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Cultura

- Publicada em 27 de Março de 2018 às 08:23

Cineastas premiados no Festival de Berlim participam de debate em Porto Alegre

Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, autores de Tinta bruta, discutem impressões sobre o festival

Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, autores de Tinta bruta, discutem impressões sobre o festival


FREDY VIEIRA/JC
Luiza Fritzen
Após vencerem o Teddy Awards de melhor longa-metragem no Festival de Berlim deste ano, os diretores e roteiristas de Tinta bruta, Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, participam do bate-papo Berlinale, que discute as impressões sobre o festival e a programação das mostras. O encontro é gratuito e acontece nesta terça-feira (27), no Goethe-Institut (24 de Outubro, 112), às 19h30min, com participações da produtora do filme, Jéssica Luz, e da cineasta Aleteia Selonk.
Após vencerem o Teddy Awards de melhor longa-metragem no Festival de Berlim deste ano, os diretores e roteiristas de Tinta bruta, Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, participam do bate-papo Berlinale, que discute as impressões sobre o festival e a programação das mostras. O encontro é gratuito e acontece nesta terça-feira (27), no Goethe-Institut (24 de Outubro, 112), às 19h30min, com participações da produtora do filme, Jéssica Luz, e da cineasta Aleteia Selonk.
Além do reconhecimento em Berlim, Tinta bruta foi premiado com o CICAE Art Cinema Awards (prêmio da Confederação Internacional de Cinemas de Arte) e, no último dia 16, ganhou o troféu Maguey de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Guadalajara, mais importante festival do gênero da América Latina. O drama conta a história de Pedro, um jovem que lida com a partida da irmã e única amiga, enquanto ganha dinheiro fazendo performances eróticas on-line. Sob o codinome GarotoNeon, ele se apresenta no escuro do seu quarto para milhares de anônimos ao redor do mundo, com o corpo coberto de tinta, em frente à webcam. Ao descobrir que outro rapaz de sua cidade está copiando sua técnica, Pedro decide processá-lo.
Com estreia mundial ocorrida em fevereiro na Mostra Panorama, durante o Festival de Berlim, a previsão é de que o filme seja lançado no Brasil no próximo semestre. Segundo longa-metragem da dupla, a produção segue os passos de Beira-Mar, lançado em 2015, também na Alemanha, na Mostra Fórum. 
A parceria de sucesso entre Matzembacher e Reolon começou há cerca de nove anos, quando cursavam Cinema na Pucrs. Desde lá, os dois trabalharam juntos em curtas e documentários até abrirem sua própria produtora, a Avante Filmes, com mais um sócio. Os cineastas contam que o processo de criação e de direção ocorrem de forma colaborativa. Por morarem e trabalharem juntos, os dois conversam bastante sobre o que querem produzir até ter certeza de que estão imaginando o mesmo filme. Segundo Reolon, o que reforça a sintonia entre eles são suas referências e backgrounds muito semelhantes, como terem trabalhado como atores antes.
O argumento de Tinta bruta teve como origem o curta Quarto vazio, de Matzembacher. A partir daí, a quatro mãos, eles adicionaram características à história, como o uso da webcam - que permite experiências visuais diferentes para a narrativa e retrata figuras on-line, relações a distância e criação de personagens para agradar as pessoas.
Para Reolon, o filme fala sobre raiva, abandono e isolamento, e isso se relaciona com o momento de desesperança do Brasil. "A gente ficou muito afetado com o golpe, e, geralmente, as populações mais vulneráveis (queer, negros, mulheres) tendem a ser as primeiras pessoas a sofrer o impacto (dos retrocessos), então colocamos essa raiva, essa frustração no filme", comenta.
Matzembacher acredita que é difícil para ambos desassociar os filmes da política, mas que suas produções trazem questões políticas através de um ser humano. Com foco no indivíduo, as reflexões partem do micro para o macro, e a solidão do personagem principal se enlaça com a sensação de abandono da capital gaúcha. "A gente sente que Porto Alegre é uma cidade que está ficando abandonada, uma cidade não pensada para as pessoas, que acabam indo embora, e quem decide ficar se sente deixado para trás", explica Reolon. 
Para os cineastas, a representatividade nas telas tem impacto no dia a dia e é papel da arte falar sobre indivíduos que acabam tendo menos voz na sociedade. "Cada vez mais, a gente tem que atentar para os grupos mais periféricos, retratar essas pessoas, dar voz a elas, a essas histórias", afirma Reolon. A escolha dos personagens seguiu a lógica dos cineastas, que, assim como em Beira-mar, trabalharam com atores que estrearam no cinema. Shico Menegat, protagonista do longa, foi descoberto em uma festa e aceitou o desafio de viver Pedro ao lado de Bruno Fernandes, ator de teatro. Juntos, o elenco trabalhou por sete meses para entregar o que buscavam os diretores: atuações tocantes.
Participar do Festival de Berlim pela segunda vez, como explica Matzembacher, dá visibilidade para o filme e o ajuda a chegar com força em outros festivais, além de poder receber "feedbacks de diferentes críticos oriundos de países com diferentes pontos de vista sociais e culturais". Sobre os novos projetos, Reolon comenta que a dupla já começou a desenvolver seu terceiro longa, mas que ainda estão amadurecendo ideias.
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