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Febre amarela

- Publicada em 15 de Fevereiro de 2018 às 16:11

Polícia fecha clínica por aplicar vacinas violadas

Em freezer, polícia localizou frascos vazios estocados como se estivessem cheios

Em freezer, polícia localizou frascos vazios estocados como se estivessem cheios


POLÍCIA CIVIL/DIVULGAÇÃO/JC
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul anunciou, nesta quinta-feira, a interdição de uma clínica em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana, suspeita de aplicar doses violadas ou mesmo inexistentes de vacina contra a febre amarela. Foi cumprido mandado de prisão preventiva referente à proprietária da Vacix Clínica, que não teve o nome divulgado, bem como mandados de busca e apreensão na clínica e na residência da suspeita. A ação contou com o apoio da Vigilância Sanitária do município.
A Polícia Civil do Rio Grande do Sul anunciou, nesta quinta-feira, a interdição de uma clínica em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana, suspeita de aplicar doses violadas ou mesmo inexistentes de vacina contra a febre amarela. Foi cumprido mandado de prisão preventiva referente à proprietária da Vacix Clínica, que não teve o nome divulgado, bem como mandados de busca e apreensão na clínica e na residência da suspeita. A ação contou com o apoio da Vigilância Sanitária do município.
Durante coletiva de imprensa, o delegado Rafael Liedtke informou que a Polícia Civil recebia, desde a semana passada, denúncias de que a farmacêutica, de 37 anos, obtinha vantagem econômica vendendo vacinas que não possuía no estoque da clínica. Conforme informações, a suspeita chegava a perfurar a pele de algumas das vítimas com uma agulha, mas não injetava nenhuma vacina. Além disso, acusa-se a suspeita de utilizar a mesma agulha em clientes diferentes, inclusive em crianças e adolescentes.
Durante o cumprimento dos mandados, a polícia verificou que o freezer da clínica continha vacinas abertas, mantidas nas embalagens como se estivessem cheias, mas com o lacre violado e totalmente vazias. Na geladeira da residência da presa também foram apreendidos diversos frascos vazios. A proprietária já tinha pedido de prisão decretado desde a semana passada, mas estava fora do Estado. A detenção acabou ocorrendo quando ela abria a clínica, no começo da manhã de quarta-feira.
Em comunicado, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirma que foram identificadas outras irregularidades na clínica, como a existência de vacinas contra a gripe fora do prazo de validade e a falta de notificação às autoridades sanitárias dos nomes das pessoas imunizadas e dos lotes aplicados, com respectivas datas de vencimento. "A SES recomenda que os pacientes atendidos na clínica nos últimos meses procurem a Vigilância Sanitária do seu município, que avaliará a conduta a ser tomada em cada caso. Já a Polícia Civil orienta que seja procurada a Delegacia de Proteção ao Consumidor para registro da ocorrência", diz o texto.
As clínicas privadas do Rio Grande do Sul só podem aplicar doses importadas da vacina - que estão, no momento, em falta no mercado. Na rede pública, cuja vacina tem fabricação nacional, as doses estão com estoques regulares e disponíveis nas Unidades Básicas de Saúde. A busca por vacinas da febre amarela cresceu após o registro de grande número de casos no Sudeste, além de ter sido reforçada a exigência da imunização para determinadas viagens. Não há casos até agora da doença no Estado.

Com 118 mortes, ministério recomenda que período de vacinação seja estendido

Apenas 19% da população que vive em área de recomendação de vacinação foi imunizada contra febre amarela durante a campanha, informou, nesta quinta-feira, o Ministério da Saúde. Diante do resultado, a pasta recomenda que a vacinação seja estendida até que a cobertura ideal seja atingida.
A meta é imunizar 23,9 milhões de pessoas. Em São Paulo, foram imunizadas 2,7 milhões de pessoas, o equivalente a 26% do público-alvo. Desse total, 2,6 milhões tomaram doses fracionadas. No Rio de Janeiro, 1,2 milhão de pessoas receberam a vacina, o equivalente a 12% do público-alvo.
A campanha de vacinação contra a febre amarela com doses fracionadas teve início no dia 25 de janeiro, em São Paulo e no Rio. Na Bahia, a campanha terá início no dia 19 de fevereiro.
Entre 1 de julho de 2017 e 15 de fevereiro de 2018, foram 407 casos de febre amarela confirmados no Brasil. Em São Paulo, foram 118; no Rio, 68; e no Distrito Federal, 1. No mesmo período do ano passado, foram 532 ocorrências. Quanto aos óbitos, até agora, foram 118, contra 166 no mesmo período de 2017. 

Pesquisa detecta vírus em novo tipo de mosquito

O Instituto Evandro Chagas apresentou, nesta quinta-feira, pesquisa que aponta que o mosquito Aedes albopictus, conhecido como Tigre Asiático, está suscetível ao vírus da febre amarela em ambiente silvestre ou rural. Mosquitos infectados foram capturados, no ano passado, em áreas rurais próximas aos municípios de Itueta e Alvarenga, em Minas Gerais. O instituto é vinculado à Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) do Ministério da Saúde.
Diretor do Evandro Chagas, Pedro Vasconcelos explicou que, se houver transporte do inseto para áreas urbanas, o mosquito pode vir a servir de vetor de ligação entre os dois ciclos possíveis da doença no Brasil: o ciclo urbano, que não tem sido mais registrado no País desde a década de 1940, e o silvestre, que é o responsável pelas transmissões atuais. Essa possibilidade, no entanto, ainda não está confirmada.
"Em princípio, é uma evidência. A gente não pode falar em risco ainda pelo encontro do vírus nesse mosquito Aedes albopictus. Ele é um mosquito que, por sua filogenia, é mais silvestre que urbano ou periurbano. Como ele se adapta bem às áreas florestais, pode ter sido infectado por macacos, mas não se sabe ainda qual é a capacidade vetorial dele", afirmou Vasconcelos.
Agora, o instituto deve trabalhar na avaliação dessa capacidade, pois apenas a presença do vírus não significa que o Aedes albopictus tenha adquirido o papel de vetor da febre amarela. Também será estudado, nos próximos dois meses, se mosquitos do gênero continuam apresentando presença do vírus nas cidades mineiras inicialmente investigadas.
O ministro Ricardo Barros avaliou que a descoberta "mostra que temos sido diligentes na busca de fatos novos e de entender por que houve aumento de casos de febre amarela". Para ampliar o escopo do estudo e a capacidade de avaliação, o ministério aprovou a realização de uma força-tarefa de captura de mosquitos em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.