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Porto Alegre, ter�a-feira, 03 de abril de 2018.

Jornal do Com�rcio

JC Contabilidade

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Trabalho

Not�cia da edi��o impressa de 04/04/2018. Alterada em 03/04 �s 17h05min

Emprego informal tira a for�a da retomada na economia brasileira

No ano passado, n�mero de trabalhadores com carteira assinada atingiu 38,4 milh�es em todo o Pa�s

No ano passado, n�mero de trabalhadores com carteira assinada atingiu 38,4 milh�es em todo o Pa�s


/MAURO SCHAEFER/ARQUIVO/JC
A recuperação do mercado de trabalho puxada pelo emprego informal, sem carteira assinada, não dá segurança para as famílias voltarem a consumir com força e pode comprometer a retomada. Para especialistas, a conclusão se ancora no cruzamento de dados. Em 2017, foram criadas 1,8 milhão de vagas - todas no setor informal. Com carteira, 685 mil vagas foram perdidas.
Também conta a renda média dos sem carteira e de pequenos empreendedores, metade da renda dos formais, já descontada a inflação. "A propensão a consumir de um empregado formal, que tem mais segurança e acesso ao crédito, é maior do que a de um informal", diz Marcelo Gazzano, economista da consultoria AC Pastore.
Estudo da consultoria de Affonso Celso Pastore, ex-presidente do Banco Central (BC), busca entender por que projeções de consumo vinham negligenciando esse efeito. A sugestão é que, envolvidos pelo cenário de juros mais baixos e melhora, ainda que incipiente, de salários e crédito, analistas menosprezaram o peso da carteira de trabalho em decisões de consumo - o que também explicaria a trajetória surpreendentemente errática do varejo nos últimos meses.
A equipe de Pastore considera revisar a projeção de crescimento para 2018, ainda em 3%. A expectativa é que fique próxima de 2,5%. "Não dá para dizer: não haverá recuperação econômica pelo consumo. Ela virá, mas menos robusta do que se imaginava em razão da profunda alteração no mercado de trabalho", diz Gazzano, responsável pelo estudo.
Um bom exercício, diz ele, é olhar para o consumo das famílias e para o mercado de trabalho num período maior. O consumo atingiu o pico da série histórica, iniciada em 1996, entre 2011 e 2014. Nesse momento, a proporção de trabalhadores com carteira assinada na população ocupada também esteve no teto histórico, ao redor de 45%.
Em apenas três anos, esse percentual foi para 42%, mas o consumo não teve o mesmo comportamento, em especial no ano passado. A trajetória positiva do varejo em 2017 tirou as atenções do mercado de trabalho nessa correlação.
E a oferta de vagas piorou muito. No fim de 2011, eram 39,9 milhões de trabalhadores com carteira. No fim de 2017, 38,4 milhões. No mesmo período, o País saiu do pleno emprego para uma situação em que há 12,3 milhões de desempregados, 26,4 milhões de subempregados e 4,4 milhões que desistiram de buscar trabalho.
O melhor comportamento do varejo em 2017, avalia-se hoje, pode ter sido provocado pela liberação de R$ 44 bilhões do FGTS, pois parte foi para compras.
O sinal de alerta veio com o desempenho pífio do consumo das famílias nos últimos três meses do ano. Com 65% do PIB (Produto Interno Bruto), o consumo determina o que ocorre na economia. Após alta de 1% no segundo e terceiro trimestres de 2017, o consumo quase não se moveu entre outubro e dezembro.
 

Sal�rio de admiss�o cai 2,2% em fevereiro e fica em R$ 1.502,68, mostra o Caged

O sal�rio m�dio de admiss�o no mercado de trabalho formal registrou queda real de 2,2% em fevereiro em rela��o a janeiro de 2018, para R$ 1.502,68, segundo os dados divulgados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Minist�rio do Trabalho. Na compara��o com fevereiro de 2017, ao contr�rio, houve alta real de 2,6%.
Como tem ocorrido nos �ltimos meses, o sal�rio dos novos empregados ficou abaixo do que era recebido pelos trabalhadores demitidos em fevereiro. Na m�dia, o sal�rio dos demitidos foi de R$ 1.662,95. Os que entraram no mercado de trabalho, portanto, recebem o equivalente a 87,31% dos que foram demitidos.
Entre os setores da economia, a ind�stria extrativa � o segmento que tem mais diferen�a salarial entre demitidos e contratados: o sal�rio m�dio dos que entraram � 68,4% da renda m�dia dos demitidos em fevereiro.
Na ind�stria, a propor��o � inferior � m�dia da economia e ficou em 79,5%. A agropecu�ria � o ramo da economia em que contratados e demitidos recebem basicamente a mesma coisa: os novos sal�rios equivalem a 99,6% da renda dos que deixaram os empregos.
Segundo o Caged, o Brasil criou 61.188 mil postos de trabalho em fevereiro. O n�mero � bem superior em rela��o aos mais de 35 mil empregos gerados em fevereiro do ano passado e corresponde ao melhor resultado desde 2014, quando foram abertas 260.823 vagas no mesmo per�odo. No total, foram registradas�1.274.965 admiss�es e 1.213.777 demiss�es.
O m�s de fevereiro tamb�m seguiu a tend�ncia positiva de janeiro, quando foram abertos 77,8 mil novos postos de trabalho no Pa�s. No saldo consolidado de 2017, o Brasil havia tido um resultado negativo, com o fechamento de 20,8 mil postos de trabalho.

Ex-CLT que virou empreendedora sente falta da estabilidade que o documento dava

"Com carteira assinada, a gente sente estabilidade, sabe que, mesmo se for despedido, tem a rescis�o", diz Elisa Betty Costa, 45. A comerciante explica de forma clara o que estudos sugerem: a din�mica do consumo muda na informalidade.
Elisa atuou por 25 anos no ramo da nutri��o, revezando-se entre cozinhas industriais e hospitais. Em mar�o de 2017, deixou o emprego em uma padaria. Pensou que voltaria logo ao mercado formal de trabalho, o que n�o ocorreu. Abriu uma pequena confeitaria no fim de 2017.
"Cortei gastos e n�o fa�o d�vida de longo prazo porque a batalha na conquista do cliente � di�ria. Ou junto dinheiro e compro ou n�o compro".
Para Thiago Xavier, economista da Tend�ncias Consultoria, a expectativa � que a alta informalidade no mercado de trabalho se mantenha. "Quando se olha o padr�o de outras crises, a recupera��o da contrata��o formal demora um pouco mais", diz.
Em suas contas, o estoque de empregados deve crescer 2,2 milh�es neste ano, mas boa parte disso continuar� vindo do mercado informal. Como exemplo, o economista cita a proje��o para o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), o balan�o de empregos formais, que deve ficar ao redor de 900 mil.
Mesmo em n�veis muito diferentes, a renda m�dia real de formais e informais mostrou discreta melhora em 2017, mas neste ano a renda d� sinais de fraqueza inclusive entre os trabalhadores com carteira, o que pode ser mais uma vari�vel a abalar o poder de compra.
Entre os com carteira, o reajuste real dos sal�rios ficou em 0,6%, em fevereiro, ante 0,9% em janeiro e 1% em dezembro, segundo a Fipe (Funda��o Instituto de Pesquisa Econ�micas)
O economista da Tend�ncias Consultoria adiciona outro ponto de preocupa��o: a reforma trabalhista deve elevar as vagas formais de trabalho, mas a qualidade delas pode ser inferior.
A possibilidade de contrata��o por hora trabalhada reduz o custo do trabalho, com efeito sobre a contrata��o.
"Mas n�o � uma entrada ideal no mercado de trabalho. O trabalhador pode ter carteira assinada, mas trabalhar uma hora ou duas horas na semana. Qual a qualidade disso?", questiona Xavier.
Para ele, s� a reforma trabalhista n�o garante a qualidade das vagas. A economia precisa crescer, diz.
Bruno Ottoni, pesquisador do IBRE (Instituto Brasileiro de Economia) da Funda��o Getulio Vargas (FGV), pondera que o informal tamb�m consome. Al�m disso, h� trabalhadores sem carteira que n�o est�o em situa��o prec�ria, como os 'PJ' (pessoa jur�dica).
A informalidade deve seguir em n�veis elevados, seja em raz�o das incertezas eleitorais seja pelo pre�o alto do trabalho, avalia Ottoni. Como ficar� o consumo nesse cen�rio � resumido pela confeiteira Elisa: "sem carteira, a realidade de consumir � outra".
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