceber.
O sistema de an�lise de perfil de risco da Lendico usa tr�s fontes de informa��es-base para determinar a taxa de concess�o - as autodeclaradas no formul�rio do site, as consultadas em setores externos, como Serasa e SPC, al�m de informa��es de Big Data. "O pulo do gato � ver qual a melhor taxa que eu consigo dar para voc�, se teu vizinho fizer, � outro pre�o", diz Ciampolini.
O CEO da Lendico afirma que desde a situa��o financeira at� a navega��o em sites duvidosos influenciam no julgamento da plataforma. "Se o sujeito n�o for presente nas redes sociais ou tiver avers�o do sistema operacional (internet) em que ele est� solicitando o empr�stimo, isso vai pesar na an�lise", diz Ciampolini. A Lendico, por exemplo, n�o atende pessoas com menos de 20 e mais de 65 anos.
J� a correspondente banc�ria Geru trabalha com 35 classes diferentes de risco em seu sistema, que leva em conta mais 300 vari�veis no processo de an�lise. "O cliente faz a solicita��o e recebe a informa��o sobre sua classifica��o de risco instantaneamente, de forma clara e franca", diz Reiss.
O executivo da Geru acrescenta que as informa��es que mais pesam s�o o hist�rico do cr�dito, se a pessoa tem consci�ncia de consumo respons�vel e se o empr�stimo condiz com sua capacidade de pagamento.

Concorr�ncia financeira no Brasil ainda � limitada

Em 1995, o Minist�rio da Fazenda lan�ou a Exposi��o de Motivos n� 311, que foi aprovada pelo Congresso e permitiu a entrada de bancos estrangeiros no Brasil. Diversos bancos privados nacionais foram comprados por internacionais, entre estes o HSBC e o Santander. O argumento para efetiva��o da medida era que o mercado de cr�dito no Pa�s estava muito concentrado e que a abertura iria incentivar a concorr�ncia.
"Passados 23 anos, percebemos que o resultado foi a 'brasilifica��o' dos bancos estrangeiros e que o cr�dito no Brasil segue concentrado em poucas institui��es financeiras", diz o professor de economia na Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da Ufrgs Andr� Moreira Cunha. A analogia proposta por Cunha vai de encontro ao positivismo na regulamenta��o das fintechs de cr�dito no Brasil.
De acordo com o professor, � muito cedo para imaginar que as plataformas de concess�o de cr�dito 100% virtual, que t�m um peso marginal, consigam afetar um mercado que � muito concentrado e poderoso politicamente. "� um fato que o baixo custo operacional dessas empresas as torna competitivas de alguma forma. Por�m n�o temos hist�rico sobre sua efici�ncia e a competitividade no mercado financeiro", diz Cunha.
Para o presidente da Associa��o Brasileira de Educadores Financeiros (Abefin), Reinaldo Domingos, as plataformas de concess�o de empr�stimo virtual tendem a crescer, e os bancos tradicionais ir�o buscar estar cada vez mais presentes no mundo virtual. "A tecnologia vai se apoderando das ferramentas; e os consumidores, com o tempo, estar�o mais expostos a um clique para se endividar ou solucionar suas d�vidas", diz o presidente da Abefin.
Domingos afirma que, neste cen�rio de facilidades na aquisi��o de cr�dito e queda de etapas burocr�ticas, solicitar empr�stimo s� ser� vantajoso com a consci�ncia dos clientes. O presidente acredita que a obrigatoriedade da educa��o financeira nas escolas, a partir da Base Nacional Comum Curricular, ir� ajudar a formar essa consci�ncia. "� necess�rio que a gente construa uma cultura em que o cr�dito passe a ser um instrumento de apoio, e n�o de usabilidade cont�nua."
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