Empresas de energia que já operam no Brasil - como Enel, Equatorial, Neoenergia e Energia - estão em processo avançado de avaliação das distribuidoras da Eletrobras, afirmou ontem o presidente da estatal, Wilson Ferreira Júnior. A previsão é que o leilão das seis empresas, que serão vendidas separadamente, ocorra em 4 de maio. O edital deverá ser publicado até a próxima semana.
"Muitas delas já fizeram diligências. (...) Não tenho dúvida de que é bom negócio", disse o executivo nesta quarta-feira, após evento na B3, em que a empresa conquistou sua adesão no Programa Destaque em Governança de Estatais da bolsa.
"Tenho convicção de que um bom operador brasileiro verá capacidade de operar. Exigirá um investimento de capital grande, que permitirá aumento de produtividade", disse.
Ferreira Júnior, porém, não descarta um plano B, que seria liquidar as empresas, caso não haja interessados em alguma delas. "Hoje, estamos interagindo com empresas que fazem esse trabalho (liquidação). Tenho que ter plano B. Estou avaliando essas alternativas, mas espero que, pela qualidade, a gente venda", afirmou.
A venda das seis distribuidoras é considerada um primeiro passo para o processo de desestatização da estatal da energia. As empresas - que hoje demandam que a controladora reserve R$ 13 bilhões de provisões para perdas - serão vendidas a um preço simbólico de R$ 50 mil.
A expectativa, segundo Ferreira Júnior, é que a controladora consiga, com a venda, deixar de gastar com a operação das distribuidoras e, ainda, recuperar parte de suas perdas passadas, já que a Eletrobras também ficará com cerca de um terço das companhias.
Já os débitos bilionários das distribuidoras em disputa com a Aneel (agência reguladora de energia), que a Eletrobras decidiu absorver para deixar as empresas mais atrativas a interessados, poderão ser levados à Justiça, afirmou o presidente da estatal.
A agência cobra uma dívida de R$ 4 bilhões que as distribuidoras deveriam pagar à Aneel. A Eletrobras, por sua vez, contesta a cobrança e afirma que, na verdade, as empresas deveriam receber R$ 8,5 bilhões do órgão.
Hoje, a disputa é travada no âmbito administrativo, mas a estatal está disposta a ir à esfera judicial caso a questão não seja resolvida, disse Ferreira Júnior.
"Acredito na sensibilidade da agência na esfera administrativa, que é a mais rápida. Se não for nesse caminho, temos o direito e vamos recorrer à Justiça."