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mercado financeiro

- Publicada em 15 de Março de 2018 às 21:41

Petrobras teve prejuízo de R$ 446 milhões em 2017

Pagamento de acordo nos EUA afetou os resultados da companhia

Pagamento de acordo nos EUA afetou os resultados da companhia


/YASUYOSHI CHIBA/AFP/JC
Com forte impacto do acordo para encerrar uma ação coletiva movida por investidores nos Estados Unidos, a Petrobras registrou em 2017 prejuízo de R$ 446 milhões. É o quarto ano de prejuízo consecutivo da companhia, porém em nível menor do que nos anos anteriores. As perdas em 2016 haviam sido de R$ 14,8 bilhões.
Com forte impacto do acordo para encerrar uma ação coletiva movida por investidores nos Estados Unidos, a Petrobras registrou em 2017 prejuízo de R$ 446 milhões. É o quarto ano de prejuízo consecutivo da companhia, porém em nível menor do que nos anos anteriores. As perdas em 2016 haviam sido de R$ 14,8 bilhões.
No quarto trimestre de 2017, a Petrobras reportou prejuízo líquido de R$ 5,477 bilhões, revertendo o lucro líquido de R$ 2,510 bilhões de igual intervalo de 2016 e o ganho de R$ 266 milhões dos três meses imediatamente anteriores, conforme os números atribuíveis aos acionistas.
Em nota, a empresa aponta que teria alcançado um lucro líquido de R$ 7 bilhões sem as despesas extraordinárias - especialmente o acordo de R$ 11 bilhões para encerramento da ação coletiva de investidores nos EUA e a adesão a programas de regularização de débitos federais, que somaram R$ 10,4 bilhões -, que tiveram impacto significativo no resultado.
Tais despesas afetaram fortemente o resultado do quarto trimestre, que fechou com um prejuízo líquido de R$ 5,4 bilhões, ante lucro de R$ 2,5 bilhões no mesmo período do ano anterior.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 2017 foi de R$ 76,5 bilhões. No ano anterior, o valor foi de R$ 88,6 bilhões.
A Petrobras também anunciou que perdeu participação no mercado brasileiro de gasolina e diesel em 2017, ainda que tenha adotado uma nova política de preços para aumentar a competitividade no setor.
Na gasolina, a parcela da Petrobras caiu para 83% em 2017, contra 90% em 2016 e 96% em 2015. Já no diesel, a fatia foi de 74% em 2017, contra 83% em 2016 e 97% em 2015.
Em fevereiro, a fatia da companhia no mercado de gasolina estava em 77%. No diesel, a participação era de 79%.

Ações da estatal caem mais de 4% e arrastam o Ibovespa; dólar sobe

O prejuízo da Petrobras em 2017, no quarto ano seguido de perdas da estatal, desagradou aos investidores nesta quinta-feira e as ações fecharam com forte desvalorização, arrastando a bolsa brasileira. O dólar à vista terminou o dia em alta de 0,69%, cotado a R$ 3,2865, sob risco de guerra comercial entre EUA e China.
O Ibovesparecuou 1,30%, para 84.928 pontos. O volume financeiro do dia foi de R$ 12,167 bilhões, contra média diária de R$ 11,06 bilhões em março.
O prejuízo de R$ 446 milhões, embora já esperado por investidores, acabou pressionando as ações da estatal nesta quinta-feira. Os papéis mais negociados da Petrobras caíram 4,78%, para R$ 21,31. As ações ordinárias recuaram 2,08%, para R$ 23,12.
Das 64 ações do Ibovespa, 49 caíram, 14 subiram e uma fechou estável. A Marfrig liderou as quedas, com desvalorização de 5,99%. Papéis de outros frigoríficos também caíram, sob o mau humor do mercado. A BRF teve queda de 4,32%, a JBS perdeu 3,26% e a Minerva se desvalorizou 1,75%.
As siderúrgicas também tiveram uma sessão de perdas. A ação da CSN caiu 3,18%, a Usiminas perdeu 1,76%, a Gerdau se desvalorizou 3,18% e a Metalúrgica Gerdau teve baixa de 2,75%. A mineradora Vale caiu 0,47%, para R$ 42,40, embora os preços do minério tenham subido.
Na ponta positiva, a Via Varejo subiu 3,07%. A Cemig avançou 2,50% e a Magazine Luiza teve ganho de 1,45%.
No setor financeiro, os papéis do Itaú Unibanco subiram 0,47%. As ações preferenciais do Bradesco caíram 1,45%, e as ordinárias recuaram 2,26%. O Banco do Brasil caiu 0,21%, e as units - conjunto de ações - do Santander Brasil tiveram desvalorização de 0,19%.
 

Endividamento da empresa é o mais reduzido desde 2012

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou que houve uma melhora na gestão da dívida, ao eliminar passivos. Em 2017, a empresa reduziu a dívida líquida para US$ 84,8 bilhões, menor valor desde 2012.
No entanto, alguns indicadores considerados relevantes para a saúde financeira da estatal pioraram, como a relação dívida líquida/Ebitda ajustado, que mede a capacidade da empresa de pagar suas dívidas com a geração de caixa atual. O indicador subiu de 3,16 vezes no final de setembro para 3,67 vezes em dezembro. A meta da empresa é levar a relação para abaixo de 2,5 vezes.
Apesar do pagamento de
R$ 11,1 bilhões a investidores nos EUA, para encerrar ação coletiva, o que comprometeu a geração de caixa e métricas de alavancagem, a perspectiva é de que a meta de 2,5 vezes para a relação de Ebitda ajustado e dívida líquida seja alcançada ao fim do ano.
Para isso, a empresa conta com o fluxo de caixa livre e com a continuidade dos resultados operacionais positivos. "A empresa, sob o ponto de vista operacional, está muito bem e temos certeza de que vamos continuar bem", disse Parente.

Conselho avaliará estudo sobre mudança nos dividendos

Ao apresentar o resultado da empresa em 2017, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, destacou o pedido do conselho de administração para que fossem avaliadas mudanças na política de distribuição de dividendos. "Temos novidades importantes para os acionistas", afirmou.
O estudo, se aprovado pelo conselho de administração, será levado à assembleia com acionistas em abril. A companhia avalia pagamento trimestral de dividendos, conforme comunicado ao mercado divulgado mais cedo.
A nota diz que o conselho de administração determinou a realização de estudos para alterações no estatuto social na cláusula de destinação dos resultados, com o objetivo de estabelecer pagamentos trimestrais de dividendos ou de juros sobre capital, "bem como possibilitar o pagamento de dividendos intermediários à conta da reserva de lucros". No balanço de 2017 não há menção a distribuição de proventos aos acionistas.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, afirmou que a mudança na política de pagamento de dividendos vale para a controladora e não necessariamente será estendida às subsidiárias, como à BR Distribuidora. O conselho da BR vai decidir por conta própria se vai pedir estudo para mudar a sua política. Para a controladora, a mudança "não é inusitada, mas uma visão de aperfeiçoamento", disse Parente.