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Polo Naval

- Publicada em 08 de Março de 2018 às 22:49

Metalúrgicos tentam evitar venda de P-71

Construção da estrutura estava sendo feita no estaleiro Rio Grande

Construção da estrutura estava sendo feita no estaleiro Rio Grande


ANTONIO PAZ/ANTONIO PAZ/ARQUIVO/JC
Com a confirmação, por parte da Petrobras, de que o casco da plataforma P-71 será construído na China - e não mais em Rio Grande, onde teve as obras iniciadas -, o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte e as frentes parlamentares em defesa do polo naval tentam evitar que a estrutura de casco já feita no estaleiro gaúcho da Ecovix seja vendida como sucata. A ideia é impedir uma eventual ação dessa natureza através do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF).
Com a confirmação, por parte da Petrobras, de que o casco da plataforma P-71 será construído na China - e não mais em Rio Grande, onde teve as obras iniciadas -, o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte e as frentes parlamentares em defesa do polo naval tentam evitar que a estrutura de casco já feita no estaleiro gaúcho da Ecovix seja vendida como sucata. A ideia é impedir uma eventual ação dessa natureza através do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF).
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte, Benito Gonçalves, que também é vereador em Rio Grande pelo PT, esteve, nesta quinta-feira, em Brasília, mantendo reuniões no TCU e no MPF, tratando dessa questão. O sindicalista recorda que metade do casco da P-71 já foi concluído no Estado e que a Petrobras resolveu encomendar, na Ásia, uma obra partindo do zero, sem aproveitar o que já foi feito. Os trabalhos nessa plataforma, dentro do estaleiro da Ecovix, foram interrompidos em dezembro de 2016. A empresa, que foi duramente afetada pela Operação Lava Jato com investigações quanto à corrupção, encontra-se, atualmente, em um processo de recuperação judicial e com atividades estagnadas.
Gonçalves ressalta que a medida mais imediata a ser tomada é conseguir evitar a venda de qualquer peça do casco da plataforma que se encontra no estaleiro em Rio Grande como sucata, para depois lutar por uma retomada de obras. "Porque brigar pela retomada do que não existe não adianta", frisa o sindicalista. No ano passado, blocos da plataforma P-72, que também se encontravam no estaleiro da Ecovix, foram vendidos como sucata para a Gerdau.
De acordo com nota da Petrobras, o casco da P-71 será realizado pelo estaleiro chinês CIMC Raffles, visto que não foram identificados no Brasil estaleiros com capacidade de atender à demanda de construir uma nova estrutura deste porte. O casco tem previsão de entrega no final de 2019. A integração dos módulos da planta de processo no casco está prevista para ser realizada no estaleiro Jurong, no Espírito Santo, onde também está planejada a construção de alguns módulos, conforme contrato original. Segundo nota da estatal, "por questões de ordem técnica e econômica, a alternativa de aproveitar os blocos já fabricados não é a que melhor atende aos interesses da Petrobras e de seus parceiros".
Também através de comunicado, a Ecovix informa que lamenta a decisão da Petrobras de, sem explicação razoável, cancelar unilateralmente a construção da plataforma P-71 no estaleiro gaúcho quando a embarcação já tinha trabalhos avançados. "É ainda mais estranho que a Petrobras prefira comprar plataformas chinesas, acabando com os empregos no polo naval de Rio Grande e no estaleiro que criou", diz a nota.
O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte, Sadi Machado, lembra que o presidente da estatal, Pedro Parente, no ano passado, havia manifestado publicamente que a empresa não tinha mais interesse na continuidade da P-71 e que a plataforma estava fora dos planos da companhia. "É uma contradição (a realização na China) e todos sabem que a construção do casco em Rio Grande sairia muito mais barato do que encomendar lá fora", enfatiza.

Deputados e sindicalistas acusam governo do Rio Grande do Sul de omissão

Tanto os dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande e São José do Norte como o presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Indústria Naval, deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), e o coordenador da Frente Parlamentar em Defesa do Polo Naval de Rio Grande, deputado estadual Nelsinho Metalúrgico (PT), criticam o governo do Estado pelo que afirmam ser um descaso quanto à questão do polo naval. Para eles, o Executivo gaúcho deveria ser mais ativo ao lidar com essa pauta.
Fontana se diz revoltado com a situação. "O Rio Grande do Sul deveria levantar um enorme movimento de pressão sobre o governo federal", sustenta. O deputado reitera que, primeiramente, a Petrobras informava que abandonaria a encomenda da P-71, mas a situação tornou-se mais grave quando a estatal decide pagar para que serviços dessa estrutura sejam feitos no exterior. Fontana afirma que falta liderança política do governador do Estado e reforça que José Ivo Sartori pertence ao mesmo partido do presidente da República, Michel Temer, o PMDB. "Tinha que estar fazendo uma guerra sobre esse assunto, para não perder essa plataforma", sustenta o deputado.
Nelsinho Metalúrgico também recebeu com indignação a informação de que a Petrobras vai implementar o casco da P-71 na China. O parlamentar afirma que, até agora, foram investidos mais de R$ 100 milhões nas obras da plataforma em Rio Grande. "E esse é um dinheiro público que vai para o lixo, virar sucata", lamenta. O deputado espera que o Ministério Público e o Tribunal de Contas suspendam a encomenda que a Petrobras fez fora do País relativa à P-71.
O chefe da Casa Civil, Fabio Branco, considera as críticas feitas ao governo do Estado como injustas, demagógicas e irresponsáveis. "Sempre que houve oportunidade, o governador defendeu o polo naval", salienta o secretário. Branco lembra que representantes do Executivo gaúcho tiveram reuniões com os presidentes da República e da Petrobras, além do ministro de Minas e Energia, para tratar do tema. O secretário frisa que não concorda com a transferência da encomenda da P-71 para a Ásia, mas compreende as dificuldades enfrentadas pela Petrobras e a necessidade de a empresa reestruturar-se.