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Cultura

- Publicada em 25 de Fevereiro de 2018 às 10:10

Filme experimental com nudez explícita vence Festival de Berlim

Romena Adina Pintilie ergue o Urso de Ouro por Touch Me Not

Romena Adina Pintilie ergue o Urso de Ouro por Touch Me Not


Stefanie LOOS/afp/jc
Título mais experimental desta edição do Festival de Berlim, Touch Me Not, da romena Adina Pintilie, foi o vencedor do Urso de Ouro, maior prêmio da mostra alemã. Na fronteira borrada entre ficção e documentário, escalando atores e não-atores, a obra carregada de nudez explícita se propõe a fazer um ensaio sobre a intimidade. O filme também ganhou o prêmio de melhor estreia de uma diretora.
Título mais experimental desta edição do Festival de Berlim, Touch Me Not, da romena Adina Pintilie, foi o vencedor do Urso de Ouro, maior prêmio da mostra alemã. Na fronteira borrada entre ficção e documentário, escalando atores e não-atores, a obra carregada de nudez explícita se propõe a fazer um ensaio sobre a intimidade. O filme também ganhou o prêmio de melhor estreia de uma diretora.
Coprodução com o Brasil e outros países, Las Herederas, do paraguaio Marcelo Martinessi, levou dois troféus: melhor atriz, para Ana Brun, e o de contribuição artística. A obra, que só tem mulheres no elenco, trata de um aristocrata (Brun), que ensaia se reconectar ao mundo exterior após a sua companheira ir presa.
Os prêmios foram entregues neste sábado (24), numa cerimônia que teve o cineasta alemão Tom Tykwer como presidente do júri. Com Cannes e Veneza, o Festival de Berlim completa a tríade das mostras mais importantes de cinema do calendário. O Grande Prêmio do Júri, segundo mais importante do festival, foi para Mug, da polonesa Malgorzata Szumowska, que cavouca a influência de certo provincianismo católico em seu país. Ela, que já havia levado o prêmio de direção em Berlim em 2015, por Body, comemorou o fato de ser uma cineasta mulher.
Wes Anderson levou o Urso de Prata de melhor direção pela animação Ilha de Cachorros, aventura sobre um garoto japonês que sai em busca de seu cão, levado a uma ilha-lixão. Murray, que dubla um dos personagens, aceitou o prêmio no lugar do diretor e brincou: "não imaginava que chegaria a Berlim como um cachorro e voltaria com um urso." O francês Anthony Bajon, que vive um ex-dependente de drogas que procura superar o vício numa instituição católica em La Prière, levou o prêmio de ator.
Museo, filme mexicano que reconta com tintas pop o furto a peças do Museu de Antropologia, levou o Urso de Prata de melhor roteiro. A obra tem Gael García Bernal como o idealizador do crime, sujeito que não mede exatamente as consequências de seu ato. O prêmio de contribuição artística foi para a direção de arte e para o figurino de Dovlatov, filme russo sobre a luta de um escritor que luta por escrever obras autorias, e não loas ao homem soviético, como lhe sugerem.
A menção especial para melhor estreia foi para An Elephant Sitting Still, do chinês Hu Bo, que se matou em 2017, aos 29 anos. Na categoria de curtas, o Urso de Ouro foi para The Men Behind The Wall, obra de Ines Moldavsky que fala de empoderamento feminino no contexto de Israel e da Palestina. Ficou em segundo lugar Imfura, do ruandês Samuel Ishimwe, sobre a jornada de um joivem ao vilarejo de sua mãe. Em terceiro, a animação Solar Walk, da dinamarquesa Réka Bucsi.
O austríaco Waldheims Walzer, de Ruth Beckermann, levou o prêmio de melhor documentário, por sua investigação sobre a figura de Kurt Waldheim, ex-secretário-geral da ONU que teve envolvimento pretérito com o nazismo.
Ex-Pajé, filme do paulista Luiz Bolognesi sobre as tensões religiosas e econômicas que ameaçam a etnia do povo indígena paiter suruí, ganhou a menção especial entre os documentários do festival.Vencedor do prêmio de melhor atriz e de contribuição artística, Las Herederastambém levou o prêmio de melhor filme segundo a crítica. A obra, dirigida pelo paraguaio Marcelo Martinessi, é uma coprodução com cinco países, incluindo o Brasil.

Filmes brasileiros se destacam fora da competição principal

Fora da competição principal, produções brasileiras também faturaram alguns dos principais prêmios dos júris independentes. O País foi o maior vencedor do prêmio Teddy, voltado a filmes com temática LGBT na programação berlinense. Tinta Bruta, da dupla gaúcha Marcio Reolon e Filipe Matzenbacher, levou por melhor ficção, e Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, foi eleito o melhor documentário. 
O longa gaúcho, que também ganhou prêmio da confederação dos cinemas de filmes de arte, trata de um jovem que se pinta com tintas fluorescentes no escuro de seu quarto e dança para anônimos da internet. Bixa Travesty acompanha as apresentações e divagações da cantora travesti paulista Linn da Quebrada e sua defesa da politização do corpo.
Já o cearense Karim Aïnouz, que exibiu Aeroporto Central na seção Panorama, levou o prêmio da Anistia Internacional, concedido a obras que abordem o tema dos direitos humanos. O filme mostra o cotidiano de refugiados abrigados num aeroporto desativado da capital alemã. Tanto Aïnouz quanto a equipe de Tinta Bruta aproveitaram a premiação para tecer críticas à situação política brasileira.
O diretor cearense leu um texto-manifesto contra o "golpe legislativo contra a primeira mulher eleita presidente" e um "Judiciário que condena sem provas". O Processo, da brasiliense Maria Augusta Ramos, ficou em terceiro lugar com o prêmio do público de melhor documentário da seção Panorama por seu retrato dos bastidores do impeachment de Dilma.
Folhapress
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