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- Publicada em 08 de Abril de 2018 às 12:09

Quem foi Maria Madalena?

Maria Madalena, prostituta arrependida, mulher rica, discípula e companheira de Jesus, adúltera, símbolo da fragilidade das mulheres, objeto de veneração.... mas quem, realmente, foi ela, que atravessa quase dois milênio, sendo reinterpretada a cada época, desde os tempos bíblicos até nos dias de hoje?
Maria Madalena, prostituta arrependida, mulher rica, discípula e companheira de Jesus, adúltera, símbolo da fragilidade das mulheres, objeto de veneração.... mas quem, realmente, foi ela, que atravessa quase dois milênio, sendo reinterpretada a cada época, desde os tempos bíblicos até nos dias de hoje?
Maria Madalena - Da Bíblia ao Código Da Vinci: companheira de Jesus, deusa, prostituta, ícone feminista (Zahar, 344 páginas, R$ 59,90 impresso, e R$ 39,90 e-book, tradução de Marlene Suano) do historiador e escritor britânico Michael Haag, autor dos best-sellers Os templários e Desvendando Inferno: o guia essencial para os mitos e mistérios de Inferno de Dan Brown, lançado em 2016 na Inglaterra, chega ao Brasil e trata de uma das personagens mais fascinantes da história da humanidade.
No momento está em cartaz em Porto Alegre o filme Maria Madalena, do diretor Garth Davis, com Rooney Mara e Joaquin Phoenix, sobre a enigmática figura que primeiro testemunhou a ressurreição de Jesus Cristo. Madalena foi companheira constante de Jesus em todo seu ministério na Galileia e o ajudou a organizar e a financiar as dezenas de pessoas envolvidas na sua missão de curar e trazer a salvação para os doentes e os pobres.
Madalena foi com Jesus para Jerusalém, testemunhou sua crucificação, supervisionou para ver onde seu corpo foi colocado, voltou para ungi-lo no terceiro dia, participou do enterro e testemunhou sua ressurreição. Madalena é a única mulher que esteve perto de Jesus nos momentos críticos que definem seu propósito, que descrevem seu destino e que darão origem a uma nova religião. Ela é destemida, uma mulher de visão e, no início, sua personagem detém o segredo de seu nome. No início, há Jesus e Maria, chamada Madalena.
O autor mostra como Madalena foi vista pelas culturas ao longo dos tempos. Mergulha em evidências históricas e literárias, e sugere uma interpretação do papel e da personagem de Maria Madalena radicalmente contrária ao discurso dominante. O autor busca a verdadeira Madalena no Novo Testamento e nos evangelhos gnósticos (textos apócrifos dos séculos II a IV), em que ela é exaltada como esposa e principal discípula de Cristo. Haag compara os dois evangelhos e investiga por que a Igreja católica preferiu representá-la como uma mulher pecadora, enquanto Maria, mãe de Jesus, foi simbolizada como a Virgem.

lançamentos

  • A partilha do caos (Editora Movimento, 112 páginas), do advogado e escritor Carlos Saldanha Legendre, apresenta dezenas de sonetos. "Com a ferramenta afiada do soneto, Legendre parte para a construção do mito, partilhando o caos da vida", escreveu José Clemente Pozenato na apresentação. "Não deve a vida sucumbir nas águas/se a esperança já acode como peixe/subindo a correnteza destas mágoas" são versos de um dos sonetos.
  • Press-AD Edição 183 (revistas de jornalismo e propaganda editadas por Júlio Ribeiro com textos de Marcelo Beledeli), trazem entrevista com o vereador Walter Nagelstein; textos sobre como a imprensa internacional trata o Brasil e sobre Carlos Heitor Cony; e matéria de capa sobre o êxodo de talentos e suas consequências para a propaganda brasileira, além de matéria sobre Armando Testa, o pai da publicidade italiana e outras contribuições de interesse.
  • Doces sonhos que embalamos (Belas Letras, 168 páginas), de Charles Tonet e Tânia Tonet, através das memórias da família Heineck, fundadora da Docile, fala da origem do açúcar até a trajetória da indústria doceira no Brasil e conta sobre a imigração alemã e portuguesa na região Sul. A Docile é a maior produtora de pastilhas da América Latina e a segunda do Brasil em balas de goma e de marshmallows. A empresa tem 800 colaboradores e está em mais de 50 países.

Sonhos imortais

Governo algum, exército algum, polícia alguma, ditadores de esquerda, centro ou direita, nada, ninguém consegue eliminar grandes sonhos, destes que passam de gerações para gerações e que resistem mesmo que prendam, matem ou silenciem os sonhadores. As artes e a literatura têm sido campos férteis, livres e ilimitados para sonhar. Jorge Luis Borges, o genial escritor argentino, pouco antes de morrer, disse a Lígia Fagundes Telles, como última mensagem-legado, que ela nunca esquecesse dos sonhos, que eles eram o mais importante.
Fico pensando nisso e em outras coisas depois de assistir o belo filme A livraria (The Bookshop), de Isabel Coixet, com Emily Mortimer e Bill Nighy, que está em cartaz em Porto Alegre. A narrativa se passa no final da década de 1950, quando uma viúva, sozinha, adquire uma casa velha e abandonada numa pequena e pacata cidade litorânea da Inglaterra, onde ninguém lê, e resolve se mudar para lá e abrir uma livraria.
A conservadora comunidade local se opõe à modesta empreitada da viúva, que, aliás, tinha tudo para dar errado. Como a pequena livraria não quebrou e até passou a vender o romance Lolita de Nabokov, os inimigos da senhora que amava os livros se movimentaram e aí a coisa começou a ficar complicada. Não conto o resto para não estragar o prazer dos leitores com o final do filme, que recomendo.
Governos tentaram controlar a arte e a cultura, como aconteceu na União Soviética e na Alemanha nazista, e até aqui no Brasil em alguns momentos. A arte e a liberdade triunfaram. Os ditadores e os censores foram para as calendas gregas. Os sonhos voaram mais alto. Muitos artistas e apreciadores das artes e das manifestações culturais gostam de "arte pela arte" e acham que o que interessa é o objeto artístico e o fazer artístico em si, não importando contexto político, histórico, cultural ou coisa assim. Cada um com sua opinião, mas, para mim, essa posição, tipo "torre de marfim" é ultrapassada e não tem a ver com nossos tempos conectadíssimos, onde todo mundo tem a ver com todo mundo e tudo tem a ver com tudo, nesse mundo plano.
Voltando um pouco ao filme que falei antes, é bonito ver uma pessoa sonhando, mesmo um sonho meio impossível, tipo uma livraria num fim de mundo onde ninguém lê. E é bonito ver alguém lutar pelo seu sonho, mesmo diante de inimigos poderosos que querem ter o prazer de achar que vão liquidar com seu sonho. Ledo engano deles. Sonhos são imortais. Como livros, leituras, quadros, esculturas, peças teatrais, filmes, música e outras tantas expressões. São imortais e infinitos. Não podem e não devem ser aprisionados. Há que diga até que aquilo que um homem sonha, outro pode realizar. A história da humanidade pode ser vista como uma sucessão de sonhos. Alguns realizados; outros0, não. Mas todos seguem existindo.
O ser humano deve sentir-se muito bem sabendo que tem territórios infinitos e livres para sonhar e criar, mesmo quando os inimigos e as situações externas causem embaraços.
 

a propósito...

Sou brasileiro, sonhador, profissão esperança. Peço a Deus que não deixe que me tirem as esperanças no Brasil e nos brasileiros. Sei que o parto do Brasil é demorado, como disse o João Cabral de Melo Neto, mas tomara que possa continuar sonhando com a democracia verdadeira e com um país decente para mim, filhos e, tomara, futuros netos. Eu tive um sonho que nós tínhamos conseguido nos unir em torno de alguns interesses nacionais do bem. Eu tive um sonho que tínhamos conseguido resolver as coisas sem violência ou radicalismo. Sonhei até que veio uma livreira inglesa viúva para cá, para uma cidadezinha do interior, vender livros. Livros impressos. Ela não se importou quando disseram que liam pouco por aqui. "Um dia, a coisa muda", disse ela, olhando para as estrelas.