O entendimento dos investidores de uma postura mais suave do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) no ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos impulsionou o Ibovespa a tocar o patamar dos 85 mil pontos perto do fim do pregão de ontem. Mas perdeu a força e acabou fechando em alta de 0,97%, aos 84.976 pontos e giro financeiro de R$ 11,190 bilhões.
O Ibovespa só não subiu mais durante o pregão porque ainda havia um sentimento de cautela com as expectativas em torno da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) no início da noite. Após o fechamento do mercado, o Copom anunciou corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, que agora ficou em 6,50% ao ano
Durante o pregão, o Ibovespa atingiu a máxima aos 84.936 pontos, assim que o Fed anunciou a alta de 0,25 ponto nos Fed Funds, cujos juros foram para a faixa entre 1,50% e 1,75%. Além disso, a taxa de desconto foi elevada em 0,25 ponto percentual, para 2,25%. A decisão pela subida nos juros foi tomada de forma unânime. Mas a bolsa reduziu o ritmo de ganhos e ficou operando de lado durante o discurso do presidente da autoridade monetária norte-americana, Jerome Powell. "Os sinais são de que a economia norte-americana está saudável e forte, e isso é um bom sinal para o mundo. Os Estados Unidos indo bem, o mercado mundial cresce junto", disse Shin Lai, analista da Upside Investor Research.
Na avaliação de Lai, a boa perspectiva para a atividade dos Estados Unidos também contribuiu para a alta dos setores de energia. Os contratos futuros de petróleo subiram em torno de 3%, assim como os índices de metais. O minério de ferro já havia fechado com valorização de 0,46% no porto de Qingdao, na China. Por aqui, as ações da Petrobras ON e PN fecharam com ganhos de 3,80% e 4,11%, respectivamente. Vale ON subiu 2,16%.
Na leitura de analistas, a indicação de que o ciclo de aperto monetário nos EUA tenha ficado mais longo - ou mais suave - melhorou o cenário de incertezas, que vinham desde o mês passado. Ainda assim, ressaltam, há uma divisão igualitária entre os integrantes do Fed.
O desfecho da reunião de política monetária do Fed reforçou o movimento de desmontagem de posições compradas em dólar, e a moeda norte-americana ampliou o ritmo de queda ante o real no período da tarde de ontem. A leitura de que o Fed deverá manter o gradualismo em 2018 enfraqueceu a moeda norte-americana, embora tenha deixado espaço para a cautela no que diz respeito a um maior endurecimento da política monetária dos EUA nos anos subsequentes.
O dólar à vista teve queda de 1,28%, cotado a R$ 3,2661. Com isso, devolveu com folga as altas das duas sessões anteriores, geradas pelos temores de um Fed mais "hawkish" (duro). Os negócios no mercado à vista somaram US$ 1,168 bilhão.
O dólar já havia iniciado o dia em queda, devolvendo parte dos ganhos da véspera, quando havia atingido o maior valor do ano, acima dos R$ 3,30. A tendência foi mantida em linha com o cenário internacional, mas ganhou fôlego rápido e constantemente após a manifestação do Fed.