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Relações Internacionais

- Publicada em 19 de Março de 2018 às 22:09

EUA cria regras duras para sobretaxa do aço

Brasil é o segundo maior fornecedor siderúrgico aos Estados Unidos

Brasil é o segundo maior fornecedor siderúrgico aos Estados Unidos


/SCOTT OLSON/GETTY IMAGES/AFP/JC
O governo dos Estados Unidos abriu ontem um prazo para que as empresas estrangeiras busquem isenções das tarifas sobre aço e alumínio, a polêmica medida anunciada pelo presidente Donald Trump para proteger a "indústria doméstica". A previsão era que as tarifas começassem a ser aplicadas a partir de sexta-feira, dia 23 de março. O processo de apresentação de solicitações para conseguir a isenção levará até 90 dias.
O governo dos Estados Unidos abriu ontem um prazo para que as empresas estrangeiras busquem isenções das tarifas sobre aço e alumínio, a polêmica medida anunciada pelo presidente Donald Trump para proteger a "indústria doméstica". A previsão era que as tarifas começassem a ser aplicadas a partir de sexta-feira, dia 23 de março. O processo de apresentação de solicitações para conseguir a isenção levará até 90 dias.
O governo norte-americano colocou requisitos mais duros do que esperava o Brasil para poupar o aço e o alumínio importados da barreira levantada pelo presidente Donald Trump. No último dia 8, o Trump anunciou que o aço e o alumínio importados pagarão sobretaxa de 25% para entrar nos EUA. Foram poupados apenas os produtos fabricados no Canadá e no México. O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA e vendeu, no ano passado, US$ 2,6 bilhões em produtos siderúrgicos aos EUA.
Ao levantar a barreira, Trump comunicou que empresas norte-americanas poderiam recorrer da barreira. Pelas regras divulgadas ontem, somente as empresas que consomem aço e alumínio em suas atividades poderão recorrer, como empresas de construção civil e indústrias.
Havia a expectativa no Brasil de que outros setores indiretamente afetados, como os produtores de carvão dos EUA, pudessem pedir a retirada do Brasil da barreira de Trump. O Brasil é o maior consumidor de carvão dos EUA, e o produto é usado por siderúrgicas como combustível para a fabricação de aço. Empresários brasileiros esperavam usar a pressão dos carvoeiros a seu favor. Por este caminho, a possibilidade foi fechada.
Pelas regras, o empresário norte-americano que solicitar a exclusão de importados da sobretaxa terá que especificar sua atividade nos EUA e, além disso, terá que justificar que a compra no exterior se deve à produção insuficiente ou de qualidade inferior à de similares americanos. O pedido deve ser feito produto a produto, e somente o Departamento de Comércio pode avalizar a liberação para importação de uma quantidade superior ao solicitado pelos consumidores.
Cada consumidor deve entregar seu pedido de exclusão. Essa é a janela aberta para recurso das empresas à barreira de Trump.
Representantes do Brasil tentarão convencer a administração dos EUA de poupar o País da barreira comercial. O encontro ainda não tem data marcada. Um dos argumentos é que os EUA não produzem todo o aço de que precisam, e 80% do produto vendido pelo Brasil é aço semiacabado, que ainda será industrializado nos EUA.
 

Meirelles diz que protecionismo recente estimula outros acordos comerciais

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o movimento dos Estados Unidos de sobretaxar as importações de aço acaba estimulando as negociações de outros acordos comerciais, como o do Mercosul e União Europeia e até mesmo a aproximação com a Aliança do Pacífico (Chile, México, Colômbia e Peru). Meirelles disse que o comércio internacional será o grande tema da reunião do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), em Buenos Aires, como já ocorreu no último encontro, na Alemanha.
"Essas medidas têm como grande consequência (um maior estímulo) para acelerar o tratado de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia. Existe uma abertura maior e uma motivação para um acordo comercial bem como também a abertura de conversas do Mercosul com a Aliança para o Pacífico", destacou.
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, destacou que o Brasil ainda vai negociar com os Estados Unidos antes de qualquer decisão de recorrer à Organização Mundial de Comércio (OMC) contra a sobretaxa ao aço nas importações para os Estados Unidos. Hoje, Meirelles, terá uma reunião bilateral em Buenos Aires com Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, durante a reunião de ministros de Economia e do Banco Central do G-20.
"Os norte-americanos têm que deixar um pouco mais claro (o que eles querem) quando eles sinalizam que querem negociar. Temos que entender quais são os termos, o que querem negociar", declarou Meirelles

G-20 vai propor ao FMI formação de fundo para refugiados venezuelanos

Os ministros da Fazenda do Brasil, Henrique Meirelles, e de outros 13 países se reuniram ontem em Buenos Aires. O assunto foi a dívida externa da Venezuela e a criação de um fundo multilateral para atender os milhares de venezuelanos, que estão cruzando a fronteira para fugir da grave crise econômica, política e humanitária no país. Segundo Meirelles, a proposta será levada à reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI) em abril.
"O dinheiro (do fundo) seria para assistência, acomodação e direcionamento desses refugiados fora da Venezuela", disse Meirelles após o encontro. Ele lembrou que já existem 300 mil venezuelanos na Colômbia e 40 mil no estado brasileiro de Roraima, entrando pela região da mata da Amazônia.
O encontro para tratar da Venezuela foi paralelo às reuniões de ministros da Fazenda e presidentes dos bancos centrais do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo), que representa 85% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial e que, neste ano, é presidido pela Argentina. Além do Brasil, participaram do encontro representantes de Alemanha, Canadá, Chile, Colômbia, Espanha, EUA, França, Japão, Itália, México, Peru, Paraguai e Reino Unido.

Ministro argentino pede a secretário norte-americano fim do imposto

O ministro da Fazenda argentino, Nicolás Dujovne, pediu ontem a Steven Mnuchin, secretário do Tesouro dos EUA, que não cobre taxas ao aço de seu país, porque isso causaria danos à indústria local. A Argentina vem insistindo nesse tema. Na semana passada, o próprio presidente Mauricio Macri fez o pedido a Donald Trump, em conversa telefônica. Outros países também reclamaram da taxação, como China e Alemanha.
A resposta do representante dos EUA foi de que o assunto estaria sendo analisado e que seria levada em conta a boa relação atual entre os governos da Argentina e dos EUA. Trump havia afirmado que só ficariam de fora do aumento de tarifas apenas o Canadá e o México, seus parceiros no Nafta (Tratado de Livre Comércio da América do Norte).