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Agronegócios

- Publicada em 28 de Fevereiro de 2018 às 22:31

Lactalis investe na produção gaúcha para exportação

Empresa abriu as portas para mostrar novo envase do leite UHT

Empresa abriu as portas para mostrar novo envase do leite UHT


/CLAITON DORNELLES /JC
A francesa Lactalis investirá mais R$ 20 milhões em unidades gaúchas neste ano, aporte confirmado ontem após a inauguração da linha de envasamento de garrafas PET de leite UHT na unidade de Teutônia. Em 2017, a companhia aplicou R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões na linha de PET, R$ 20 milhões para começar a produzir a manteiga Président, a mais conhecida mundialmente do laticínio e que até hoje era importada, também em Teutônia, e outros R$ 30 milhões em melhorias em mais três unidades de produção no Estado.
A francesa Lactalis investirá mais R$ 20 milhões em unidades gaúchas neste ano, aporte confirmado ontem após a inauguração da linha de envasamento de garrafas PET de leite UHT na unidade de Teutônia. Em 2017, a companhia aplicou R$ 100 milhões, sendo R$ 50 milhões na linha de PET, R$ 20 milhões para começar a produzir a manteiga Président, a mais conhecida mundialmente do laticínio e que até hoje era importada, também em Teutônia, e outros R$ 30 milhões em melhorias em mais três unidades de produção no Estado.
Neste ano, os recursos serão direcionados para unidades, logística e ainda na assistência aos agricultores que entregam leite. A meta é elevar a produtividade e exportar principalmente a partir da base gaúcha. "São investimentos para aumentar a capacidade, baixar os custos, e chegaremos a R$ 380 milhões em três anos", dimensiona o presidente da companhia na América Latina, Patrick Sauvageot, considerando somente o ciclo de 2015 a 2017. Os dois aportes maiores de 2017 em Teutônia integram anúncio de outubro de 2016, feito pelo board da companhia na França, em missão do governador José Ivo Sartori à Europa. 
Ontem, Sartori foi até a unidade para conhecer as instalações e citou a metáfora da semente, para lembrar que o empreendimento havia sido plantado em Paris. "Continuamos a plantar a semente da mudança. O Estado não pode atrapalhar quem quer produzir e gerar emprego e renda", observou o governador. A garrafa PET já começou a ser vendida em algumas lojas e é aposta para entrar em segmento de maior valor. A manteiga também será distribuída nas gôndolas. A capacidade anual da unidade é de engarrafar 90 milhões de litros leite. Já de manteiga é de 500 toneladas por mês.
Nos planos da Lactalis há ainda duas frentes que vão determinar o futuro da empresa e uma que está relacionada ao Rio Grande do Sul. O começo das exportações para o Mercosul e o Chile faz parte da estratégia. Além disso, a Lactalis tenta destravar a compra da Itambé, anunciada em dezembro passado e que acabou sendo alvo de ação na Justiça movida por ex-donos, como a Vigor, que pertence hoje à mexicana Lala. A resolução do impasse é decisiva para a francesa liderar o mercado de captação no País e entrar com força nos mercados do Sudeste e Nordeste, diz o presidente na América Latina.
Os primeiros embarques de produtos para o Uruguai, considerados ainda pilotos, explica o diretor de comunicação da empresa, Guilherme Portella, foram há duas semanas com envio de achocolatados, creme de leite e manteiga. Depois será a vez do Chile, em março; e, na sequência, Argentina e Paraguai. Portella diz que ainda não há volume previsto e que serão vendidos itens com marcas muitas já conhecidas, como Parmalat e mesmo a Président, desde manteiga a queijos. O Rio Grande do Sul, que responde por 900 milhões dos 1,6 bilhão de litros de leite captados por ano pela companhia no Brasil, será a principal base de vendas. O CEO da Lactalis no Brasil, André Salles, apontou que o Estado, onde fica a sede da direção nacional, precisa elevar a produtividade da bacia leiteira e deve agregar novas linhas de produtos, como em segmentos premium, para abastecer o mercado nacional e para exportação.
 

Indústria francesa não cogita perder Itambé

A direção da Lactalis falou pela primeira vez em Teutônia sobre o impasse na Justiça que travou a compra da Itambé, anunciada em fim de 2017. O presidente da companhia na América Latina, Patrick Sauvageot, diz que está convencido de que o grupo francês fez tudo dentro da lei e espera selar o negócio, que eleva a receita da Lactalis a R$ 6 bilhões, além da francesa assumir o primeiro lugar no setor. A aquisição é questionada pela Vigor, hoje da mexicana Lala, que tinha 50% da Itambé. A Cooperativa Central dos Produtores Rurais de Minas Gerais (CCPR) comprou 50% da Vigor na Itambé em agosto de 2017, após o grupo J&F vender a Vigor a Lala, ao exercer a preferência. A Vigor questiona esse exercício.
Lactalis e CCPR fecharam negócio em dezembro. O Cade aprovou a compra em fevereiro. "Nenhum dos motivos que a Vigor está usando nos parece muito sólido. Fica criando muita incerteza, uma bagunça", criticou Sauvageot. "Todo esse barulho não tem outro motivo que não atrapalhar", apontando medidas judiciais que, para ele, só servem para adiar uma resolução da discussão. O presidente da Lactalis na AL apontou ainda preocupação com o impacto do impasse par os 6 mil produtores de leite da Itambé devido à incerteza sobre quem vai gerir o negócio, o que afetaria a relação com bancos e os 6 mil produtores. "Como não consegue comprar, queimam a empresa", cita Sauvageot. 
 

Criadores pedem que garrafas tenham leite de propriedades locais

Agricultora Aneli diz que a família está vendendo parte das terras para pagar dívidas

Agricultora Aneli diz que a família está vendendo parte das terras para pagar dívidas


CLAITON DORNELLES /JC
Produtores de leite protestaram contra a importação de leite do Uruguai, na porta da fábrica da Lactalis, em Teutônia, antes da inauguração da linha de garrafas PET de leite UHT. O fluxo gerou embates em 2016 e 2017. Agricultores dizem que a importação derrubou os preços do produto.
"Gostamos dos franceses, mas queremos que eles coloquem na embalagem leite gaúcho", disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia e Westfália, Liane Brackmann. Nos cartazes, o recado foi: "Parabéns Lactalis pela nova alternativa (leite em garrafa PET). Valorizem o leite gaúcho. Não uruguaio".
O produtor Ademir Cord citou que recebia R$ 1,10 pelo litro em janeiro de 2017, e agora recebe R$ 0,88, enquanto o custo de produção é de R$ 1,20. "Dizem que está sobrando leite agora", reage a agricultora Dulce Allembraltt. "Estamos agora vendendo uma área de terra para tentar superar esta crise", conta Aneli Messer. O grupo tentou chamar a atenção do governador José Ivo Sartori, que foi à fábrica. "Acho que todo mundo tem direito de solicitar e querer a melhor coisa para a sua família", falou Sartori.
"Fizemos tudo o que podíamos ter feito até hoje." O CEO da Lactalis no Brasil, André Salles, esclareceu que as unidades da empresa só usam leite produzido no Estado. Ele aponta que a recessão e o desemprego afetaram o consumo, rebaixando preços. "Acreditamos em recuperação neste ano", disse, mas não sabe avaliar o patamar de preços. "Só se eu tivesse bola de cristal."