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- Publicada em 27 de Fevereiro de 2018 às 18:14

Muito além do vestibular

Carli destaca importância de atividades extraclasse

Carli destaca importância de atividades extraclasse


/MARCELO G. RIBEIRO/JC
Eduardo Lesina
O curso pré-vestibular popular Resgate se apresenta como a alternativa de preparação para quem quer ingressar em uma universidade e não pode arcar com os custos de um preparatório privado. De segunda a sexta, das 18h30min às 22h - e com plantões especiais nas tardes - duas salas na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) recebem os vestibulandos do Resgate na sua preparação para as provas de fim de ano. O projeto, que conta com 85 vagas, abre seu processo seletivo nesta segunda-feira, dia 5, e vai até a sexta-feira, dia 9.
O curso pré-vestibular popular Resgate se apresenta como a alternativa de preparação para quem quer ingressar em uma universidade e não pode arcar com os custos de um preparatório privado. De segunda a sexta, das 18h30min às 22h - e com plantões especiais nas tardes - duas salas na Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação (Fabico) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) recebem os vestibulandos do Resgate na sua preparação para as provas de fim de ano. O projeto, que conta com 85 vagas, abre seu processo seletivo nesta segunda-feira, dia 5, e vai até a sexta-feira, dia 9.
Além do corpo docente, composto atualmente por 23 professores voluntários, o curso possui outros voluntários em um núcleo de psicologia, duas vezes por semana, para auxiliar o aluno; tanto em questões ligadas ao vestibular, quanto em questões pessoais, que acabam afetando diretamente o seu desempenho. Há também o núcleo jurídico - também por voluntariado - responsável não só pelo auxílio de documentação para o ingresso nos vestibulares, como em situações alheias às provas.
Criado em 2002, o pré-vestibular Resgate seleciona seus estudantes por critério de renda. Ou seja, as rendas mais baixas têm maior chance de ingressar no programa. Relacionada a essa questão, existe uma mensalidade simbólica de R$ 10,00 mensais, excetos isentos pelos critérios de renda do curso. Professor e coordenador do curso desde 2011, Bernardo Lucero de Carli explica que o valor da mensalidade é revertido em auxílio-transporte para quem não pode pagar. Outra forma de apoio que o Resgate recebe é através de seus apoiadores, como a Fábrica das Apostilas, que concede gratuitamente o material didático aos alunos.
"As doações da gráfica ajuda a diminuir a evasão de alunos do curso", comenta Carli. O professor explica que essa questão é muito comum em cursinhos populares. "Isso acontece por dois motivos: o primeiro de ordem material, que é a escassez de dinheiro para transporte, alimentação etc. O segundo, de ordem cultural, é a falta de apoio em casa, muitas vezes atrelado à necessidade de o trabalho sobrepor os estudos, ou pela questão do cansaço e de não acreditar em si mesmo", coloca.
Outro auxílio recebido pelo Resgate é a sua locação. Dentro dos 16 anos de existência, nos quatro primeiros a sede era no colégio Marista Rosário, que cedeu duas salas gratuitamente. Após esse tempo, o pré-vestibular passou a ministrar as aulas na Escola Superior de Educação Física (Esef) durante o mesmo período. Já na Fabico, o curso completará oito anos.
"O pré-vestibular popular tem o objetivo de ajudar a elaborar o processo do pensamento crítico, para, como diria Paulo Freire, o oprimido não se tornar o opressor", sustenta Carli. Seguindo a lógica da educação popular, o Resgate se propõe não apenas a ser um curso de preparação, mas atuar como modificador na vida dos aprendizes. "A sala de aula é só mais um espaço do educador", diz Carli sobre as responsabilidades extraclasse dos docentes.
Cada um "apadrinha" cerca de três alunos durante o ano letivo. Esse apadrinhamento serve como um uma ajuda para se manter estudando, uma vez que o professor-padrinho controla a frequência dos seus alunos e presta suporte a eles quando necessário. Ele propõe, ainda, uma grade de estudos ao aluno, baseada nas matérias que são mais importantes nas provas finais.
"É um espaço muito mais que preparatório, apesar de termos uma alta taxa de aprovação", comenta. O cursinho sustenta uma aprovação de 50% dos seus estudantes nos vestibulares da Ufrgs e em outras universidades pelo Enem. Desde 2011, existe uma prova para observar em qual patamar chegam os alunos, a fim de entender qual método pedagógico seguir. Carli explica que o nível inicial da turma é muito abaixo que o requerido para os vestibulares: "fazemos um esse teste para saber qual o nosso ponto de partida. São 10 questões de matemática e uma redação de 10 linhas. Nossa média é de dois acertos em matemática, e apenas dois ou três atendem às normas da Ufrgs". Entretanto, Carli aponta a alta taxa de aprovações e afirma que isso representa a inteligência dos seus alunos - e, consequentemente, a sua falta de oportunidades.
"Nos últimos anos, começamos a trabalhar mais com o Enem durante o início do projeto e, assim que passa a prova, vamos com um foco maior na seleção da Ufrgs", analisa. Além disso, o curso conta com duas professoras de Teatro que trabalham questões sobre a arte no Enem e realizam dinâmicas para integrar os alunos. "Aqui não é cursinho privado. Aqui não tem competitividade entre a gente. As dinâmicas servem para unir os alunos no início do ano."
A seleção dos novos alunos responde a um critério de renda familiar, além de fatores étnicos e de gênero. "Por ser uma seleção socioeconômica, nossa turma é muito heterogênea", explica o coordenador do curso.
As inscrições este ano serão de 5 a 9 de março, das 18h30min às 22h30min na sede do curso na Fabico. É necessário levar a cópia de identidade, comprovante de renda dos últimos 3 meses e comprovante de residência de todos os moradores da casa e o comprovante de conclusão do ensino médio do candidato. A lista dos estudantes estará disponível no dia 11, no site resgatepopular.com.br. As aulas se iniciam dia 13 de março.
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