O mês de março está terminando, mas as mulheres continuam na pauta da semana - fortes e inesquecíveis, Maria Lídia Magliani e Eva Sopher têm suas memórias relembradas em atividades conjuntas em Porto Alegre.
Desde ontem, o tão almejado Multipalco passou a chamar-se Multipalco Eva Sopher - uma homenagem mais do que merecida a quem dedicou boa parte da sua vida à cultura do Rio Grande do Sul. E, a partir de hoje, o foyer do espaço cultural recebe a mostra Magliani, uma troca: teu olho - minha mão, destacando trabalhos da artista pelotense.
A ideia de rebatizar o Multipalco com o nome de sua grande idealizadora surgiu naturalmente no dia do falecimento de Eva Sopher, em 7 de fevereiro deste ano. A cerimônia ocorreu ontem, no foyer do Multipalco, na mesma data em que é celebrado o Dia Mundial do Teatro. O dia marcou, ainda, a posse do jornalista, escritor, pesquisador e crítico do Jornal do Comércio, Antonio Hohlfeldt, como o novo presidente da Fundação Theatro São Pedro.
Construído ao lado do Theatro São Pedro graças ao esforço de dona Eva, o Multipalco oferece grande infraestrutura a artistas, técnicos e espectadores. O espaço já conta com uma praça, restaurante e concha acústica. Há, ainda, a Sala da Música, o Centro de Formação Cultural Refap, além de estacionamento e subestação transformadora de energia elétrica.
Também já foram concluídas as instalações hidrossanitária, elétrica, lógica e anti-incêndio. O desafio agora é o término de novas etapas, como o teatro italiano, as salas múltiplas, o teatro oficina, a sala para dança e a central térmica. Ainda faltam cerca de R$ 12 milhões para finalizar o Multipalco - até agora, foram investidos no complexo R$ 40 milhões.
Já a exposição traz obras de Magliani em dois momentos específicos de sua produção: uma parte do período carioca compreendido entre os anos de 2004 e 2007, com obras das séries Um de todos, Retratos de ninguém e Dançantes; e o segundo conjunto, o período mineiro vivido em Tiradentes, entre 1990 e 1996, quando seu trabalho foi bastante marcado pela produção de esculturas.
Multifacetada, Magliani foi pintora, desenhista, gravadora, ilustradora, figurinista e cenógrafa. Ela nasceu em Pelotas e formou-se pelo Instituto de Artes da Ufrgs - em 1966 montou sua primeira exposição individual na Galeria Espaço em Porto Alegre, incentivada pelo professor Ado Malagoli. Na década de 1990, depois de ter vivido em Minas, mudou-se para o Rio, cidade na qual participou de atividades do Estúdio Dezenove até a sua morte, em 2012.
A partir de 2013, o espaço organizou o acervo deixado pela artista e constituiu um núcleo de referência, envolvendo pesquisa e criação de um arquivo documental para acesso público.
O curador da mostra é Julio Castro, artista visual, professor e curador - ele dedica-se à produção artística desde os anos 1990. Participou das mostras no Rio de Janeiro, Madri, Bélgica, Córdoba, entre outras, e já expôs individualmente no Rio de Janeiro, Pelotas, Porto Alegre, em Lisboa e em Bruxelas. Atualmente, coordena o Estudio Dezenove.
A mostra no Multipalco acontece até 8 de abril, com visitação gratuita, de terça-feira a domingo, das 14h às 18h. O evento também está interligado ao tema da 11ª Bienal do Mercosul - Triângulo do Atlântico, que destaca a importância do trabalho de artistas do continente africano.