O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, desdenhou das recomendações da polícia de que ele seja acusado de corrupção, dizendo que as alegações são "enviesadas, extremas e cheias de buracos, como um queijo suíço". Ele reafirmou que permanecerá no cargo.
Em discurso durante uma reunião do governo em Tel Aviv, Netanyahu argumentou que seu gabinete permanece estável, apesar do anúncio da polícia, e frisou que "a verdade virá à tona". Líderes da oposição israelense pediram a renúncia de Netanyahu, mas o premiê rejeitou com agressividade esses pedidos.
O anúncio - feito na terça-feira, pela polícia - de que Netanyahu teria aceitado cerca de US$ 300 mil em presentes de dois bilionários veio como um golpe sobre o primeiro-ministro depois de anos de investigações. No entanto, o fato não parece ter abalado seu mandato. Quase todos os ministros da gestão de Netanyahu emitiram notas de apoio, e nenhum parceiro da coalizão parece pronto para abandonar o governo.
O líder do Partido Trabalhista, Avi Gabbay, disse que os ministros de Finanças, Moshe Kahlon, e da Educação, Naftali Bennett - ambos líderes dos maiores partidos que compõem a coalizão de Netanyahu -, precisam escolher entre apoiar o primeiro-ministro ou defender o estado de direito.
"Acho que está claro que esse governo precisa ter eleições. Não dá para continuar assim", afirmou Gabbay a uma emissora de rádio. "Um primeiro-ministro que se ocupa em atacar sua polícia e suas leis está simplesmente atacando a si mesmo, atacando o país."
As recomendações da polícia irão agora para o procurador-geral Avihai Mandelblit, encarregado de revisar o material antes de decidir se arquivará o processo. Netanyahu pode permanecer no cargo até a decisão, que deve levar meses. Tanto Kahlo quanto Bennett disseram que irão aguardar a decisão de Mandelblit para prosseguir.