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Repórter Brasília

- Publicada em 19 de Março de 2018 às 22:20

Ressuscitar o voto útil

São Paulo é a província hegemônica no Brasil. Por isso sua política interna é relevante e determina o curso dos acontecimentos. O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), está fazendo os últimos movimentos para a renúncia, compondo alianças e dando tratos à sua imagem, para se lançar candidato ao governo do estado. No campo político, ele já se acertou com Gilberto Kassab, do PSD. Agora, precisa convencer o eleitorado de que, deixando a prefeitura, não traiu sua votação de há dois anos. É um passo perigoso.
São Paulo é a província hegemônica no Brasil. Por isso sua política interna é relevante e determina o curso dos acontecimentos. O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), está fazendo os últimos movimentos para a renúncia, compondo alianças e dando tratos à sua imagem, para se lançar candidato ao governo do estado. No campo político, ele já se acertou com Gilberto Kassab, do PSD. Agora, precisa convencer o eleitorado de que, deixando a prefeitura, não traiu sua votação de há dois anos. É um passo perigoso.
Maldição gaúcha
Esse dilema, renunciar para subir, é uma maldição gaúcha. Dois ex-prefeitos de Porto Alegre, Tarso Genro (PT) e o deputado federal gaúcho José Fogaça (PMDB), deram com os burros n'água tentando subir a ladeira, pular do Paço Municipal para o Piratini no meio do mandato.
Segundo turno chegando
Voltemos a São Paulo. Atualmente, João Doria é a única possibilidade de os tucanos e a vertente conservadora tradicional marcharem unidos na sucessão estadual e, mais ainda, de levantarem um palanque consistente para o candidato presidencial do PSDB, Geraldo Alckmin. Sem uma vitória avassaladora em São Paulo, o tucano não teria muitas chances de chegar ao segundo turno. A batalha final será decisiva na sucessão presidencial. João Doria procura uma aliança à direita, enquanto seu padrinho político, o governador Geraldo Alckmin, busca um candidato a vice com paladar deglutível para eleitores do campo esquerdista.
Conservadores contra petistas
O prefeito já resolveu seu problema: sua chapa repete a fórmula eleitoral vitoriosa de José Serra (PSDB) para a prefeitura da capital, em 2004, com o atual ministro de Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (PMDB), o então deputado Gilberto Kassab (PSD), que, ainda no DEM, convalidou a guinada tucana à direita como grande expressão da vertente política paulista originária das classes empresariais. Neste ano, em um segundo turno contra algum petista, a dupla Doria/Kassab vai unir todas as forças conservadoras.
Bicho-papão Bolsonaro
Esta aliança seria imprópria para chamar-se de voto útil, que é o nome de uma articulação histórica do campo da esquerda. Entretanto não deixa de ser o famoso esquema para votar contra e não a favor. Pois é aí, no perigo de enfrentar dividido o bicho-papão Jair Bolsonaro (PSL-RJ), que o antigo "campo democrático" dos anos 1970 começa a se movimentar nos bastidores. Num segundo turno contra o capitão, essa vertente precisará voltar aos idos de 1978 (os atuais PMDB, PSDB, PT e PDT formaram juntos a candidatura de Franco Montoro, inclusive o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva e o tucano Fernando Henrique Cardoso) e voltar às urnas no segundo turno para conter à direta hidrófoba. O nome será o que chegar à frente: aí estão Lula (ou seu preposto), Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin.
Aliança precária
A última eleição com "voto útil" explícito foi quando Fernando Collor de Mello (PTC) venceu, no segundo turno, a frente integrada por PT, PSDB, PDT e outros que se uniram em torno da candidatura do petista Lula. Daí em diante, essa fórmula perdeu utilidade, pois, nas eleições seguintes, os segundos turnos se deram dentro do mesmo campo: Fernando Henrique venceu no primeiro turno, e as disputas subsequentes foram entre petistas e tucanos. Tudo em casa.
 
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