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Economia

- Publicada em 28 de Fevereiro de 2018 às 10:43

Produtores pedem que Lactalis use leite gaúcho e não uruguaio

Produtores de leite cobram que indústria utilize leite gaúcho e não uruguaio em nova unidade

Produtores de leite cobram que indústria utilize leite gaúcho e não uruguaio em nova unidade


PATRÍCIA COMUNELLO /ESPECIAL/JC
Patrícia Comunello
Atualizada às 16h 
Atualizada às 16h 
Antes da inauguração da nova linha de envasamento da fábrica da francesa Lactalis em Teutônia, distante 110 quilômetros de Porto Alegre, um grupo de produtores de leite protestou na porta da fábrica contra a importação de leite do Uruguai. "Comemoramos a nova fábrica, mas queremos que seja leite gaúcho dentro das garrafinhas", defendeu a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Teutônia e Westfália, Liane Brackmann, na manhã desta quarta-feira (28).
Nos cartazes, o recado é claro: "Parabéns Lactalis pela nova alternativa (leite em garrafa pet). Valorizem o leite gaúcho. Não uruguaio". A unidade estreou a novidade de usar material pet para vender leite UHT. Segundo a presidente do sindicato, a concorrência da importação prejudica ainda mais a condição do setor. Agricultores no ato dizem que estão pagando para produzir um dos principais itens da alimentação da população. "Gostamos dos franceses, mas queremos que eles coloquem na embalagem não o leite uruguaio."
O alvo do protesto foi principalmente o governo estadual. O governador José Ivo Sartori (PMDB) chegou bem na hora da manifestação. Sobre a pauta dos agricultores, Sartori falou: "Acho que todo mundo tem direito de solicitar e querer a melhor coisa para a sua família". Sobre a cobrança para não permitir a importação de leite do Uruguai, Sartori alegou que "já fizemos tudo que podia fazer até hoje", disse o governador.
"Em janeiro de 2017, eu recebi R$ 1,10 pelo litro de leite. Em janeiro de 2018, recebi R$ 0,88. Meu custo de produção é R$ 1,20", narra o produtor Ademir Cord, de Westfália. Um dos efeitos dessa desproporção entre custos e ganhos é que muitos produtores estão abandonando o leite. Segundo a sindicalista, Teutônia perdeu 25% de propriedades que se dedicavam ao setor. Hoje são quase 500 produtores.    
Dulce Allembraltt produz 400 litros ao dia e aponta que o preço baixou muito. "Dizem que tá sobrando leite agora". Ela trabalha desde os 15 anos com leite. "O leite uruguaio nos afeta. Estamos pagando para produzir. Os filhos saíram de casa, pois não têm como ficar na propriedade", diz Dulce. A agricultora diz que a família se endividou com a cooperativa. "Estamos agora vendendo uma área de terra para tentar superar esta crise", conta Aneli Messer.  
O CEO da Lactalis no Brasil, André Salles, esclareceu que a unidade só usa leite produzido no Estado. Salles negou que a companhia tenha importado em anos recentes. Em 2016 e 2017, houve aquisição de pó por brasileiros, o que fez o setor gaúcho cobrar medidas do governo federal. Sobre os preços do leite, que experimentam baixa, o CEO aponta entre as razões a crise econômica e desemprego, que afetaram consumo. "Acreditamos em recuperação este ano", disse, mas não sabe avaliar patamar de preços: "Só se eu tivesse bola de cristal."  
Na unidade em Teutônica, foi inaugurada a linha de envasamento co garrafas pega, novidade na indústria de leite no Brasil e que a Lactalis trouxe de modelo adotado na França. O investimento faz parte de aporte que a francesa anunciou em fim de 2016, quando Sartori fez a missão para a Alemanha e França. São R$ 104 milhões no total - R$ 50 milhões na linha de garrafas e restante em melhorias de unidades de Santa Rosa, Ijuí e Três de Maio. O governador participou da inauguração.     
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