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Saúde

- Publicada em 05 de Março de 2018 às 22:02

Faltam servidores no Postão da Cruzeiro, alerta o Simpa

Área de traumatologia do posto na Zona Sul da Capital deveria funcionar 24h, mas não há médico à noite

Área de traumatologia do posto na Zona Sul da Capital deveria funcionar 24h, mas não há médico à noite


/Claiton Dornelles/JC
Em 2016, um episódio ocorrido no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (Pacs), conhecido como Postão da Vila Cruzeiro, na Zona Sul da Capital, chamou atenção: pacientes utilizavam o chão da área reservada à saúde mental como cama, uma vez que todos os 14 leitos disponíveis estavam ocupados. Dois anos depois, cena semelhante, embora não tão perturbadora, foi registrada no local. Em visita realizada no dia 15 de fevereiro, representantes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) se depararam com o dobro de pacientes - 28 - distribuídos em um espaço com capacidade para 14. Além disso, homens, mulheres e adolescentes estavam misturados.
Em 2016, um episódio ocorrido no Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (Pacs), conhecido como Postão da Vila Cruzeiro, na Zona Sul da Capital, chamou atenção: pacientes utilizavam o chão da área reservada à saúde mental como cama, uma vez que todos os 14 leitos disponíveis estavam ocupados. Dois anos depois, cena semelhante, embora não tão perturbadora, foi registrada no local. Em visita realizada no dia 15 de fevereiro, representantes do Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (Simpa) se depararam com o dobro de pacientes - 28 - distribuídos em um espaço com capacidade para 14. Além disso, homens, mulheres e adolescentes estavam misturados.
"Naquele dia, havia apenas dois técnicos de enfermagem, uma enfermeira e um psiquiatra para atender esses 28 pacientes. Para o setor da psiquiatria, o ideal seriam cinco técnicos, um enfermeiro e, pelo menos, dois psiquiatras por turno", argumenta Alberto Terres, um dos diretores-gerais do sindicato. Ele ressalta que quem costuma procurar a emergência em saúde mental geralmente são usuários de drogas ou álcool, ou pessoas em surto psicótico devido a doenças como esquizofrenia. "São pessoas que, às vezes, devem ser contidas, sob pena de servidores serem agredidos."
Segundo Terres, o argumento da prefeitura para não contratar mais servidores é o mais recorrente: falta de dinheiro. No entanto, o sindicalista questiona o destino dado aos recursos arrecadados pelo Fundo Municipal de Saúde. "Em média, o fundo arrecada R$ 220 milhões por mês (média de junho a dezembro do ano passado). O gasto da prefeitura com folha de pagamento é de R$ 41 milhões. Para onde vai o que sobra?", indaga. 
De acordo com a prefeitura, o exemplo citado pelo Simpa foi pontual. A situação ocorreu quando havia muitos funcionários em férias, e, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), já foi corrigida. A prefeitura também acredita que a abertura dos 30 primeiros leitos de saúde mental no Hospital Santa Ana, prevista para abril, deve ajudar a desafogar o Pacs. Além disso, atuam, hoje, 26 psiquiatras, cinco enfermeiros e 26 técnicos de enfermagem na saúde mental do pronto-atendimento.
A pasta também esclarece que os recursos arrecadados pelo fundo são carimbados e devem ser repassados aos hospitais prestadores de serviço, como a Santa Casa, o Hospital de Clínicas e o Cristo Redentor, por exemplo. "Não se pode retirar recurso da assistência das pessoas para custear recursos humanos", explica a SMS. 
 

'Funcionários estão sobrecarregados', diz emergencista

Mesmo que a superlotação na área de saúde mental tenha sido um caso pontual, a falta de recursos humanos denunciada pelo Simpa não é. De acordo com a emergencista Clarissa Bassin, que atua desde 1997 no local, há um número significativo de profissionais que se aposentaram. "Os funcionários estão sobrecarregados, o processo de liberação de aposentadoria é longo e a prefeitura não faz concursos para repor os aposentados", conta. Como exemplo, a médica cita a área de traumatologia e ortopedia - o serviço deveria funcionar 24h, mas isso não é possível devido à falta de servidores para o turno da noite.
Para a médica, a superlotação também decorre da falta de funcionários como um todo. "Os pacientes não são bem encaminhados na saúde básica. Em algumas regiões da cidade, não há unidade de saúde básica e, em algumas dessas unidades, não há médicos suficientes. Além disso, o Rio Grande do Sul vem fechando leitos: perdemos quatro hospitais em quatro anos", lamenta Clarissa, referindo-se aos hospitais Parque Belém, Petrópolis, Porto Alegre e Beneficência Portuguesa, que foram fechados ou reduziram consideravelmente o atendimento.
A prefeitura contesta a informação, alegando que há dois editais em andamento: um para especialistas - anestesia, atendimento pré-hospitalar, emergência, ginecologia e obstetrícia, medicina intensiva, medicina da família, neurocirurgia, ortopedia e traumatologia, pediatria e psiquiatria infantil - e outro para o Instituto Municipal de Saúde de Estratégia de Saúde da Família. No total, segundo a prefeitura, 81 médicos, 44 técnicos de enfermagem e 32 enfermeiros trabalham no Pacs.