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Publicada em 28 de Março de 2018 às 16:25

O futuro é compartilhado

Fabio Plein

Fabio Plein

DIVULGAÇÃO/JC
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Ter um bom produto ou serviço que atenda às necessidades das pessoas é preceito básico para as empresas terem sucesso. Mas, nos dias de hoje, isso já não é suficiente para uma companhia se tornar competitiva: é fundamental ter e saber usar a tecnologia como uma aliada.
Ter um bom produto ou serviço que atenda às necessidades das pessoas é preceito básico para as empresas terem sucesso. Mas, nos dias de hoje, isso já não é suficiente para uma companhia se tornar competitiva: é fundamental ter e saber usar a tecnologia como uma aliada.
Um exemplo que marcou essa mudança foi o mercado de música, que evoluiu da venda de singles para LPs e depois CDs, todos produzidos por grandes gravadoras, mas que no início deste século se transformou completamente com a possibilidade de baixar músicas (os downloads) e depois, com o aumento da banda larga, o surgimento da música disponível online, o chamado streaming de faixas. Tais tendências deram origens a reprodutores musicais como Spotify e iTunes.
Outros segmentos têm passado por este mesmo impacto da chamada "economia compartilhada" que, impulsionada pela tecnologia, vem dando as coordenadas na oferta de produtos e serviços aos usuários. O foco agora é muito mais no uso do que na propriedade.
São os casos da indústria de "aluguel" de filmes, hoje liderada pelo aplicativo Netflix e serviços como o Now (da Net); da oferta e procura por hospedagem, revolucionada pelo Airbnb; e da mobilidade urbana, hoje reforçada pelos aplicativos que têm facilitado a vida das pessoas nas grandes cidades.
Sobre este último mercado, a rápida expansão de serviços como o oferecido pela Uber é explicada não só pela inovação que tem ajudado os usuários a se locomover, como também pelo papel que o aplicativo de mobilidade tem realizado em grandes centros urbanos.
Recentemente, a revista americana Fortune publicou uma reportagem apontando que os carros próprios ficam em média 95% do tempo parados nas garagens de casa ou do escritório. E este mau uso dos veículos tem tido grande impacto em metrópoles como São Paulo, por exemplo. Um estudo da Escola Politécnica da USP apontou que, desde o início deste século, de 25% a 30% das áreas construídas na capital paulista estiveram voltadas para os carros. Este índice era de apenas 13% nos anos 1960.
Apesar de recente, a inovação trazida pelos aplicativos de mobilidade já tem influenciado na relação das pessoas com seus veículos. Segundo aponta estudo da Deloitte, dentre os brasileiros que utilizam serviços de veículos compartilhados para se locomover, 55% questionam a necessidade de ter seus próprios carros. Essa tendência é ainda mais evidente quando considerada apenas a opinião dos mais jovens, que pertencem às chamadas gerações Y e Z: 62% deles consideram dispensável possuir um veículo no futuro, sendo que 43% dos jovens que participaram do estudo utilizam esse serviço pelo menos uma vez por semana.
Os dados apontam para uma grande revolução em mobilidade já que a economia compartilhada tem se sobressaído globalmente em várias áreas. Hoje, os aplicativos de mobilidade representam apenas 4% dos quilômetros viajados em todo o mundo, índice que saltará para mais de 26% até 2030, segundo estima o Morgan Stanley.
Isso mostra que a mudança na relação das pessoas com seus carros próprios - assim como já ocorreu no consumo de músicas e filmes, que tem extinguido as prateleiras com CDs e DVDs - já está acontecendo. A cada dia, mais e mais pessoas percebem os benefícios de vender ou deixar seu carro em casa e decidem viver a mobilidade do futuro. E você, também vai dar esse passo?

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