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Porto Alegre, domingo, 15 de abril de 2018.

Jornal do Com�rcio

Empresas & Neg�cios

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finan�as

Not�cia da edi��o impressa de 16/04/2018. Alterada em 15/04 �s 22h49min

Pagamentos eletr�nicos em alta

Institui��o desmentiu not�cias sobre a cobran�a de taxas

Institui��o desmentiu not�cias sobre a cobran�a de taxas


/VISUALHUNT/DIVULGA��O/JC
O Banco Central (BC) quer fazer o brasileiro se desapegar do dinheiro vivo. Em um pa�s violento, como o Brasil, andar com notas no bolso custa caro: gera gastos com seguran�a armada e transporte para os bancos, que repassam isso para os juros cobrados nos empr�stimos. Por isso, o governo quer estimular e baratear as transa��es eletr�nicas. Mas mudar o h�bito em um Pa�s onde h� quem n�o saiba sequer o que � um cart�o de d�bito � um desafio.
As maiores barreiras s�o desinforma��o, falta de h�bito e de infraestrutura, com a internet prec�ria no interior. O foco do BC, entretanto, � a periferia das grandes cidades, onde o apego ao dinheiro � maior, e o alto n�mero de habitantes pode ajudar a mudar a cultura mais facilmente do que nos rinc�es do Pa�s. A ideia � convencer gente como a jovem cuidadora de idosos Josilene Ferreira, de 23 anos. A cada 15 dias, depois de sacolejar por uma hora na volta do trabalho, em Bras�lia, ela chega a Valpara�so, em Goi�s, e segue o mesmo ritual: saca todo o sal�rio no caixa eletr�nico e caminha at� sua casa, � noite, numa �rea perigosa da cidade. "N�o deixo nem um dia na conta", confessa.
Ela � apenas mais um dos 79 milh�es de correntistas com relacionamento banc�rio m�nimo. Jovenila Pinto de Oliveira, de 76 anos, retira toda a aposentadoria apenas com o CPF. � o retrato do tamanho do desafio do Banco Central. "Cart�o? N�o sei como usar isso, n�o. E se perder o cart�o? Perde o dinheiro todo que est� nele?", pergunta a aposentada.
Jovenila vive em Ed�ia, cidade a 120 quil�metros de Goi�nia. L�, o h�bito do dinheiro no bolso � t�o arraigado entre os 12 mil habitantes que � comum ver longas filas em frente aos bancos �s sextas-feiras. O dinheiro sacado � que movimenta bares e com�rcio. Muitas vezes, os caixas chegam a ficar vazios.
O Banco Central quer que o brasileiro aprenda a usar o cart�o de d�bito. Na semana passada, a autoridade monet�ria decidiu que a tarifa paga pelos comerciantes nas opera��es de d�bito n�o pode ultrapassar 0,8%. A m�dia est� em 1,5%, de acordo com a Associa��o Brasileira das Empresas de Cart�es de Cr�dito e Servi�os (Abecs). A medida s� entra em vigor em outubro. At� l�, a estrat�gia do BC � convencer os comerciantes a ampliar o uso do cart�o.
Mas n�o � tarefa simples. Em Japeri, munic�pio da Baixada Fluminense a 70 quil�metros do Centro do Rio de Janeiro, a falta de infraestrutura de internet atrapalha os comerciantes, que sofrem com a aus�ncia de sinal para usar as maquininhas de cart�o. Ao mesmo tempo, faltam ag�ncias e postos banc�rios no centro do munic�pio - afetado pela viol�ncia, que tem como um dos principais alvos os caixas eletr�nicos.
Viviane Dimas, dona de uma mercearia, diz que precisa ter duas maquininhas para minimizar as falhas na rede. "Quando uma est� indispon�vel, uso a outra. Mas, quando chove, j� era. Elas n�o funcionam", lamenta.
A inseguran�a � outro fator que torna o uso do cart�o de cr�dito mais restrito em alguns lugares. Uma farm�cia de Japeri tirou o caixa 24 horas da loja ap�s um pedido do propriet�rio do im�vel, que mora em cima do com�rcio, e temia a explos�o da m�quina. Os funcion�rios reclamam que, desde que o caixa 24 horas foi retirado, o movimento no estabelecimento caiu drasticamente.
"� um absurdo essa falta de caixas 24 horas e de bancos no Centro. Quando preciso retirar meu benef�cio, vou at� a farm�cia. Mas, quando o caixa est� sem dinheiro, tenho que ir at� outro munic�pio. A �nica loteria do entorno fechou no in�cio do ano, porque foi muito assaltada", reclama Maria Helena de Paula, moradora do munic�pio.
O caminho at� o dinheiro envolve uma viagem at� o distrito de Engenheiro Pedreira, no mesmo munic�pio, com direito a trem, com tarifa de R$ 4,20 e prazo de 25 minutos para chegar ao local. A alternativa mais em conta, o �nibus a R$ 4,10, requer mais paci�ncia: o trajeto leva 50 minutos. Na chegada, ainda mais tempo de espera. Com a procura por dinheiro, os caixas sempre t�m filas.
O Banco Central quer convencer os empres�rios, por meio das associa��es, a incentivarem o uso do cart�o de d�bito, mais vantajoso que o de cr�dito, que tem taxa de 2,6% e demora um m�s para repassar o dinheiro para o estabelecimento. Al�m disso, quer fazer com que a Lei de Diferencia��o de Pre�os, aprovada no Congresso Nacional no ano passado, pegue.
A maioria dos brasileiros (64%) sabe que pode ter desconto se pagar � vista, segundo levantamento da Funda��o Getulio Vargas (FGV) a pedido do BC. Mas apenas 32,4% afirmaram receber proposta de redu��o no pre�o.
Por isso, o BC entendeu que a cultura dos empregadores tamb�m tem que mudar. A autarquia quer incentivar as empresas a fazer transa��es apenas eletronicamente. Em Ed�ia, em Goi�s, essa � uma realidade distante. Quase todos os comerciantes pagam sal�rios com c�dulas. Assim, uma fatia significativa dos recursos que circulam na cidade sequer passa pelos bancos.
"Pago meus funcion�rios em dinheiro. Se voc� perguntar por aqui, todos os pequenos comerciantes v�o dizer o mesmo", diz C�lia de Carvalho, dona de uma lanchonete. Entre os moradores, o consenso � que n�o pode faltar dinheiro no bolso nunca. O funcion�rio p�blico Adriano Santana da Silva, por exemplo, diz que at� prefere utilizar o cart�o, mas sabe que vai encontrar dificuldades e que alguns lugares s� aceitam dinheiro. "Movimento minha conta praticamente s� para fazer saque", conta Silva.
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