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Aviação

- Publicada em 22 de Janeiro de 2018 às 19:04

Acidente que matou Zavascki tem relatório final

Coronel Moreno apresenta as conclusões sobre a queda da aeronave

Coronel Moreno apresenta as conclusões sobre a queda da aeronave


/VALTER CAMPANATO /ABR/JC
Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que a visibilidade em Paraty (RJ) era menor do que a recomendada para uma tentativa de pouso na pista da cidade na tarde de 19 de janeiro de 2017. Naquele dia, o avião que levava o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras quatro pessoas caiu no mar, matando todos a bordo. O relatório final de investigação do Cenipa, órgão ligado à Aeronáutica, foi divulgado nesta segunda-feira e sugere que o piloto Osmar Rodrigues insistiu no pouso mesmo assim.
Relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) concluiu que a visibilidade em Paraty (RJ) era menor do que a recomendada para uma tentativa de pouso na pista da cidade na tarde de 19 de janeiro de 2017. Naquele dia, o avião que levava o ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), e outras quatro pessoas caiu no mar, matando todos a bordo. O relatório final de investigação do Cenipa, órgão ligado à Aeronáutica, foi divulgado nesta segunda-feira e sugere que o piloto Osmar Rodrigues insistiu no pouso mesmo assim.
Além disso, foi apontada a possível ocorrência de ilusões visuais que podem ter desorientado o piloto. Zavascki era o relator dos processos da Operação Lava Jato no STF, tendo sido substituído nesse papel, após sua morte, pelo colega Edson Fachin.
A recomendação para pistas como a de Paraty, em que o pouso é visual e feito sem auxílio de instrumentos ou torre de controle, é que haja visibilidade de 5 mil metros ou mais. O Cenipa estimou que, no momento do acidente, ela estava em 1,5 mil metros. A aeronave partiu às 13h01min de São Paulo. Naquele momento, a visibilidade era boa em Paraty. Mas começou a chover, e a neblina aumentou, chegando a níveis ruins no momento em que o avião se aproximou de Paraty.
"Naquele momento, não havia as condições mínimas de visibilidade requeridas para as operações de pouso e decolagem. Da mesma forma, o campo visual do piloto estava restrito e com poucas referências visuais no solo para sua orientação", afirmou o investigador do Cenipa encarregado do caso, o coronel aviador Marcelo Moreno.
Os dados extraídos da aeronave mostraram inclusive que, minutos antes do acidente, o piloto preferiu esperar mais algum tempo antes de tentar o pouso.
"Após a primeira tentativa de aproximação, ele recolheu o trem de pouso e disse que ia esperar um pouco", disse Moreno.
Houve depois uma segunda tentativa de aproximação da aeronave, mas o piloto voltou a sobrevoar a área. O avião fez uma curva à direita, quando recolheu o trem de pouso e, em alguns segundos, caiu no mar. A investigação apontou a presença de condições que favorecem a existência de algumas ilusões que podem levar um piloto a se desorientar quando faz uma curva. Mas não cravou que isso tenha ocorrido. "Esse tipo de ilusão é potencialmente perigoso, em especial em voos de baixa altitude", afirmou Moreno.
Outra ilusão que pode ter ocorrido é a falsa percepção da altura da aeronave. O piloto podia achar que estava a uma altitude maior do que realmente estava. Isso é mais comum em superfícies homogêneas, com poucos detalhes, como é o caso da água. O problema tende a ser pior em condições de baixa visibilidade.
"Não havia registros de panes ou mau funcionamento relacionado aos sistemas da aeronave", disse Moreno. O piloto também estava com sua licença em dia, e não foram encontrados indícios de que houvesse problemas do ponto de vista médico comprometendo seu trabalho. O piloto, com 30 anos de experiência, estava acostumado a ir para Paraty (RJ), tendo realizado 33 voos para esse destino nos 12 meses anteriores ao acidente. Mas, segundo o Cenipa, isso não impede que ele esteja sujeito a ilusões visuais e desorientação espacial.

Desastre com relator da Lava Jato provocou teorias conspiratórias

A queda do avião turboélice King Air, prefixo PR-SOM, no mar perto do aeroporto de Paraty (RJ) completou um ano na sexta-feira passada. Na época do acidente, Teori Zavascki era o relator, no Supremo Tribunal Federal, dos casos derivados da Operação Lava Jato. A morte violenta do ministro deu origem a dúvidas de familiares e teorias conspiratórias.
Em paralelo à apuração do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), a Superintendência da Polícia Federal e o Ministério Público Federal investigam o caso para saber os responsáveis pelas mortes, ainda que de forma involuntária - por exemplo, uma falha do piloto ou do serviço de manutenção da aeronave.