Corrigir texto

Se você encontrou algum erro nesta notícia, por favor preencha o formulário abaixo e clique em enviar. Este formulário destina-se somente à comunicação de erros.

Cultura

- Publicada em 08 de Janeiro de 2018 às 08:20

Debora Bloch protagoniza produções que retratam o Brasil atual

Na pele de Gilda, Deborah Bloch reclama da política e da censura nas artes em minissérie da Globo

Na pele de Gilda, Deborah Bloch reclama da política e da censura nas artes em minissérie da Globo


RAMÓN VASCONCELOS/REDE GLOBO/DIVULGAÇÃO/JC
Envolvida em dois trabalhos que tratam dos problemas crônicos do Brasil atual - a minissérie Treze dias longe do sol, que estreia hoje na Globo, às 22h20min, e a supersérie Onde nascem os fortes, em fase de gravação, na Paraíba -, Debora Bloch é uma atriz em constante ação.
Envolvida em dois trabalhos que tratam dos problemas crônicos do Brasil atual - a minissérie Treze dias longe do sol, que estreia hoje na Globo, às 22h20min, e a supersérie Onde nascem os fortes, em fase de gravação, na Paraíba -, Debora Bloch é uma atriz em constante ação.
Depois de se destacar no elenco da minissérie Justiça, ano passado, já voltou ao set para gravar a produção que vai ao ar na televisão aberta a partir de hoje. E ainda planeja viajar pelo Brasil com uma peça em 2018.
A minissérie é uma coprodução da Globo com a O2 Filmes e narra a luta pela sobrevivência de nove pessoas soterradas em um prédio que desabou, enquanto alguns dos responsáveis pelo acidente tentam se livrar da culpa pela tragédia do lado de fora da construção.
Em 10 episódios, a minissérie tem em seu elenco nomes como Selton Mello e Carolina Dieckmann, e já está disponível para streaming no Globo Play. Gilda, a personagem de Debora, é a diretora financeira da construtora responsável pela obra e aliada do engenheiro Saulo (Mello), que desviou parte da verba da construção. "Infelizmente, Gilda é um personagem que a gente conhece, fala do Brasil que vivemos, de coisas que acontecem na nossa esquina", ressalta ela, que diz não ter se inspirado em ninguém para a composição do personagem. "Mas Gilda é prepotente, acha que pode controlar tudo, mas perde o controle, como Sérgio Cabral e a mulher dele, por exemplo."
Além da minissérie, a atriz será vista em abril como Rosinete, mulher do poderoso empresário Pedro Gouveia (Alexandre Nero), na supersérie Onde nascem os fortes. Escrita por George Moura e Sergio Goldenberg, com direção artística de José Luiz Villamarim, a trama se passa em um sertão moderno e conectado, mas ainda ligado às tradições e a um sistema corrupto. A personagem da atriz é uma mulher traída pelo marido, que enfrenta a doença da filha.
"Trabalho no teatro desde os 17 anos, e na TV desde os 18. É difícil encontrar papéis novos em uma carreira longa. O Zé coloca o ator em situação de risco, te vê em um lugar que as pessoas não te viram. Nem todo diretor me escalaria para fazer uma mulher do sertão, tenho o tipo físico de gringa", destaca a atriz, que achou o papel muito interessante. "Ela sabe que é traída pelo marido, tem uma filha com uma doença autoimune... pratica corrida, mas corre rezando, como uma forma de escapismo e sacrifício. É presa aos valores tradicionais."
Debora também ressalta já ter passado por momentos da carreira em que não estava fazendo papéis tão instigantes. "Hoje, sinto que sou uma atriz melhor do que aos 20 anos, não tenho a menor dúvida", destaca, apontando que as mulheres de sua geração são interessantes, potentes, e podem ser sexies e atraentes. "Ao ver Rita Lee dando entrevista, penso: 'Quero chegar aos 70 assim, moderna, livre, louca e maravilhosa'", projeta a atriz, cujos planos incluem viagens com a peça Os realistas.
Já em relação ao panorama político, Debora acredita que o momento é grave. "Há coisas que estavam escondidas estão aparecendo agora; acho saudável ver isso, ver pessoas sendo punidas. Mas não há uma verdadeira transformação. Nem todos os culpados são punidos, temos o mesmo Congresso que sustenta um sistema político corrupto e perverso", frisa ela, que cresceu sob a ditadura militar. "Nunca pensei que iríamos retroceder, voltar tão atrás nessa onda conservadora. E isso surge a partir da ignorância, o Brasil não investiu em educação."
A artista ainda afirma que há uma onda conservadora na sociedade e que pessoas opinam em um lugar de ignorância. Diz nem conseguir discutir a acusação de pedofilia em torno da performance La bete - apresentada no Museu de Arte Moderna de São Paulo, em setembro passado, quando uma criança, acompanhada da mãe, tocou o pé do artista Wagner Schwartz, que estava nu.
"Acho tudo isso inconsistente, ignorante e atrasado. As pessoas estão com uma necessidade de buscar bodes expiatórios", considera ela. "O mais grave é que a pedofilia mesmo não está sendo discutida, assim como o estupro e outros problemas reais. Ninguém está preocupado. Senão, as pessoas estariam gritando na internet contra a prostituição infantil, que está na nossa cara", finaliza.
Conteúdo Publicitário
Leia também
Comentários CORRIGIR TEXTO