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Operação Lava Jato

- Publicada em 06 de Fevereiro de 2018 às 18:09

Padilha descarta ação do Planalto na prisão de Lúcio Funaro

Eliseu Padilha assegurou que não houve pressão para evitar delação

Eliseu Padilha assegurou que não houve pressão para evitar delação


/ANTONIO CRUZ/AGÊNCIA BRASIL/JC
Arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), declarou à Justiça Federal desconhecer qualquer ação de integrantes do primeiro escalão do governo para interferir na prisão do corretor Lúcio Funaro ou para convencê-lo a não assinar acordo de delação premiada com a Justiça. Ele prestou depoimento por videoconferência, na manhã de ontem, ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília.
Arrolado como testemunha de defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), declarou à Justiça Federal desconhecer qualquer ação de integrantes do primeiro escalão do governo para interferir na prisão do corretor Lúcio Funaro ou para convencê-lo a não assinar acordo de delação premiada com a Justiça. Ele prestou depoimento por videoconferência, na manhã de ontem, ao juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília.
"A mim (a prisão de Funaro) não causou nenhum incômodo. E não tenho ciência de que tenha causado em mais alguém (do Palácio do Planalto)", respondeu Padilha ao ser questionado pelo procurador Anselmo Lopes Cordeiro se a prisão do corretor, acusado de atuar como operador financeiro do PMDB, causou algum mal-estar entre a equipe de governo.
O ministro disse que tomou conhecimento da prisão de Funaro pela imprensa e negou que o assunto tenha sido discutido em reuniões no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Michel Temer (PMDB). Padilha também afirmou não ter conhecimento de que membros do governo ou Geddel tenham oferecido qualquer vantagem ou pressionado o operador financeiro para que ele não assinasse o acordo de delação premiada. "Eu não pedi e não tenho ciência de que ninguém (do governo) tenha pedido a ele (Geddel) que falasse com Lúcio Funaro."
Acusado de tentar obstruir a Justiça, por supostamente tentar atrapalhar as investigações das operações Cui Bono e Sépsis, o ex-ministro Geddel Vieira Lima também prestou depoimento ao juiz Vallisney de Oliveira. 
A pedido dos procuradores responsáveis pelo caso, o juiz Vallisney de Oliveira concedeu cinco dias de prazo para o MPF apresentar, por escrito, suas alegações finais. Após receber a sustentação da acusação, a defesa terá cinco dias para se manifestar. Só então o juiz dará sua sentença.

Geddel nega obstrução à Justiça e diz que foi lançado ao 'vale dos leprosos'

O ex-ministro do governo Michel Temer (PMDB) Geddel Vieira Lima (PMDB) disse, em depoimento à Justiça Federal, em Brasília, nesta terça-feira, que as ligações feitas por ele para a esposa do corretor Lúcio Funaro, Raquel Pitta, eram "amigáveis" e buscavam "prestar solidariedade".
Ao contrário do que diz o Ministério Público Federal (MPF) no processo, Geddel negou ter pressionado para que Funaro ficasse em silêncio e não partisse para acordo de colaboração premiada. O peemedebista se disse "abandonado" e acrescentou que foi "lançado no vale dos leprosos".
"Falei algumas vezes com ela, eram telefones amigáveis. Ela (Raquel) me mandava fotos da filha, mensagens, correntes de orações. (Minhas ligações) eram uma solidariedade pessoal (à prisão de Funaro)", afirmou antes de fazer o desabafo sobre sua prisão. "Vejo amigos de longa data me lançarem no vale dos leprosos", complementou.
No processo, Geddel é acusado de obstrução de Justiça. A suspeita é de que ele tentou atrapalhar a delação de Lúcio Funaro, na fase em que este estava em tratativas com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Na denúncia, o Ministério Público Federal cita as ligações de Geddel para a esposa de Funaro.
Para os investigadores, as ligações intimidavam indiretamente o corretor, apontado como operador financeiro do grupo político do qual Geddel faz parte, o PMDB da Câmara. As acusações foram formuladas no âmbito das operações Sépsis e Cui Bono.
Geddel ironizou quando foi questionado se o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) o apresentou a Funaro. "Eu creio que sim", disse, sem demonstrar certeza. "Essa memória fantástica só vejo em elefante ou delator", afirmou.
O ex-ministro também acusou Raquel Pitta de usar as conversas de forma "orientada" ou "dirigida", mas não especificou quem, em sua opinião, poderia ter auxiliado a esposa de Funaro. "Me pareceu uma coisa muito orientada, muito dirigida, não achei que deveria 'printar' ou guardar provas para uma situação absolutamente surreal", resumiu.
Ao repetir o teor de seu depoimento diante das perguntas do juiz Vallisney de Souza Oliveira, Geddel argumentou que decidiu "abraçar completamente a verdade" e citou Deus. "Ela perguntava pela minha filha, eu respondia. Essa é a verdade, ela sabe, Deus sabe."
O MPF narra na denúncia que, a partir da prisão de Funaro, em 1 de julho de 2016, Geddel passou a monitorar e constranger Raquel Pitta por meio de várias ligações telefônicas. Em depoimento à Polícia Federal (PT), Funaro afirmou que essas ligações provocaram um sentimento de receio sobre algum tipo de retaliação que pudesse sofrer caso optasse por um acordo de delação.
Em depoimento à PF, Raquel Pitta também detalhou as abordagens que recebeu do ex-ministro. Segundo ela, Geddel estava interessado em saber da disposição do marido dela de firmar acordo de colaboração premiada.