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Infraestrutura

- Publicada em 01 de Janeiro de 2018 às 22:07

Sem verba, expansão da BR-448 segue travada

Projetada para desafogar o tráfego na região, BR-448 ainda está distante de seu pleno potencial

Projetada para desafogar o tráfego na região, BR-448 ainda está distante de seu pleno potencial


CLAITON DORNELLES/JC
Projetada para ser um desafogo para o coração produtivo do Rio Grande do Sul, a BR-448, conhecida como Rodovia do Parque, ainda está distante de seu pleno potencial. E o apertar de cinto do governo federal indica que a situação vai se estender pelo menos por mais alguns anos. Em resposta escrita ao Jornal do Comércio, a superintendência gaúcha do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-RS) deixa claro que o contingenciamento de verbas deve seguir atrasando todos os investimentos na via, tanto nas obras adicionais do trecho já existente quanto no prometido prolongamento até Portão.
Projetada para ser um desafogo para o coração produtivo do Rio Grande do Sul, a BR-448, conhecida como Rodovia do Parque, ainda está distante de seu pleno potencial. E o apertar de cinto do governo federal indica que a situação vai se estender pelo menos por mais alguns anos. Em resposta escrita ao Jornal do Comércio, a superintendência gaúcha do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit-RS) deixa claro que o contingenciamento de verbas deve seguir atrasando todos os investimentos na via, tanto nas obras adicionais do trecho já existente quanto no prometido prolongamento até Portão.
Tratado pelo Dnit-RS como Lote 2 da BR-448, o trecho que unirá Esteio a Portão depende da elaboração dos Estudos de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (Evtea), requisitos prévios para a licitação via Regime Diferenciado de Contratação (RDC). Segundo o departamento, "os trâmites legais já estão em andamento para que o Dnit-RS possa dar prosseguimento à análise do Evtea para fins de nova licitação da obra". Não há, no entanto, previsão para o lançamento do edital, mesmo porque não existe dotação orçamentária em vista para sua realização. Quando pronto, o trecho deverá ter 18,7 quilômetros de extensão, em uma obra de custo estimado em R$ 1 bilhão.
As forças políticas que tentam fazer avançar a expansão já trabalham, há meses, com a certeza de que recursos para tal não estariam no orçamento de 2018 do Dnit. De acordo com o deputado Lucas Redecker (PSDB), que lidera a Frente Parlamentar de Apoio à Extensão da BR-448 na Assembleia Legislativa, o esforço político é para garantir a realização do Evtea para este ano, de forma a ser possível incluir recursos para a obra no orçamento do Dnit para 2019. A articulação conta com apoio da maior parte dos parlamentares gaúchos em Brasília, em um esforço para sensibilizar a União sobre a urgência da obra. "Já estamos muito atrasados. Infelizmente, é quase uma tradição do Estado: quando a obra finalmente sai, já está quase defasada", critica Redecker.
O prolongamento da Rodovia do Parque é tratado como prioritário pelo Conselho Regional de Desenvolvimento (Corede) do Vale dos Sinos (Consinos). Integrante do conselho, Carlos Antônio Anschau lembra que a primeira etapa das obras na BR-448 já aliviou em cerca de 40% o fluxo de transporte pesado na BR-116, atualmente a principal opção para escoamento de produção na região. "Já foi um ótimo avanço, mas queremos mais. A expansão daria uma nova opção a toda a região de Caxias do Sul. O estrangulamento da rodovia (BR-116) diz tudo, não podemos mais contar com ela para o desenvolvimento da região", acentua.
Na medida em que não há muita esperança de recursos federais em um futuro próximo, a entrada da iniciativa privada no projeto é uma opção a ser priorizada, defende Anschau. "Já negociamos a compatibilização de custos com outros Coredes (atingidos pela BR-448). Nos parece um caminho factível, a iniciativa privada tem que entrar de sola para destravarmos essa obra", defende.

Esteio pede licitação separada para viaduto de acesso

Além de jogar para mais adiante a ampliação da BR-448, a falta de verba também impede a conclusão do anteprojeto e do termo de referência de obras ainda pendentes no Lote 1 da rodovia, como os acessos aos bairros Centro e Rio Branco, em Canoas, e a finalização da estrutura que ligará a pista ao município de Esteio. O viaduto, que facilitaria o acesso ao Parque de Exposições Assis Brasil, tem custo estimado em torno de R$ 5 milhões, mas as obras estão paradas desde a inauguração da rodovia, em 2013.
Em abril, a prefeitura de Esteio teve uma audiência com o Dnit-RS, na qual o acesso ao município foi um dos temas principais. Desde então, contudo, o tema não avançou. "Dos acessos previstos no projeto original, é o único que está parado. É necessário usar um acesso temporário, muito sinuoso e perigoso", diz o prefeito de Esteio, Leonardo Pascoal.
Durante a Expointer do ano passado, contatos foram feitos com o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, no sentido de retirar o acesso a Esteio do conjunto de obras das BR-448, de forma que a empreitada possa ser licitada separadamente. Não há, no entanto, um retorno por parte do governo federal.
Além de melhorar o acesso ao parque de exposições, permitindo um uso mais continuado do espaço, Pascoal argumenta que a obra teria grande impacto na urbanização de toda a região de Novo Esteio, onde o parque se situa. "Hoje, temos uma estrutura (viaduto) bastante feia, ligando o nada a lugar algum, e que acabava sendo inclusive utilizada como facilitador de práticas criminosas. A cidade não pode ser penalizada com uma obra inacabada", reforça.

Responsáveis pela obra podem ser processados pelo Dnit

Em somatório aos gastos previstos para as obras de acesso e para a expansão da Rodovia do Parque, as constantes ações de manutenção no Lote 1 da BR-448 também causam indefinição. A necessidade de reparos está acima do esperado pelo Dnit-RS no período imediatamente posterior à construção. Sentindo-se lesada pelos custos acima do projetado, a autarquia admite que está estudando uma cobrança judicial contra o consórcio Sultepa/Toniolo Busnello, responsável pela obra.
Um aditivo, assinado pela autarquia em novembro, prevê que a construtora Pavia assuma a manutenção permanente no trecho em questão. Porém o contrato com a empresa para os demais trechos da rodovia está suspenso por falta de recursos, e não há previsão para regularização.
Os primeiros problemas foram constatados já em 2014, poucos meses depois do começo da utilização da rodovia. A partir da análise dos comunicados emitidos pelo Dnit-RS, fica claro que a necessidade de manutenção tem sido frequente desde então, em especial no revestimento asfáltico entre Sapucaia do Sul e Esteio. Usuários da via também se queixam das ondulações pronunciadas em vários trechos, com acúmulo de água na pista em dias de chuva mais forte.