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Conjuntura

- Publicada em 10 de Janeiro de 2018 às 22:09

Inflação e Selic ajudaram economia, diz Banco Central

O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse ontem que 2017 foi um ano com performance macroeconômica muito boa, com queda forte na inflação, que encerrou o ano em 2,95%. "Essa queda substancial na inflação levou a uma queda consistente na taxa de juros. Isso, combinado com outros fatores, propiciou a retomada da economia através do aumento do poder de compra e do consumo. Com isso a economia reencontrou seu rumo após dois anos de recessão", avaliou.
O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, disse ontem que 2017 foi um ano com performance macroeconômica muito boa, com queda forte na inflação, que encerrou o ano em 2,95%. "Essa queda substancial na inflação levou a uma queda consistente na taxa de juros. Isso, combinado com outros fatores, propiciou a retomada da economia através do aumento do poder de compra e do consumo. Com isso a economia reencontrou seu rumo após dois anos de recessão", avaliou.
Goldfajn reforçou que a inflação do ano passado foi uma das mais baixas da história, enquanto os juros caíram para o seu menor patamar histórico. "Esperamos que a retomada da economia continue este ano", completou.
O presidente do Banco Central disse que a volta da inflação para a meta de 4,5% em 2018 está relacionado com a retomada da economia e o crescimento do emprego. "Para nós é normal haver essa volta porque ela está associada ao crescimento. Ela não atrapalha o crescimento da economia, mas está associada a ele", respondeu.
O presidente do BC citou que houve reação dos preços dos alimentos em dezembro e avaliou que isso mostra por que a autoridade monetária precisa ter cuidado ao reagir a choques de alimentos. "Por isso o BC deve deixar os preços de alimentos caírem ou subirem, e controlar o resto dos preços", explicou.
O BC enviou nesta quarta-feira uma carta aberta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para explicar por que a inflação de 2017 ficou em 2,95%, abaixo do piso da meta, de 3,0%. "Vamos prestar contas continuamente, independentemente de o IPCA ficar dentro ou não dos limites da meta", acrescentou.
Questionado se o BC não demorou a cortar os juros, já que a inflação se mostrou mais baixa que o piso da meta, Goldfajn argumentou que a atuação mais conservadora da autoridade monetária no início do ciclo de queda da Selic permitiu a queda no IPCA. "Devido à firmeza da política monetária é que a inflação caiu. Não houve atraso na redução de juros", rebateu.
Goldfajn reforçou que inflação baixa é algo bom e que o objetivo é manter a inflação baixa neste e nos próximos anos. "Inflação baixa é bom, e não tem nada de errado nisso. Vamos comemorar a queda da inflação e trabalhar para mantê-la baixa", afirmou.
Questionado sobre o fato de a inflação de dezembro ter sido maior que a esperada pelo BC, Goldfajn afirmou que os preços de alimentos e gasolina serão mais voláteis mês a mês. "Vamos olhar qual será a tendência da inflação daqui para frente", respondeu.
Ele ainda explicou que, pela metodologia científica, poderia haver o arredondamento da inflação de 2017 de 2,95% para 3,0%, cumprindo assim o piso da meta do ano passado. "Poderíamos usar esse arredondamento, talvez outros usariam, mas isso não seria um benefício para nós", afirmou.
Goldfajn disse que a economia brasileira começou a sair da recessão após a mudança das expectativas. "A mudança na inflação é que nos ajudou a sair da crise", afirmou. "E as expectativas foram muito relevantes para controle da inflação", completou.
Ele comentou ainda que o câmbio é uma variável relevante para a inflação, mas avaliou que não teve peso importante na inflação de 2017. Segundo o presidente do BC, o câmbio não é um instrumento de controle da inflação.
"A inflação foi mais baixa no ano passado por conta de expectativas e dos preços de alimentos, não tanto por causa do câmbio. O balanço de pagamentos é hoje muito confortável e temos estoque de swaps menor. Para frente, vamos continuar monitorando o câmbio", afirmou.
Questionado sobre se a meta de IPCA não deveria desconsiderar os preços dos alimentos, focando apenas os núcleos de inflação, Goldfajn respondeu que o BC, de certa forma, já olha a tendência da inflação.
 

Sem choque de alimentos, resultado de 2017 ficaria no centro da meta do governo

Em carta ao ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, o presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, justificou que a inflação oficial do ano passado ficou abaixo do piso da meta principalmente por conta da forte queda no preço dos alimentos. O objetivo para 2017 era de 4,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
No texto, divulgado ontem, Goldfajn afirma que o choque dos alimentos representou 83,9% do desvio do IPCA verificado em 2017, que foi de 2,95%, em relação ao piso da meta para o ano, de 3%. O texto lembrou que a queda de preços do grupo "alimentação no domicílio" foi de 4,85% no ano passado, a maior deflação da série histórica do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), iniciada em 1989.
Se esse grupo for excluído dos dados, a inflação chegaria a 4,54%, "valor muito próximo à meta de inflação para 2017". "O comportamento dos preços de alimentos refletiu, preponderantemente, as condições de oferta, que permitiram níveis recordes de produção agrícola", afirma Goldfajn na carta.
O presidente do BC explicou que a autoridade monetária não reagiu a essa redução com elevação de juros porque não cabe ao banco inflacionar os preços sobre os quais têm mais controle para controlar choque no preço de alimentos. "O Banco Central do Brasil seguiu os bons princípios no gerenciamento da política monetária e não reagiu ao impacto primário do choque. Não cabe inflacionar os preços da economia sobre os quais a política monetária tem mais controle para compensar choques nos preços de alimentos", destacou na carta.
Goldfajn ainda afirmou que a inflação já se encontra na direção da meta para 2018, que também é de 4,5%, com intervalo de tolerância para cima e para baixo. De acordo com o presidente do BC, as projeções do mercado já apontam que, no final do primeiro trimestre deste ano, a inflação atingiria 3,2%, "situando-se, portanto, acima do limite inferior do intervalo de tolerância da meta".
"Portanto, o BC tem tomado as providências para que a inflação atinja as metas para a inflação estabelecidas pelo CMN, de 4,5% para 2018, 4,25% para 2019 e 4% para 2020. O processo de flexibilização monetária continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação."

Descumprimento de meta para baixo acontece pela primeira vez

Esta foi a primeira vez que o presidente do Banco Central (BC) tem que explicar o descumprimento da meta de inflação "para baixo" desde que foi criado o sistema de metas, em 1999. A meta de inflação é de 4,5%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima e para baixo.
Por isso, se a inflação fica abaixo de 3%, o BC tem que justificar o motivo do descumprimento do objetivo fixado pelo próprio governo, além de detalhar quais as providências tomadas para que a inflação volte ao patamar fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).
Isso tem que ser feito através de uma carta do presidente do Banco Central ao presidente do CMN, que é o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Desde 1999, a inflação ficou fora dos limites fixados em 2001, 2002, 2003 e 2015, mas sempre em um cenário de variação de preços excessiva, nunca o contrário. A última vez que essa banda não foi cumprida, em 2015, a inflação oficial ultrapassou os 10% no final do ano. O teto era de 6%.