A média diária de clientes é de 10 pessoas

Família de angolanos se consolida em Porto Alegre com tranças afro


A média diária de clientes é de 10 pessoas

A Tranças África completou, em novembro, 10 anos de atuação em Porto Alegre. O empreendimento foi criado por Elisa Ricardo Matheus, 28 anos, e sua família. O diferencial é a autenticidade, uma vez que eles são todos da Angola.
A Tranças África completou, em novembro, 10 anos de atuação em Porto Alegre. O empreendimento foi criado por Elisa Ricardo Matheus, 28 anos, e sua família. O diferencial é a autenticidade, uma vez que eles são todos da Angola.
Os angolanos vieram ao Brasil para estudar. Tudo começou quando o pai de Elisa ganhou uma bolsa para cursar Geologia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), em 1997. A mãe chegou ao País em 2001, e Elisa, que também se formou em Geologia, na Unisinos, veio logo depois, em 2002, com uma prima.
O salão de beleza é voltado para a estética afro, principalmente focado na arte de trançar. A ideia surgiu em 2006, motivada pelo fato de muitas pessoas pararem Elisa e suas familiares na rua para perguntar onde elas faziam suas tranças.
De início, pegamos uma caixa de leite, recortamos, escrevemos “Faz-se tranças” e penduramos no portão da nossa casa. Com o primeiro dinheiro dos trabalhos compramos folhas A4, recortamos e fizemos os cartões a mão para distribuímos na redondeza, fomos até o centro”, lembra Elisa, moradora do bairro Partenon.
CLAITON DORNELLES /JC
Com o passar do tempo, a casa ficou pequena para a quantidade de clientes. A sala de estar virou de espera e a privacidade era algo que deixou de existir na residência. A mãe de Elisa, que cursava Administração de Empresas, em 2007, ficou responsável por fazer o plano para abertura do salão. Ele funcionou no mesmo endereço até 2012, até que novamente ficou pequeno.
Se mudaram, então, para uma sala maior na avenida Bento Gonçalves, nº 1.751. “Tivemos de ampliar o número de funcionários. Antes, éramos quatro, contando com a minha mãe. Hoje, somos 12, que vão se alternando”, explica.
A equipe que compõe a Tranças África é formada por Elisa, Anelise Pereira, gerente, Kanhanga Silva, que faz a gestão da marca, e as funcionárias que se revezam durante a semana para dar conta de atender todo mundo. A média diária de clientela é de 10 pessoas.
Segundo Kanhanga, há o desejo de expandir a marca. “Ampliar para o Centro, porque temos muitos clientes que vem de fora. Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria, Nova Hartz, São Gerônimo, Eldorado, Canoas, Viamão. A maioria do nosso público vem de fora”, conta Elisa.
Algumas pessoas em Porto Alegre que passaram a trabalhar com tranças, segundo Kanhanga, tiveram experiência profissionais na Tranças África como funcionários. O que diferencia o negócio de outros, para ele, é a qualidade, informação confirmada numa pesquisa realizada pelo empreendimento. Outro fator que atrai a clientela é a cultura africana que a equipe mantém viva dentro do salão.
“Tem muitas clientes que vem aqui para conversar, saber da nossa cultura”, comenta Elisa. “As tranças são oriundas da Angola e tem toda uma culturalidade que se traz por trás de todo este contexto da trançar”, ressalta o gestor.
Apesar de terem começado em casa, hoje a busca pela profissionalização é constante. “Temos necessidade de fazer algo profissional do jeito que tem que ser feito”, explica Elisa. A partir disso, ela passou a contratar pessoas que entendam da parte financeira, marketing e de cursos de especialização para funcionários.
Há quatro meses, os empreendedores passaram a analisar o mercado que atuam e perceberam que a população negra, público alvo do serviço oferecido, busca a diversidade de apresentar seu estilo, sua beleza, sua cultura e, por isso, querem ser referência nas tranças. Além de oferecer serviços, o local comercializa produtos de cabelo, de manutenção e cosméticos. Alguns fios usados na Tranças África também vem da China, o que prova o quanto a demanda é intensa. “Nos descobriram, as indústrias passaram a enxergar que existe um público, que é negro e consome muito”, avalia Elisa. O serviço de tranças parte de R$ 35,00, podendo chegar a R$ 250,00. 
CLAITON DORNELLES /JC