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Comércio exterior

- Publicada em 20 de Março de 2018 às 22:15

Meirelles expressa aos EUA preocupação sobre tributo ao aço

No encontro, Mnuchin afirmou que 'compreendia situação do País'

No encontro, Mnuchin afirmou que 'compreendia situação do País'


/JUAN MABROMATA/AFP/JC
O ministro da Fazenda brasileiro, Henrique Meirelles, disse, ao final da reunião do G-20, em Buenos Aires, e após encontro bilateral com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que expôs ao funcionário dos EUA que a nova taxação do aço e do alumínio prejudicaria os dois países.
O ministro da Fazenda brasileiro, Henrique Meirelles, disse, ao final da reunião do G-20, em Buenos Aires, e após encontro bilateral com o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, que expôs ao funcionário dos EUA que a nova taxação do aço e do alumínio prejudicaria os dois países.
"Eu não pedi a isenção do Brasil, porque não é para ele que se deve pedir, apenas transmiti que isso nos preocupa e que prejudicaria, além do Brasil, a indústria norte-americana, uma vez que, com a isenção do Canadá, o Brasil passa a ser o maior exportador de aço para a indústria dos EUA, e que a taxação acabaria encarecendo os produtos para os norte-americanos."
Segundo Meirelles, Mnuchin manifestou compreender a situação e afirmou que levaria a discussão ao secretário de Comércio, Wilbur Ross, e a seus superiores. "Manifestei que a relação bilateral entre EUA e Brasil é muito importante e que nós não gostaríamos que isso se alterasse por conta desse fato. A ideia é gestionar por uma isenção dessa tributação num futuro próximo."
O ministro brasileiro disse não ver diferença na recepção da reivindicação brasileira com relação à feita por parte da Argentina, que pediu diretamente a isenção da taxação para seu país, e não apenas neste fórum, mas também por meio de conversa telefônica entre os presidentes Mauricio Macri e Donald Trump.
Sobre as declarações do ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, de que as negociações entre o Mercosul e a União Europeia estavam "estancadas", Meirelles afirmou que as intenções em avançar continuam de ambos os lados. "O ministro francês afirmou isso porque o problema do acordo está com os agricultores franceses, que temem a concorrência", explicou.
Sobre a ausência do termo "protecionismo" do documento final do G-20, Meirelles afirmou que se tratava de algo "natural" nesse tipo de encontro, uma vez que deve haver um consenso entre todos os países, e no caso não houve, por conta da "restrição americana". Porém, afirmou que "Mnuchin disse que os EUA não se julgavam protecionistas e que não pretendem declarar uma guerra comercial".
No geral, Meirelles afirmou que a conclusão do G-20 é que a "economia mundial vai bem, num crescimento moderado, ainda que não eufórico, mas que existem riscos que estão sendo observados com cuidado".
Sobre o Brasil, diz que foi bem-recebida sua exposição sobre as "reformas necessárias e fundamentais que estão fazendo com que o país volte a crescer", acrescentou que foi cumprimentado pessoalmente pelo próprio presidente Macri e reafirmou que a meta de crescimento deste ano segue sendo de 3%. "Houve uma boa recuperação da atividade em dezembro, um refluxo em janeiro, que consideramos natural, mas agora voltamos a uma curva ascendente."

Aço chinês prejudica mais que tarifa de Trump, diz CSN

Para Martinez, importação do país asiático é muito mais nociva

Para Martinez, importação do país asiático é muito mais nociva


/CLAUDIO FACHEL/ARQUIVO/JC
O Brasil deveria ficar menos preocupado com a adoção pelo governo Trump de uma tarifa de 25% sobre o aço importado pelos Estados Unidos do que em relação ao ingresso do produto chinês no seu mercado, que, em 2017, totalizou 1,6 milhão de toneladas. A afirmação foi feita ontem em Porto Alegre pelo diretor comercial da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Luis Fernando Martinez, ao classificar a importação de aço chinês como "muito mais nociva".
O executivo foi o palestrante da reunião-almoço da Associação do Aço do Rio Grande do Sul (AARS) realizada na nova sede da entidade no Centro Empresarial DNA do Aço, sob a presidência de José Antonio Fernandes Martins.
Também projetou um crescimento de cerca de 8% no consumo de aços planos no Brasil neste ano, totalizando 12 milhões de toneladas - uma visão conservadora. Ele admite, devido ao prêmio atual entre 2% e 5% ante o aço importado, após os custos de internalização, a existência de espaço para reajuste de preços em junho.

OMC considera avanço do protecionismo problema real

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Roberto Azevêdo, afirmou que o avanço do protecionismo é uma preocupação real no mundo. "Nas últimas semanas, vimos o espectro do protecionismo crescendo novamente. Isso é uma preocupação real. Estou falando que todos os lados devem tentar resolver essa situação", afirmou Azevêdo, em evento da OMC em Nova Délhi.
Segundo Azevêdo, mais do que nunca, é necessário fortalecer o sistema multilateral de comércio. "Devemos garantir que o sistema seja robusto e que responda às necessidades e prioridades de seus membros", disse.
O chefe da OMC convocou, ainda, os países-membros da organização a "encarar os problemas diante de nós". "Essa é a hora de mostrar nosso apoio ao sistema de comércio", afirmou.
As declarações de Azevêdo ocorrem ao mesmo tempo em que há a escalada de tensões comerciais envolvendo os Estados Unidos e os exportadores de produtos siderúrgicos. O país impôs tarifa de importação de 25% sobre o aço e 10% para o alumínio, ainda que tenha sinalizado que pode isentar da barreira o Canadá e o México, membros do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), e outras nações.

Brasil articula com empresas americanas para derrubar sobretaxa

O Brasil está reforçando sua articulação com as empresas privadas norte-americanas consumidoras de aço para que elas ingressem com pedidos de exclusão dos produtos brasileiros da sobretaxa de 25% imposta pelos Estados Unidos em suas importações. "A articulação junto aos privados é fundamental para o êxito", disse o secretário de Comércio Exterior, Abrão Árabe Neto.
O Departamento de Comércio dos EUA publicou, na segunda-feira, um detalhamento das regras pelas quais será possível pedir a exclusão de produtos de aço da sobretaxa. As normas se aplicam também às compras de alumínio, sobre as quais incidirá uma taxa adicional de 10%.
Pela regulamentação, somente pessoas e empresas norte-americanas usuárias dos produtos poderão ingressar com pedidos de exclusão. Após apresentado o pedido, ele será tornado público e será possível contestar a necessidade de isentar aquele bem da sobretaxa em até 30 dias.
O governo norte-americano espera dar respostas em 90 dias. As exclusões serão decididas por produto e por empresa, mas a administração pode, se achar necessário, fazer liberações mais amplas. A exceção vale pelo prazo de um ano.
A expectativa é que os compradores de aço brasileiro nos EUA ingressem com os pedidos o quanto antes. Para conseguir a exclusão, é preciso demonstrar que a produção local é insuficiente ou que o produto disponível não atende a requisitos de qualidade necessários. Existe também a hipótese de obter a exclusão sob o argumento da segurança nacional.
O regulamento explica que existirá um outro trâmite à parte, no qual a sobretaxa poderá ser negociada de governo a governo. O Brasil já enviou duas cartas para Washington, uma para o secretário de Comércio, Wilbur Ross, e outra para o representante de Comércio, Robert Lighthizer. Mas, até o momento, não houve sinal para abertura de uma negociação bilateral.
O governo brasileiro acredita ter fortes argumentos para liberar as exportações brasileiras da sobretaxa. O principal deles é que 80% das vendas para os EUA são de aço semiacabado, que é matéria-prima para as siderúrgicas locais. Ou seja, as indústrias são complementares. Ainda mais porque o Brasil importa perto de US$ 1 bilhão em carvão siderúrgico norte-americano.
No ano passado, as vendas de aço para os EUA totalizaram US$ 2,6 bilhões. Em volume, o País é o segundo maior fornecedor do produto para aquele mercado.