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Direitos humanos

- Publicada em 15 de Março de 2018 às 21:43

Velório de Marielle Franco reúne milhares no Rio

Os corpos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deixaram a Câmara do Rio sob aplausos

Os corpos da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes deixaram a Câmara do Rio sob aplausos


FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL/JC
Milhares de pessoas acompanharam, nesta quinta-feira, o velório da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite da quarta-feira, no Centro do Rio de Janeiro. O corpo da vereadora chegou à Câmara Municipal de Vereadores, na Cinelândia, sob fortes aplausos. Ela era aguardada ao som de "Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor, companheira me ajuda, que eu não posso andar só", cantado pela multidão, além de gritos de "quem mexeu com a Marielle atiçou o formigueiro" e "Marielle, presente!". O nome do motorista Anderson Pedro Gomes também foi entoado.
Milhares de pessoas acompanharam, nesta quinta-feira, o velório da vereadora Marielle Franco (PSOL), assassinada na noite da quarta-feira, no Centro do Rio de Janeiro. O corpo da vereadora chegou à Câmara Municipal de Vereadores, na Cinelândia, sob fortes aplausos. Ela era aguardada ao som de "Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor, companheira me ajuda, que eu não posso andar só", cantado pela multidão, além de gritos de "quem mexeu com a Marielle atiçou o formigueiro" e "Marielle, presente!". O nome do motorista Anderson Pedro Gomes também foi entoado.
O cortejo da parlamentar assassinada passou por um cordão de isolamento, na escadaria da Câmara, formado por mulheres negras à frente e outras milhares de pessoas atrás.
Marielle, de 38 anos, foi assassinada com quatro tiros na cabeça na noite de quarta-feira, quando ia para sua casa no bairro da Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, retornando de um evento do movimento no negro, na Lapa. A parlamentar viajava no banco de trás do carro quando os criminosos emparelharam com o veículo da vítima e atiraram.
O motorista Anderson Pedro Gomes, de 39 anos, que dirigia o carro da vereadora, também morreu na hora. Uma assessora da vereadora que também estava no veículo sobreviveu ao ataque.
Marielle foi a quinta vereadora mais votada nas eleições de 2016 no Rio de Janeiro, com 46.502 votos. Nascida no Complexo da Maré, era socióloga, com mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF), tendo feito dissertação sobre o funcionamento das Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) nas favelas.
Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Também coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio. Recentemente, Marielle havia assumido a relatoria da comissão da Câmara de Vereadores do Rio responsável por monitorar a intervenção federal na Segurança Pública do estado. Com frequência, ela fazia denúncias contra a violência policial em comunidades.
O assassinato de Marielle resultou, também, em uma série de atos programados País afora, em pelo menos 11 capitais. De manhã, manifestações ocorreram em Salvador e Brasília. À tarde, manifestações aconteceram em São Paulo, Recife, Belém, Natal, Florianópolis, Curitiba e Belo Horizonte entre outras cidades. Em Porto Alegre, o PSOL chamou para o ato "Somos tod@s Marielle", na Esquina Democrática, às 17h30min. Centenas de pessoas homenagearam a vereadora e, por volta das 19h30min, deixaram o local em marcha pela avenida Borges de Medeiros, no Centro.

Ministros negam que assassinato afeta continuidade de intervenção

O ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou, nesta quinta-feira, que o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (PSOL), ocorrido na quarta-feira, foi "mais uma tragédia" no Rio de Janeiro e não coloca em xeque a intervenção federal. Ele disse ainda que as reações à morte de Marielle são "todas emocionais" e que é preciso investigar para apontar responsáveis.
O ministro disse que a Polícia Federal (PF) já está atuando e auxiliando o estado na investigação. A PF, anteriormente subordinada à pasta comandada por ele, agora está sob o guarda-chuva do Ministério da Segurança Pública.
Já o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun (PMDB), afirmou, nesta quinta-feira, que a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL) "é mais uma evidência" de que o governo federal "está no caminho certo" ao decretar a intervenção na segurança do Rio de Janeiro. "É um crime bárbaro, que atinge uma representante do povo, e nós temos a mais absoluta certeza que, em breves dias, em função até da atuação da intervenção, nós teremos esse crime solucionado", disse. "Se esse assassinato tinha o objetivo de nos assustar, de nos retirar do nosso rumo, esses bandidos se enganaram", completou.

Dodge deve pedir PF na investigação; Jungmann discorda

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, estuda solicitar a federalização da investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ). Ela viajou nesta quinta-feira ao Rio de Janeiro para discutir a questão com procuradores e autoridades cariocas. Com a federalização, o inquérito passaria a ser conduzido pela Polícia Federal (PF).
De manhã, Dodge instaurou procedimento instrutório para avaliar o deslocamento da competência e solicitou à Polícia Federal que adote diligências necessárias.
Para que a investigação seja feita por autoridades federais, a Procuradoria-Geral da República (PGR) precisa ingressar com um pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Mais cedo, o presidente Michel Temer (PMDB) informou que solicitou ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS), que coloque a Polícia Federal à disposição do interventor Braga Netto para ajudar na investigação.
A Polícia Civil analisa imagens de câmeras de segurança para tentar esclarecer a morte. O chefe da Polícia Civil, Rivaldo Barbosa, admitiu que o crime pode ter sido uma "execução". "Toda a investigação está sob sigilo. Estamos diante de um caso extremamente grave que atenta contra a dignidade da pessoa humana, que atenta contra a democracia", acrescentou.
O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL) também disse no final da noite de quarta-feira, que o crime contra a vereadora tem "características nítidas" de execução. Segundo o deputado, porém, nem parentes nem amigos tinham informações de que Marielle estivesse sofrendo ameaças.
Na noite desta quinta-feira, Jungmann, porém, rebateu a proposta da procuradora-geral da República. "Eu falei com a Raquel Dodge antes de decolar de Fortaleza para cá. Voltei a falar com ela quando cheguei aqui e a convidei para estar conosco. Esse trabalho já está federalizado, porque temos uma intervenção federal acontecendo no Estado. Estamos todos trabalhando juntos. Lembramos que temos confiança no trabalho que está sendo desenvolvido pela Polícia Civil", disse o ministro.
Os militares entendem que a entrada da Polícia Federal deixaria a Polícia Civil do Rio de Janeiro em descrédito. Um dos objetivos da intervenção é resgatar a capacidade operativa das polícias do Rio.

Imprensa internacional repercute morte da parlamentar

A morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), na noite desta quarta-feira, no Rio de Janeiro, repercutiu na imprensa internacional. Sites dos principais veículos de imprensa dos EUA, Inglaterra, Argentina, Peru e Venezuela publicaram a notícia do assassinato da parlamentar.
O inglês The Guardian e os americanos New York Times, Washington Post e ABC Press usaram texto da agência Associated Press para noticiar a morte da vereadora. Na reportagem, é destacado que a vereadora e seu motorista foram mortos por criminosos não identificados no centro do Rio, onde militares estão encarregados pela segurança há um mês após uma onda de violência.
O texto descreve Marielle como especialista em violência policial e lembra que no último sábado ela acusou policiais de serem extremamente agressivos nas incursões em favelas.
O texto publicado no site da TV venezuelana Telesur falou do assassinato de Marielle a caminho de casa e destacou que o carro no qual estava foi alvo de oito tiros.
O site do jornal argentino Clarín fala que a morte da vereadora choca o Brasil e mobiliza partidos e organizações sociais que pediram marchas nesta quinta. O jornal peruano El Comércio descreveu Marielle como uma pessoa muito ativa na luta por direitos humanos e que ela tinha se convertido em uma dura crítica da intervenção do Exército na segurança do Rio.
 
 

Responsáveis serão encontrados e punidos, diz Jungmann

O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann (PPS), disse que vai acompanhar pessoalmente as investigações para apurar a morte da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do motorista Anderson Pedro Gomes. Segundo o ministro, os responsáveis pelo crime "bárbaro" serão encontrados e punidos a qualquer custo. As afirmações foram feitas durante uma entrevista à imprensa no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na região central do Rio de Janeiro.
O ministro destacou que caberá à Polícia Civil liderar as investigações, e que as demais corporações, como agentes de outros estados e as Forças Armadas, irão participar conforme a demanda, sobretudo com a integração das inteligências.
O ministro negou a prisão de suspeitos até o momento. Sobre possível participação de policiais nos crimes, Jungmann assegurou que tudo será apurado.
Jungmann disse ainda ser muito cedo e leviano dizer que o crime é uma afronta à intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, mas reconheceu o assassinato como uma tentativa de silenciar uma pessoa que vinha procurando defender a comunidade.
Por determinação do presidente Michel Temer (PMDB), o ministro foi ao Rio acompanhado do diretor-geral da Polícia Federal, Rogério Galloro. Antes da entrevista à imprensa, o ministro se reuniu com o interventor federal, general Walter Braga Netto; o chefe do gabinete de intervenção, general Mauro Sinott; o secretário de Segurança do Rio, Richard Nunes; o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa; e integrantes da Polícia Rodoviária Federal e da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).