O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, disse, ontem, que o projeto de lei para privatização da companhia incluirá uma golden share, ação especial do governo. Segundo ele, a proposta é que a estatal torne-se uma corporação, de capital difuso, e que o governo reduza sua fatia, que hoje é de 60%. "A proposta é que seja uma corporação com capital diluído, na qual o governo continuará sendo muito relevante", afirmou o executivo. Ele também citou limitação para concentração de voto, de 10%, e que o projeto garante que se mantenha o nome Eletrobras, bem como suas quatro controladas: Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul. "Será garantido que, na Eletronuclear e na binacional Itaipu, o governo continue operando."
Ferreira confirmou que, com a derrubada de liminares, na semana passada, que suspendiam os efeitos da Medida Provisória (MP) nº 814/2017, que inclui a Eletrobras no Programa Nacional de Desestatização (PND), será possível seguir com a contratação de estudos para iniciar o processo de privatização. Segundo apurou o Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, já estão prontos um decreto presidencial e uma portaria do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) para regulamentar a MP. Eles devem sair nos próximos dias no Diário Oficial da União.
O presidente da Eletrobras justificou que a razão principal para a privatização é a necessidade de investimentos, que, nos próximos 10 anos, será algo entre R$ 57 bilhões e R$ 60 bilhões anuais. "Se continuasse estatal, o investimento anual necessário seria de R$ 14 bilhões só para manter sua representatividade. Se fosse usar os recursos dos acionistas, o governo, que hoje detém 60% da companhia, teria de responder por R$ 9 bilhões", ponderou.
Segundo Ferreira, a alavancagem da companhia foi reduzida de nove vezes, no passado, para quatro vezes no quarto trimestre (a relação entre dívida líquida e Ebitda). "O esforço da empresa para voltar a ser eficiente é muito grande", afirmou.